Lista D quer recuperar “ADN de ter de lutar contra tudo e contra todos”
O movimento ‘Por um Porto Insubmisso, Eclético e Triunfante’, que apresentou uma lista autónoma ao Conselho Superior do FC Porto, pretende que os dragões recuperem uma ‘voz’ que têm vindo a perder nos últimos anos.
Em entrevista ao Bancada, o porta-voz da lista D às eleições do FC Porto, Avelino Oliveira, sustentou que “o ADN” azul e branco é “muito decalcado do espírito da cidade Invicta”, que se orgulha “de não ter medo, de ter de lutar contra tudo e contra todos”.
“Defendemos que o FC Porto deve ser a voz mais ativa na defesa do desporto, com isenção, transparência, sem hesitações e na senda do que o clube fez e que o levou a ser a voz mais importante na luta contra poderes ocultos, quer no desporto, quer no país”, frisou.
“Parece-nos fundamental que esse ADN não se perca e, mais do que isso, queremos que esse espirito insubmisso se recupere”, reforçou este elemento da candidatura.
No plano financeiro, Avelino Oliveira reconheceu que o Conselho Superior não tem competências de gestão, mas salientou que, sendo um órgão consultivo, pode assumir um “papel preponderante no debate, na busca e na recomendação de soluções que assegurem a sustentabilidade do clube, sem condicionar o potencial de sucessos desportivos”.
Uma dessas recomendações é a separação, por parte das candidaturas à direção da SAD e do clube, “do financiamento do futebol das demais atividades desportivas”, algo que os membros da lista D não têm “observado nas várias intervenções” das outras listas.
“É fundamental assegurar a total independência das finanças da SAD quanto às do clube”, insistiu, admitindo que algumas propostas das outras listas “parecem fazer sentido”, como a redução dos custos salariais, uma gestão atempada das renovações dos contratos dos jogadores e o aproveitamento da formação.
Falta, no entanto, uma “explicação” que para a lista D é “extremamente importante”: identificar “com clareza quais os apoios (e garantias) financeiros que reúne e quem será o responsável pela implementação e gestão dessas medidas de restruturação financeira”.
“De nada valem boas ideias se as pessoas e garantias a apresentar não merecem a confiança de financiadores”, explicou o porta-voz, frisando ainda que as outras candidaturas devem assumir o compromisso “de que a SAD continuará a ser maioritariamente detida e controlada pelo clube”.
O movimento, que concorre apenas ao Conselho Superior, o órgão consultivo do FC Porto, pretende que a Comissão de Remuneração defina critérios para os prémios não só dos administradores da SAD, como também dos órgãos sociais do clube.
“Na medida do possível, a política de remunerações deve ser indexada ao desempenho individual e não premiar (ou penalizar) a todos por igual. Por exemplo, parece-nos evidente que os sucessos desportivos nas modalidades devem premiar os responsáveis diretos, independentemente dos insucessos a nível do futebol, e vice-versa. E, claro, que bons resultados a nível de gestão financeira e comercial também se reflitam na componente remuneratória de quem tem essas responsabilidades”, explicou Avelino Oliveira.
“O universo FC Porto é uma das mais importantes entidades económicas (e até empresariais) do país. Tem de estar na vanguarda também no que à política de remunerações diz respeito. Defendemos que a política de remunerações deve ser, antes de tudo, equilibrada (financeiramente), ajustada aos pressupostos desportivos (um FC Porto triunfante) e não um fator de divisão ou desconfiança dos sócios”, reforçou.
Nestas eleições do FC Porto, o movimento ‘Por um Porto Insubmisso, Eclético e Triunfante’ apresenta-se como “a mais altruísta de todas as candidaturas”, pois é a primeira vez que “um grupo grande de sócios se candidata ao clube sem a pretensão de o dirigir, mas sim de colaborar livremente com quem os sócios elegerem”.
“Somos um grupo que veio para debater, para contribuir, para ajudar o clube, sem nada pedir em troca. E isso é algo único nos clubes portugueses, só o FC Porto tem sócios assim. Não nos julgamos especiais, mas acreditamos que são muitos como nós, dispostos a ajudar o FC Porto a ser melhor. E o FC Porto tem que melhorar, adotando as medidas que se exigem”, acrescentou.
A lista D concorre apenas ao Conselho Consultivo por entender que este “é o órgão por excelência para preparar estas medidas estruturais, que vão para além do caso do momento”.
“Queremos transformar um órgão social decorativo num verdeiro motor do clubismo eclético de afirmação de portismo. E só um Conselho Superior com gente empenhada pode cumprir este papel. Nós somos e seremos insubmissos na defesa dos interesses do FC Porto”, concluiu Avelino Oliveira.
Para além da lista D, que só concorre ao Conselho Consultivo, vão a votos no FC Porto as candidaturas encabeçadas por Pinto da Costa (lista A), Nuno Lobo (lista B) e José Fernando Rio (lista C).