Portugal
"Daqui a pouco vamos andar todos à porrada", teme Carvalhal
2021-04-28 13:50:00
Treinador do SC Braga apela à serenidade e pede outro tipo de comportamento entre treinadores

Carlos Carvalhal entende que o futebol português terá de travar rapidamente o rumo que está a tomar no que toca a conflitos, trocas de palavras e mesmo agressões. O treinador do SC Braga lamenta os episódios verificados na última jornada no Minho onde, primeiro, em Braga, Rúben Amorim e Hugo Viana trocaram argumentos com um comentador da televisão oficial do SC Braga e, depois, em Moreira de Cónegos a estrutura portista abordou o árbitro após o jogo e, no exterior, um jornalista foi agredido por um empresário de futebol.

"Não há proposta que valha... Os treinadores não podem ser inimigos. Não há multa que vá resolver isto", disse Carlos Carvalhal, lamentando que estas situações ocorram nesta temporada "de forma regular" e pedindo que se altere o rumo, lembrando o futebol das décadas passadas. "Fui educado no sentido de haver um respeito muito grande entre os profissionais de futebol. Lembro-me do exemplo de Vítor Oliveira", recordou Carlos Carvalhal.

E acrescentou: "O futebol em que cresci, do Manuel José, do Vítor Oliveira, do Quinito, isto era completamente impossível. Pode haver uns 'mind games' antes dos jogos, tudo bem, mas as provocações não são normais."

Carlos Carvalhal salientou ainda que teme que algo de pior possa acontecer. "Se continuamos assim, daqui a pouco vamos andar todos à porrada", destacou, dizendo que também entra nesta 'equação'.

"Estou a dizer isto e não me coloco de fora, também estou incluído no lote", declarou o treinador dos guerreiros do Minho, que entende que deverá existir outro tipo de comportamento por parte dos treinadores e lembra o exemplo daquilo que é a realidade inglesa.

"Salvo raras exceções, convivi sempre no final dos jogos com os treinadores adversários, partilhando um copo de vinho e uma conversa. Temos de perceber que quando acaba o jogo já não há nada a fazer".

Aos jornalistas em conferência de imprensa, Carlos Carvalhal fez questão de destacar que não estava a 'puxar as orelhas' a ninguém em particular.

"Não estou a criticar ninguém em especial. O que sei é que não se pode continuar assim. A Liga tem de ser implacável", referiu Carvalhal, dizendo que ele mesmo tomará a iniciativa de falar com a Associação Nacional de Treinadores de Futebol para que ajude a fazer este caminho.

"Da minha parte, vou falar brevemente com José Pereira [presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol], que tem de tomar uma posição", disse o treinador do emblema arsenalista, nesta quarta-feira.

O SC Braga, recorde-se, criticou, na terça-feira, na sua newsletter semanal, o comportamento de "provocação constante e agressividade raivosa" de elementos do Sporting nos camarotes, onde estavam o treinador Rúben Amorim e o diretor desportivo Hugo Viana, que foram, respetivamente, multado e alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, na sequência do jogo.

"Foram ultrapassados limites que devem envergonhar não apenas os autores dos atos em causa, mas também toda a estrutura que os comparticipa e estimula de forma direta ou indireta", pode ler-se.

Assista às declarações a partir dos 4:25