“Eles tinham medo”, revela o ex-guardião belga
O futebol muda ao longo dos anos e o mercado de transferências acompanha essa mudança, tornando os clubes cada vez mais empresas, sendo geridos muitas vezes na lógica empresarial, que visa o lucro e a sustentabilidade. A paixão dos adeptos continua, umas vezes mais ou menos intensa mas sempre presente, mesmo que fisicamente não seja possível nos estádios, como nestes tempos recentes de pandemia. Atualmente, por muita que seja a contestação, rara é a transferência que não se verifica caso todas as condições estejam reunidas. Mesmo que isso desagrade aos adeptos, que gostam sempre de ficar com os ‘melhores’.
Michel Preud’homme, o primeiro belga da história do Benfica, vestiu a camisola do clube lisboeta durante cinco temporadas. Na década de 90, num tempo de poucas alegrias para a ‘nação’ benfiquista, o belga era uma espécie de guardião no último reduto do orgulho encarnado. Ao longo das épocas, o guardião brindou os adeptos benfiquistas com defesas inesquecíveis. Chegado com 35 anos, e considerado o melhor guarda-redes do Mundial de 1994, Preud’homme rapidamente conquistou o coração dos benfiquistas.
As suas exibições, mesmo em idade ‘avançada’ para um jogador de futebol, ainda que guarda-redes, despertaram a cobiça de vários emblemas, entre os quais o Real Madrid.
Só que a transferência para o Santiago Bernabéu não aconteceu, pois a direção do Benfica temia uma ‘revolução’ dos adeptos, caso o belga deixasse o clube encarnado.
Michel Preud’homme conta agora essa história. “Eu gostei de estar no Benfica. Eu era o salvador da equipa todos os fins de semana e a direção pediu-me para que eu não saísse. Eles tinham medo que os adeptos mandassem o estádio abaixo se me deixassem ir para o Real Madrid”, relata o ex-guardião belga.
Michel Preud’homme, que acabaria por pendurar as luvas de águia ao peito, num amigável de pré-temporada em 1999, admitiu que a solução encontrada passou pela renovação até ao fim dos seus dias enquanto futebolistas.
“Entretanto, prolonguei o meu contrato com o Benfica e 12 meses depois, o Real Madrid tornou-se campeão de Espanha e no ano seguinte conquistaram a Liga dos Campeões”, disse Preud’homme, em declarações ao portal Het Laatste Nieuws.
Atualmente, o belga é vice-presidente do Standard Liège. Mas na memória dos adeptos do Benfica ficarão para sempre as 199 aparições oficiais para defender as redes do clube encarnado.
No dia do adeus aos relvados, 80 mil espectadores estavam presentes nas bancadas do velho Estádio da Luz e aclamaram-no de pé. Michel Preud’homme deu a ‘volta olímpica’ no anfiteatro encarnado num momento eternizado na memória benfiquista e do jogador.