Portugal
Bukia, o homem que quis destruir o Benfica, tem um problema com carros
2018-11-23 18:00:00
Marcou um golo, desequilibrou com fartura e colocou o Estádio da Luz com respiração interrompida.

Nesta quinta-feira, o Benfica viu-se grego para ultrapassar o Arouca. Em boa parte, não por causa de um grego, mas de um congolês. Um pequeno rapaz chamado André Watshini Bukia marcou um golo, desequilibrou com fartura e colocou o Estádio da Luz com respiração interrompida, até alívio final, com o golo tardio de Rafa.

O Bancada quis saber quem é, afinal, este jovem Bukia, de 23 anos. É que o rapaz mostrou mesmo bons pormenores. Falámos com Fred Coelho, Rui Magalhães e Miguel Carreira, ex-colegas de equipa, que nos mostraram que Bukia tem uma fixação por um alimento e que chegou a ter, claramente, um problema com carros. Resta saber se já os resolveu. E começamos já por aqui.

Ao Bancada, Fred Coelho conta que Bukia não tinha a carta nem sabia conduzir, mas tinha a mania. Oh se tinha.

Aventura com carros nº1 (serão várias): “Ele tinha sempre a mania de dizer que sabia conduzir, mesmo não tendo carta. Um dia, deixei-o conduzir o meu Smart, que ainda por cima era automático, na estrada junto ao estádio. Ora, foi uma experiência de poucos segundos, visto que o Bukia estava com medo de virar e quase subia um passeio”.

Mas vamos lá saber quem é o craque Bukia. Fred Coelho define-nos o extremo do Arouca como um jogador com “pé esquerdo muito bom – o direito não é tão útil –, velocidade e poder de arranque”. E bate certo com o que se viu no Estádio da Luz, tal foram os problemas que Bukia criou a Corchia e Conti, sobretudo.

Já Miguel Carreira, que também destaca “maturidade acima da média, muita qualidade técnica e muita velocidade”, recorda que Bukia se agarrava demasiado à bola, mas com confiança. E por falar em confiança…

Aventura com carros nº2: “Antes de um jogo, quanto estávamos no estádio, ele quis dar uma pequena volta no carro do clube – sem carta, mas também foi só tirar o carro do sítio, andar 20 metros e voltar a estacionar – e, ao estacionar, quase que bateu no meu carro e em mais dois. Acho que nem ele sabe como é que se desviou”, recorda Miguel Carreira.

Bukia parece ser mesmo assim: confiante. Os ex-colegas falam-nos de um rapaz seguro, brincalhão, bem disposto, humilde e com vontade de crescer no futebol. Rui Magalhães define o craque em duas palavras: classe e requinte. Classe? Requinte? Uma coisa é certa: nem sempre Bukia andou com classe e requinte.

Aventura com bicicletas nº1: “Houve uma altura em que alguém lhe arranjou uma bicicleta e ele andava de bicicleta para todo o lado e com uma coluna de som nas alturas. A direção na altura é que não permitiu que ele fosse para o treino de bicicleta, porque era fora da cidade e ainda era uma subida bastante grande”.

Vamos a um pouco de história, prometendo não maçar com demasiados dados cronológicos. André Bukia nasceu no Congo – na altura, ainda Zaire –, mas veio para Portugal com 16 anos. Começou pelos juniores do Penafiel e pelos do SC Braga, mas começou a carreira sénior no mítico “Bila”, o SC Vila Real.

André Bukia deu tanto nas vistas que foi caçado pelo Boavista e deu um salto do Campeonato de Portugal para a Liga Portuguesa. A experiência foi “assim-assim” e o craque acabou por ser cedido ao Arouca. Aí, sete golos valeram-lhe a contratação em definitivo. E foi isto, até chegar ao Estádio da Luz e colocar o gigante em sentido.

Rui Magalhães recorda que Bukia “só queria comer feijão a todas as refeições. Ele almoçava e jantava no restaurante 22, em Vila Real, e queria sempre feijão”. Feijões à parte, ainda não acabaram as aventuras de Bukia com carros.

Aventura com carros nº3: “Ele queria mesmo conduzir e havia uma carrinha do clube em que eles todos os dias andavam. Certo dia, por insistência, lá se deixou o Bukia conduzir. Ele fez uma reta com cerca de 50/70 metros, sempre em primeira, quase a rebentar com o motor”, conta-nos Fred Coelho.