Portugal
Bruno de Carvalho nota "coincidências" na CMTV nos casos Cashball e Alcochete
2020-11-19 11:25:00
Ex-presidente do Sporting diz ainda que Geraldes é uma figura "sinistra"

Ilibado no processo de ataque à Academia de Alcochete e agora também 'limpo' das suspeitas que contra si recaíam no chamado caso Cashball, Bruno de Carvalho sai a público para dizer que, no célebre dia 15 de maio de 2018, aconteceram "coincidências" desde a capa do Correio da Manhã sobre o Cashball ao momento em que se deu o ataque à Academia e era precisamente a CMTV, do mesmo grupo de comunicação, que tinha as imagens dos atacantes a correrem na direção do centro de treinos e depois recebeu imagens do interior.

O ex-presidente Bruno de Carvalho começa por destacar que olha para André Geraldes, seu antigo 'braço direito' no clube, como uma figura "sinistra" e explica-se.

"Acreditei no André [Geraldes] enquanto pessoa e enquanto profissional. Mas é uma pessoa sinistra", disse, referindo que assim pensa pois o ex-diretor verde e branco "está em todo lado e não está em lado nenhum".

Depois, Bruno de Carvalho fala da tal "coincidência" que envolve o Correio da Manhã e que terá começado logo pela manhã com a capa do jornal que saiu para as bancas.

"O que aconteceu no dia 15 de maio de 2018? Portugal acorda com uma capa de que o Sporting comprava árbitros no andebol. Claro que tinha uma foto minha. No mesmo dia, acontece o ataque a Alcochete", afirmou o ex-presidente do Sporting, em declarações no programa de Youtube Bola na Rede.

Bruno de Carvalho estranha ainda a "coincidência" de ter saído essa matéria "no Correio da Manhã" e de nesse mesmo dia, horas mais tarde, ser o canal do Correio da Manhã, a CMTV, a ter as "câmeras viradas para o sítio onde as pessoas [que atacaram Alcochete] se estavam a juntar, tinha imagens à entrada e recebeu as imagens de dentro do balneário".

"Claramente, pura coincidência", disse Bruno de Carvalho em tom sarcástico, dizendo que foi juntando o "puzzle" e no dia 17 de maio de 2018 viu que saiu no Record "do grupo Cofina" [mesmo grupo da CMTV e Correio da Manhã] uma notícia que estranhou.

"Motard de empresa de entregas apareceu onde André Geraldes estava detido com um sumo e um croissant misto com o pedido a ser feito por Henrique Matos", disse, destacando que "isto passou".

Bruno de Carvalho faz a cronologia dos acontecimentos e refere que horas depois de o motard se apresentar junto do local onde estava detido André Geraldes, o ex-dirigente leonino acabou por sair sob fiança de "60 mil euros".

"O André Geraldes deu depois uma entrevista onde? Na CMTV que fez a capa do Cashball e que fez a entrevista ao arrependido. E foi quem esteve a dar as notícias todas sobre Alcochete. O André Geraldes decidiu ir defender-se à CMTV e onde disse coisas magníficas."

Bruno de Carvalho realça que André Geraldes passou a ser "altamente acarinhado pelo canal que tinha 'promovido a sua detenção' e promoveu a sua defesa a partir de novembro depois de perceber que no caso Alcochete seria testemunha."

O ex-presidente diz ainda que tem em mente que André Geraldes terá equacionado "ser presidente do Sporting e tentou usar a tática usada com Octávio Machado", disse, estranhando nunca ter sido ouvido no processo Cashball e Alcochete, nem nas Assembleias.

"O presidente em funções não foi ouvido. O responsável máximo da instituição não foi chamado. Juridicamente isto não existe. Quem deu estas ordens? Não me quiseram ouvir? Estranho."

Sobre o caso Cashball, recorde-se, Francisco J. Marques já disse que podem estar aí à porta revelações "maquiavélicas" e disse que espera por um "alerta CM".

"Pelos vistos compraram uma determinada informação. Há escutas que o compravam. Estou à espera de um alerta CM sobre as escutas com entrevistas aos protagonistas. Eles trabalham lá os Octávios Ribeiros e as Tânias Laranjos", desafiou o diretor de comunicação do FC Porto.

Na terça-feira, recorde-se, a Tribuna Expresso apresentou mais dados sobre este caso Cashball e revelou ter tido acesso ao relatório final da Polícia Judiciária (PJ), realçando que o empresário Paulo Silva, único arguido do processo, recebeu 30 mil euros do Correio da Manhã, alegadamente com a finalidade de "dar uma entrevista sobre os alegados pagamentos corruptos a árbitros de andebol e jogadores de futebol".

Octávio Ribeiro, diretor do Correio da Manhã, considerou a alegação "uma loucura" e "surreal" e garantiu, em declarações ao Expresso, que "não paga, nem pagou por entrevistas ou declarações".

"Do orçamento do Correio da Manhã não saíram 30 mil, três mil, ou sequer três cêntimos", acrescentou Octávio Ribeiro, à mesma fonte.