Portugal
Brahimi, o sucessor de Madjer a quem lhe faltam títulos no FC Porto
2017-10-26 18:20:00
Bancada ouviu antigos jogadores do clube e todos concordam que o internacional argelino está "diferente para melhor"

"Brahimi é o digno sucessor de Madjer". As palavras são de Pinto da Costa na gala dos Dragões de Ouro, que colocou a fantasia do extremo argelino dos dragões comparável a de uma das maiores lendas do clube, cujo ponto máximo foi a conquista da Taça dos Campeões Europeus e a Taça Intercontinental, em 1987. Bancada foi ouvir antigos jogadores dessa campanha épica dos dragões e todos estão de acordo com o presidente do FC Porto. Brahimi é um digno sucessor de Madjer, ao herdar a magia argelina do antigo jogador portista, mas falta-lhe conquistar títulos para atingir o estrelato da antiga lenda do futebol azul e branco.

"Quando penso em sucessor, penso na forma de jogar dos dois. Para Brahimi ser melhor do que Madjer tem de ganhar títulos, campeonatos, taças, a Liga dos Campeões, como Madjer fez", refere Augusto Inácio, antigo lateral esquerdo do FC Porto presente na histórica final de Viena celebrizada com um golo de calcanhar de Madjer que deu início à conquista da então Taça dos Campeões Europeus, diante o Bayern, assim como na conquista da Taça Intercontinental, e que privou vários anos no balneário com Rabah Madjer.

Os títulos de Madjer falam por eles em comparação com a 'seca' de Brahimi que vai para a quarta época no FC Porto sem ainda ter conquistado um título. Durante seis temporadas de dragão ao peito, Madjer conquistou três campeonatos nacionais, duas taças de Portugal e duas supertaças, uma Taça dos Campeões Europeus, uma Taça Intercontinental, uma supertaça europeia e uma Taça das Nações Africanas.

Inácio aceitou o desafio de comparar os dois do ponto de vista futebolístico. "Brahimi é um grandíssimo jogador. Madjer era mais incisivo para o golo, mas os dois tecnicamente são fortíssimos. Talvez em termos táticos, Brahimi possa evoluir mais do que Madjer. Madjer trabalhava muito menos na recuperação da bola, mas quando a tinha nos pés fazia a diferença".

Paulo Futre não tem dúvidas. "Brahimi é um fora de série, daqueles que se paga sempre um bilhete só para o ver jogar. É um jogador que num dia inspirado é intratável, ninguém o pode parar. Quando ele está bem, o FC Porto normalmente ganha. O ano passado, quando não jogava, o FC Porto tinha mais dificuldades em ganhar". Concordando com a frase de Pinto de Costa, o antigo extremo dos portistas refere, no entanto, que Madjer "está no top dos tops, é o jogador mais completo de sempre com quem tive o privilégio de treinar e de jogar. A primeira vez que o vi num treino do FC Porto fiquei de boca aberta. Eu e os meus companheiros. 'Mas quem é este jogador', questionámos todos'. Logo ali se via a sua qualidade tremenda", conta.

Tanto Inácio como Paulo Futre avaliam um Brahimi para melhor esta temporada. "Além de ter tarefas defensivas, já não está tão individualista. Antes jogava mais para ele próprio do que para a equipa. Agora já joga ao primeiro toque para os companheiros de equipa. Está mais objetivo, é um jogador mais completo", argumenta Augusto Inácio enquanto Futre observa um Brahimi "mais confiante, mais solto".

Jaime Magalhães, antigo extremo do FC Porto e companheiro de Madjer nos dragões, concorda que esta época Brahimi está num momento de forma muito superior ao da época transata mas acha que o atual selecionador da Argélia era muito mais jogador. "Madjer era um craque, tanto jogava com o pé esquerdo como com o pé direito. Era um fora de série". Quanto a Brahimi, "tem os seus momentos, não é um jogador regular", argumenta. "O Madjer era certinho, não vacilava. O Brahimi tem muita qualidade, mas ora faz coisas extraordinárias ora no jogo a seguir não está tão bem. Passa muito depressa do oito ao oitenta", argumenta.

Madjer entregou o prémio de futebolista do ano a Brahimi (foto Instagram/FC Porto)