Portugal
Bloco central, futebol vertiginoso e consolidação do 4x3x3
2018-02-17 21:05:00
Rúben Dias e Jardel deram vantagem ao Benfica, um autogolo e Jiménez fecharam o resultado. Jonas falhou um penálti

Noite de goleada na Luz com o Benfica a quebrar a série de uma vitória e dois empates do Boavista diante os encarnados, com uma boa exibição. Uma vitória simples e justa, de quem mais dominou, de quem foi melhor e provou estar a atravessar um bom momento, como tem vindo a anotar Rui Vitória. Dois golos em cada parte. Os dois centrais, Rúben Dias e Jardel marcaram antes do intervalo, na sequência de cantos, um autogolo e um golo de Jiménez ao cair do pano fecharam o resultado. O Benfica volta assim a subir, à condição, ao primeiro lugar, numa noite em que deu para ver que o novo sistema tático dos encarnados, o 4x3x3, mais do que consolidado está a cada jogo que passa mais oleado.

Na solidez e dinâmica do 4x3x3, que parece estar a consolidar-se de jogo para jogo, e que hoje até superou a noite menos inspirada de Jonas, uma ala esquerda de bom nível está a crescer de jogo para jogo na Luz. Grimaldo, Zivkovic e Cervi, sobretudo este, foram determinantes para a boa exibição dos encarnados. Três jogadores que estão sempre a procurar soluções ofensivas e a ganhar a linha de fundo com frequência.

O início do jogo ficou assinalado pela entrada vertiginosa do Benfica, com combinações curtas e sempre em progressão, e muito forte nas marcações a meio-campo a não deixar o Boavista sair em ataque planeado, mas também pelo pontapé de penálti que Jonas, com um remate denunciado, desperdiçou. O Benfica não acusou o toque, manteve a mesma bitola e três minutos depois chegou ao golo, na sequência de uma bola parada. O Boavista defendia bem e não descurava o contra-ataque, mas o meio-campo encarnado tudo estancava.

A jogada do primeiro golo começou num canto, de Cervi, Jardel surgiu ao segundo poste e colocou a bola na pequena área onde surgiu Rúben Dias a finalizar de cabeça, sem hipótese de defesa para Vagner. O bloco central da Luz dava o primeiro sinal. A acabar a primeira parte, trocaram-se os papéis dos protagonistas. Novamente um canto de esquerda do ataque do Benfica batuido por Cervi e Jardel a voar entre os centrais Rossi e Henrique e cabecear para o 2-0 com que a equipa de Rui Vitória foi o intervalo.

Uma vantagem justa, face à superioridade dos encarnados. O Boavista só apresentou argumentos defensivos, resistindo à avalanche das ofensivas do Benfica. Bruno Varela foi um mero espetador na primeira parte. É verdade que entre o golo de Rúben Dias e o 2-0, o Benfica abrandou o ritmo de jogo, mas nos últimos quinze minutos voltou a dar um apertão ao Boavista, voltou ao ritmo frenético do iníciode jogo, acabando por chegar ao segundo tento. Antes, PIzzi por duas vezes esteve muito perto de marcar.

O resultado ao intervalo era justo. Benfica com muita dinâmica, a jogar sempre no meio-campo adversário, a criar oportunidades e amarcar dois golos, curiosamente, na sequência de cantos na esquerda. O Boavista não conseguiu criar nenhum lance de perigo junto à baliza de Varela.
Jorge Simão fez duas mexidas para a segunda parte mas sem alterar a estrutura da equipa. O Boavista esteve mais atrevido, mais subido no terreno e a chegar mais vezes junto à área do Benfica. Yusupha e Mateus estiveram muito perto do golo. O Benfica tinha tirado o pé do acelerador, mas controlava o jogo. Rui Vitória trocava Rafa por Diogo Gonçalves para dar mais velocidade ao corredor direito, Jorge Simão respondia com a troca de Fábio Espinho, exibição apagada, por Rochinha.

O terceiro golo do Benfica, aos 77 minutos, surgiu numa altura em que a equipa encarnada já tinha tirado o pé do acelerador e limitava-se a gerir a vantagem. O Boavista surgiu mais perigoso nesta segunda parte e a criar lances de apuro para a defesa adversária. Um autogolo de Henrique acabaria com todas as dúvidas. Se é que as houvesse. E ainda deu para o quarto golo, por Raúl Jiménez, num lance de processos simples, mexicano que poucos minutos antes tinha entrado para o lugar de Jonas que um dia antes motivara uma troca de palavras entre os dois treinadores. Jorge Simão não acreditava que Jonas não jogasse, e Rui Vitória escondeu o jogo apenas dizendo que o brasileiro estava convocado. Jonas jogou mesmo, não marcou, falhou um penálti, mas hoje o coletivo superou a noite ineficaz do brasileiro.