O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, continua em ‘blackout’, como forma de protesto contra o mais recente castigo de que foi alvo por parte do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol, na sequência da expulsão no final da partida com o Moreirense, para a 29.ª jornada da I Liga. Um castigo do qual o técnico recorreu para os tribunais, com o efeito suspensivo da providência cautelar a permitir que estivesse no banco no clássico de quinta-feira com o Benfica (1-1), para a 31.ª jornada.
Sérgio Conceição esteve no banco da Luz, mas no final do encontro não compareceu na entrevista rápida à operadora responsável pela transmissão televisiva do encontro (no caso, a BTV). O treinador delegou essa análise ao encontro ao adjunto Vítor Bruno. De seguida, ficou a aguardar-se que Sérgio Conceição comparecesse na sala de imprensa para uma análise mais aprofundada. Só que, ao contrário do que acontece na ‘flash’, a presença na conferência de imprensa não era obrigatória. Nem Sérgio Conceição, nem Vítor Bruno compareceram.
A posição tomada por Sérgio Conceição já tinha sido feita anteriormente por outros treinadores. O mesmo se passou noutros clubes. Quando acontece um protesto deste género, voltam as conversas sobre eventuais penalizações. “Andamos a falar deste tipo de situações há vários anos. Há vários anos que andamos a falar com este tipo de faltas de respeito com o desporto, que neste caso é o futebol”, lembrou Nuno Gomes.
Quem sai a perder com estes ‘blackouts’ são os adeptos, frisou o antigo internacional português. Sem as explicações dos treinadores nas conferências de imprensa, há substituições ou incidentes que não se entende porque ocorreram. Sem técnicos para ‘falar de futebol’, ganham atenção outros acontecimentos, muitas vezes sem qualquer relação direta com a partida.
“Isto não tem que ver com rivalidades entre grandes. Tem que ver com um campeonato que nós queremos que seja mais competitivo, mais agradável, com equipas a jogar mais futebol e com exemplos de como os intervenientes e agentes do futebol se devem comportar”, frisou Nuno Gomes, num comentário para a TVI24.
Se o futebol não é capaz de se autorregular, terão de ser as autoridades a impor medidas, defendeu o ex-avançado do Benfica (entre outros clubes). Afinal, os treinadores são um exemplo social para inúmeros jovens (e não só), pelo que estes maus comportamentos deviam ser evitados. “É preciso que o Governo tome uma atitude, para termos uma competição a sério”, insistiu.
Com a experiência da passagem pelo Blackburn Rovers, onde terminou a carreira, Nuno Gomes apontou o exemplo da Premier League, apontada por muitos como o melhor campeonato do mundo. “É uma organização independente, que tutela o campeonato inglês, do qual os clubes ingleses fazem parte. São eles que determinam as regras, mas as regras são diferentes das nossas. Seria impossível um treinador de uma equipa inglesa faltar a uma conferência de imprensa”, garantiu.
Recorde-se que na jornada anterior (30.ª), com o Famalicão, Sérgio Conceição também não compareceu na conferência de imprensa. O treinador do FC Porto também não tem feito as habituais antevisões dos jogos desde que o CD aplicou um castigo de 21 dias, devido à expulsão em Moreira de Cónegos.
