As eleições no Benfica ainda não foram marcadas, mas já há movimentações de associados no sentido de apresentar uma alternativa a Rui Costa, o dirigente que assumiu a liderança das águias na sequência da saída de Luís Filipe Vieira. Ao anunciar que o movimento Benfica Bem Maior “já escolheu” o candidato que vai encabeçar a lista, João Braz Frade contestou o “revisionismo” de quem quer apagar Vieira da história das águias.

“A gente não pode apagar da história as coisas que aconteceram, não faz sentido. Esse revisionismo histórico que por vezes existe na política não faz muito sentido no futebol. Apagar da história do Benfica um presidente que lá esteve 20 anos não é coisa fácil. Nem Vale e Azevedo apagaram”, afirmou o antigo vice-presidente das águias, quando associava as declarações de Rui Costa sobre o empréstimo obrigacionista ao ato eleitoral que se avizinha.

“Desportivamente, os últimos anos foram desastrosos, mas há coisas no passado que foram positivas. Em 117 anos, foi o único tetra que nós temos. Luís Filipe Vieira foi um presidente que construiu património relevante e que devolveu alguma dignidade ao clube. Nos últimos anos, infelizmente, o caminho não foi o melhor”, acrescentou o ex-dirigente, em declarações á CMTV.

O elogio de Braz Frade à obra de Vieira surgiu já depois do antigo vice-presidente ter anunciado que o movimento Benfica Bem Maior já escolheu o cabeça de lista para as próximas eleições.

“Até estou à vontade porque nós vamos apresentar uma candidatura para concorrer com o Rui Costa. Já está escolhido, vamos apresentá-lo, ainda não é público. Ainda nem há eleições marcadas, quando houver...”, afirmou, recusando os desafios dos outros participantes no programa para revelar o nome.

"Não confirmo nem desminto", afirmou, quando questionado se o cabeça de lista será António Viana Batista, acrescentando que "é um grande gestor", com "destaque internacional". "Nesta fase não posso desmentir nem confirmar absolutamente nada", complementou.

Convencido de que "vão aparecer muitas candidaturas", Braz Frade antecipou uma "mudança de ciclo" e considerou que Rui Costa e Noronha Lopes partem "em vantagem" face a outros candidatos: "O Rui Costa, por razões óbvias, está lá e tem ligação ao Benfica, e o Noronha, que teve 30 por cento. Ele disse que não se candidatava, mas pode avançar porque há uma diferença grande".

"As eleições do Benfica vão ter uma diferença muito grande, porque em outubro havia dois campos bem divididos, a favor e contra Vieira. Da última vez apareceram cinco candidaturas, depois três chegaram às eleições. Estou convencido que desta vez vão aparecer mais", justificou.

Para o ex-dirigente, o facto de ter sido Rui Costa a comentar o sucesso do empréstimo obrigacionista, em vez de Domingos Soares de Oliveira, mostrou que o presidente do Benfica se está a “posicionar” para concorrer às próximas eleições.

“Acho normal que o Rui Costa faça isto. As pessoas dizem que ele é mais para a área desportiva e menos para a área de gestão, ele tenta posicionar-se de outra maneira, não é nada do outro mundo. Acharam que era melhor ser o Rui Costa, tudo bem. Normalmente não seria o presidente Luís Filipe Vieira. Acho que Rui Costa até esteve bem na apresentação da coisa”, considerou.

“Eles já anunciaram que vai haver eleições, é normal que o Rui Costa se posicione para as eleições apresentando uma faceta que não é tão conhecida dos sócios, que é a faceta de gestor”, insistiu: “Se o Rui Costa se perfila como candidato é normal que aproveite estas oportunidades de comunicação para se posicionar de outra forma. Toda a gente o conhece como diretor desportivo, como ex-futebolista ou como responsável pelo futebo, é normal que queira mostrar outra faceta”.

Sobre o empréstimo obrigacionista, Braz Frade salientou que “o Benfica pediu e conseguiu os 35 milhões de euros”, apesar da operação ter coincidido com a detenção e renúncia de Vieira.

“Já viram o Benfica atrasar um pagamento? Não, o Benfica paga tudo a horas. Até adiantou o pagamento aos credores obrigacionistas. Eu sei que há quem queira destruir o clube, mas não vão contar comigo para isso. Não contem comigo para esse peditório”, finalizou João Braz Frade.