De tarefeiro no Dragão a diretor desportivo do PSG, a ascensão do ex-administrador da Sad do FC Porto
Antero Henrique, 49 anos, chegou ao FC Porto em 1990 como simples tarefeiro, ajudando na renovação de associados. Subiu a pulso na hierarquia do Dragão até número dois de Pinto da Costa. Muitos dizem que só lhe falta a cadeira do poder. Enquanto esse dia não chega, vai fazer o ‘mestrado’ em Paris, onde foi esta sexta-feira anunciado como novo diretor desportivo do Paris Saint-Germain.
Vir de baixo e ter-se tornado uma pessoa de confiança de Pinto da Costa foram vantagens que todos com quem ele privaram reconhecem que o ajudaram a subir na hierarquia do FC Porto, para além de uma personalidade própria. Pouco dado a mediatismo, contam-se pelos dedos as entrevistas ou declarações públicas. Construiu o percurso com paciência. Subiu a coordenador da revista do clube antes de passar a assessor de imprensa. Mais tarde é promovido a director das Relações Externas. Com o despoletar do Apito Dourado, em 2004, aproxima-se de Pinto da Costa, e no ano seguinte sobe mais um degrau, passando a diretor desportivo. O sucesso na política da gestão desportiva, e a forma discreta como consegue criar mais-valias, faz com que se torne, em definitivo, o braço direito do presidente.
“O sucesso do FC Porto assenta em três pressupostos: recrutamento, desenvolvimento e rendimento”, afirma em 2012, numa das raras entrevistas, à revista francesa France Football. Pepe, Hulk, Lucho, Lisandro López, James Rodríguez, João Moutinho, Falcao, Jackson Martínez e Raul Meireles, entre outros, são exemplos de jogadores que renderam desportiva e financeiramente no clube portista
No plano desportivo, Antero Henrique comemora o tetra em 2009, e depois de um título do Benfica festeja o tri em 2013, reforçando a ascensão na SAD portista onde sobe a CEO e torna-se vice-presidente do clube. Começa a crescer cada vez mais a ideia de que Antero perfila-se como o sucessor de PC.
Em Setembro de 2016 decide, no entanto, anunciar a saída do FC Porto, apanhando muita gente de surpresa. O episódio da contratação de Julen Lopetegui, por decisão imposta de Pinto da Costa quando Antero pretendia Marco Silva, resfria as relações entre os dois, e a constituição de arguido na operação lançada pela PSP e pelo Ministério Público para investigar seguranças ilegais e casos de violência na noite (‘Operação Félix’), acabam por levar Antero Henrique a bater com a porta no Dragão.
Nove meses depois, o tarefeiro que subiu vertiginosamente na hierarquia do dragão, e tantas vezes apontado como o delfim de Pinto da Costa, ruma à Cidade Luz para traçar uma nova política desportiva no Paris Saint-Germain. Depois da licenciatura no Dragão, o mestrado em Paris. A ‘cadeira de sonho’ (doutoramento) pode esperar.