FC Porto tem de reportar um défice máximo de 30 milhões em 2017, sob pena de ser afastado das competições europeias
A venda de André Silva para o Milan por uma verba de 38 milhões de euros, que poderá chegar aos 40 milhões, foi o primeiro passo dado pelo FC Porto para tentar cumprir o fair-play financeiro. Um comunicado da CFCB (Câmara Investigatória do Comité de Controlo Financeiro de Clubes), o organismo que tutela e regula as contas dos participantes nas provas europeias, dá conta da chegada da ‘troika’ ao Dragão. O FC Porto vai passar a estar sob apertada vigilância da UEFA.
De acordo com esse comunicado, o clube portista acordou com o organismo máximo que gere o futebol europeu um pagamento de uma multa de 700 mil euros e, caso não consiga ir ao encontro das exigências até 2020/21, ser-lhe-ão retirados mais 1,5 milhões de euros dos prémios obtidos nas competições europeias, ou seja, um total de 2,2 milhões de euros. Mas mais importante, terá de reportar à UEFA um défice máximo de 30 milhões em 2017 se não quiser ser afastado das competições europeias.
O FC Porto vai ficar também limitado no número de inscrições de jogadores. Sérgio Conceição só poderá inscrever na próxima época 22 jogadores para as competições europeias, ao contrário dos 25 habituais. Em 2018/19 o número subirá para 23 e, na época seguinte (2019/20) o FC Porto poderá voltar a inscrever 25 jogadores se cumprir com as regras de fair-play estabelecidas. Nas duas épocas seguintes, as restrições serão retiradas se os dragões cumprirem as exigências da Câmara Investigatória. Caso contrário, o clube portista poderá ser afastado das provas continentais.
No comunicado, a UEFA especifica as alíneas das regras que o FC Porto terá de cumprir, comprometendo-se o FC Porto a alcançar o equilíbrio financeiro até ao periodo de monotorização de 2020/21 (ou seja os relatórios financeiros que terminem em 2018, 2019 e 2020), assumindo a responsabilidade de adequar as despesas às receitas, de forma a reduzir gradualmente o défice, tendo como máximo 30 milhões em 2017, 20 milhões em 2018 e 10 milhões em 2020. Em 2020/21, a SAD não poderá ter mais despesas do que receitas. É a ‘troika” a chegar ao Dragão.
Mais vendas em equação
Com prejuízos acumulados nas últimas três épocas superiores a 117 milhões de euros, um valor muito superior ao limite de 30 milhões permitido pelas regras do fair-play financeiro da UEFA – no último Relatório e Contas relativo à época 2015/16, o FC Porto apresentou um valor de 58,4 milhões de euros de prejuízo, o pior resultado de sempre na história do clube – o FC Porto terá que realizar um encaixe significativo no próximo mercado de transferências, o que, depois de André Silva, obriga os portistas a negociar jogadores como Brahimi, Felipe, Danilo ou Ricardo Pereira.
Numa consulta ao site transfermarket.pt verifica-se que o valor de mercado destes jogadores potencialmente vendáveis ajudaria a abater o incumprimento e respeitar, assim, as regras da UEFA. Transferindo Herrera (28 milhões de euros), Danilo (18 milhões), Felipe (8 milhões) e Ricardo Pereira (9 milhões de euros) pelo valor de mercado o FC Porto chegaria a uma verba de 103 milhões, por exemplo, suficiente para manter-se dentro das regras do fair-play financeiro.
Mas para além da venda de jogadores, o FC Porto vê-se na obrigação de fazer cortes nos salários no plantel, o que poderá levar à saida de alguns dos jogadores com custos salariais mais elevados, como Iker Casillas e Maxi Pereira. Casillas, por exemplo, auferiu nos últimos dois anos um ordenado de cinco milhões de euros brutos por época, embora metade desse valor tenha sido pago pelo Real Madrid. Caso exista a renovação, o salário terá de ser pago todo pelo FC Porto, o que torna o cenário da continuidade do jogador quase impossível, a não ser que o espanhol aceite reduzir o vencimento. São os tempos da ‘troika’ no Dragão.