Portugal
"Amorim está certificado pela Liga, mas não pela UEFA e IPDJ", esclarece a ANTF
2021-05-26 17:45:00
José Pereira reitera que "o problema" da habilitação do treinador do Sporting "não está resolvido"

O campeonato de 2020/21 ficou marcado, entre outras polémicas, pela questão da habilitação legal de Rúben Amorim, o treinador que guiaria o Sporting à conquista do título, 19 anos depois. Em vários momentos, como nas entrevistas rápidas após os jogos, coube ao adjunto Emanuel Ferro assumir o papel de treinador ‘principal’, ou seja, com o nível IV.

O diferendo foi-se arrastando ao longo da temporada, valendo castigos a Rúben Amorim e ao Sporting, para além de uma troca de acusações públicas com a Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANFT). Em janeiro, Amorim conseguiu vaga num curso de IV nível, permitindo-lhe assumir em pleno as funções de líder da equipa técnica dos leões.

O problema, que parecia estar resolvido, foi hoje recuperado pelo presidente da ANTF. Confrontado com o caso, à margem de um fórum promovido pela associação, José Pereira defendeu que Rúben Amorim continua numa situação ilegítima, pois contraria as determinações do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e da UEFA.

“Enquanto o problema não estiver resolvido, enquanto o Conselho de Disciplina não se pronunciar, não falo sobre o Rúben Amorim. Não há qualquer discriminação em relação a ele, a ANTF tem comunicado às entidades competentes todos os casos de irregularidades que chegam ao seu conhecimento, de treinadores sem o nível adequado, conforme com a Leis da Assembleia da República", começou por referir disse José Pereira, durante o Fórum ANFT 2021, que decorreu em Lisboa.

Quando confrontado com o facto de Rúben Amorim já estar devidamente certificado pela Liga de clubes para estar de pé no ‘banco’ de suplentes, José Pereira contrapôs: “Continua a não estar em situação legal. Está certificado pela Liga, mas não pela UEFA nem pelos regulamentos do IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude). Quando estiver, então poderei dizer alguma coisa”.

José Pereira lembra que há dezenas de casos por resolver e diz que só falará deles em função do que o CD decidir em relação a cada um: “A nossa posição é igual para todos, o caso do Rúben Amorim não é excecional, vocês, comunicação social, é que dão mais destaque a uns do que a outros”.

Em causa está a hipótese de “existir fraude na inscrição de Rúben Amorim como treinador”. Sendo comprovada, o técnico leonino poderá ser condenado “a uma sanção de um a seis anos de suspensão de atividade”. 

O processo foi tornado público pelo Sporting, que no mesmo comunicado, em março, classificou o caso como “um dos episódios mais lamentáveis e surreais da história do futebol português”, por surgir de uma “participação apresentada pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol em março de 2020”, ou seja, um ano antes.

"A disciplina desportiva nacional pretende condenar o treinador Rúben Amorim a uma sanção mínima de suspensão por um ano pelo facto de o mesmo, respeitando os regulamentos em vigor, se ter inscrito como treinador-adjunto e não como treinador principal quando ainda não possuía habilitação para tanto. Este processo e esta acusação constituem uma mancha reputacional indelével no desporto nacional, com repercussões internacionais, por impedirem qualquer possibilidade de crença no regular funcionamento das instituições que movem o processo", reforçou o clube de Alvalade.

Nas declarações desta tarde, o presidente da associações de treinadores rejeitou a ideia de uma ‘perseguição’ ao técnico leonino, recusando qualquer responsabilidade no “mediatismo” do caso de Rúben Amorim. “Quem faz o mediatismo é a imprensa. Nós damos o mesmo tratamento a todos os treinadores que não têm o curso.  Todos os casos de treinadores que estiverem a treinar no incumprimento da lei são comunicamos às autoridades competentes”, explicou José Pereira.

Em março, o Sporting tinha salientado que Rúben Amorim tinha passado por uma situação "em circunstâncias que se crêem idênticas" no SC Braga, sem que à data fosse conhecida – segundo os leões – qualquer participação da ANTF contra os guerreiros do Minho.

"Esta, ao que se julga saber, constitui a primeira acusação com este enquadramento e constituiria a primeira e única condenação desta natureza nas competições profissionais nacionais, apesar de existir e ser por todos conhecido um histórico de dezenas de casos de equipas técnicas de outros clubes de contornos pelo menos comparáveis", defendeu então o Sporting.

Sobre o Fórum ANTF, retomado este ano após interregno devido à pandemia do novo coronavírus, José Pereira fez um balanço "muito positivo", "pelas qualidades dos participantes e das intervenções dos vários treinadores", entre os quais Vítor Pereira, Marco Silva, Carlos Carvalhal, Leonardo Jardim, Vasco Seabra e José Gomes, entre outros, além do selecionador nacional de futsal, Jorge Braz, e do treinador campeão europeu pelo Sporting, Nuno Dias.