Portugal
"Ameaças de morte e efervescência devem-se aos dirigentes", acusa Hugo Quintino
2021-02-11 18:35:00
Responsável pela arbitragem da AF Évora realça que "ninguém comenta o erro do guarda-redes no golo do FC Porto"

O presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Évora (AF Évora), Hugo Quintino, saiu em defesa do afiliado Luís Godinho, árbitro que está no olho do furacão após o SC Braga-FC Porto de quarta-feira, para a meia-final da Taça de Portugal.

Quintino reprovou que um árbitro seja responsabilizado quando jogadores, treinadores, dirigentes e outros agentes do futebol não têm de prestar contas pelos erros.

"Olhando para o jogo de ontem, houve um guarda-redes que cometeu erro que deu golo, um jogador agrediu outro, houve comportamentos reprováveis da parte de dirigentes e treinadores e ninguém fala disso, porque toda a gente acha que isso faz parte do futebol, que é natural", afirmou.

A vítima é sempre o árbitro, pois "tudo o que faz é motivo de conversa, de discussão, de discórdia e de suspeita", acrescentou. "O que é destaque é uma decisão de um árbitro que é completamente escrutinada e avaliada. Quando tudo o resto parece é entendido como fazendo parte do futebol, parece que o árbitro continua a ser o único elemento externo, que não pertence ao futebol", insistiu.

O responsável pela arbitragem da AF Évora reforçou, em declarações à Rádio Observador, que não houve "ninguém a avaliar o lance que deu o primeiro golo do FC Porto", nem ninguém "a condenar a agressão, nem o comportamento dos treinadores e dirigentes".

E são os dirigentes, no entender de Hugo Quintino, os principais responsáveis pelas polémicas e até pela violência no futebol. "As ameaças de morte e toda esta efervescência vem do comportamento das pessoas que pertencem aos clubes", sustentou: "Aí é que tem de haver serenidade e começar a mudança de mentalidade no nosso futebol. Se isso não acontecer, as autoridades terão de punir as pessoas de forma exemplar".

"O que tem de mudar é o comportamento dos dirigentes, que são os principais causadores deste tipo de polémicas e que inflamam os adeptos para ter este tipo de atitudes. Depois vemos os lances do Luís Godinho a serem escrutinados nas televisões por pessoas que não têm qualquer tipo de competência em termos de arbitragem", continuou.

"Boa parte das decisões que são comentadas por quem não pertence à arbitragem são analisadas com uma cor clubística, é muito difícil alguém que está fora da arbitragem fazer uma análise isenta. Quando o Conselho de Arbitragem da Federação vem clarificar alguns lances, essa explicação é aceite pelos adeptos e clubes aos quais a decisão foi favorável, mas não é aceite por aqueles a quem o lance foi desfavorável", concluiu o responsável pela arbitragem da AF Évora, da qual faz parte o árbitro Luís Godinho.