Membro do Conselho Superior do FC Porto, Rui Moreira desvaloriza as críticas à recente gestão de Pinto da Costa, acentuadas com a transferência de Francisco Conceição para o Ajax. O antigo candidato José Fernando Rio falou mesmo em "gestão quase danosa", apontando o dedo à SAD portista.

Os dragões já viram sair jogadores como Mbemba (a custo zero), Fábio Vieira e Vitinha, mas, até ao momento, só apresentaram um reforço, David Carmo, sendo que Gabriel Veron deve ser anunciado nas próximas horas.

O ataque do FC Porto ao mercado de transferências fez aumentar, além dessa pressão sobre Pinto da Costa, o apoio a André Villas-Boas para se candidatar à presidência portista em 2024. Perante o eventual cenário de nessa eleição ter de escolher entre Pinto da Costa e André Villas-Boas, Rui Moreira já definiu o seu sentido de voto.

“Se amanhã houver eleição entre Pinto da Costa e Villas-Boas, votarei em Pinto da Costa. Tenho imenso apreço e amizade pelo André Villas-Boas, mas enquanto o presidente estiver capaz de governar o FC Porto, e ele saberá melhor do que ninguém porque gosta muito do clube, não vejo que me deva pronunciar sobre essa matéria”, afirma, em entrevista à rádio Renascença e ao jornal Público.

O cenário dessa hipotética disputa eleitoral surgiu na sequência de uma sondagem publicada pelo jornal A Bola, na qual André Villas-Boas aparece com cerca do dobro das intenções de voto de Pinto da Costa.

“Os adeptos, se calhar, neste momento votam assim porque não gostam que o FC Porto tenha vendido dois jogadores. Se calhar amanhã o FC Porto ganha ao Benfica e no dia seguinte os adeptos vão cantar ‘Pinto da Costa olé olé’ e a sondagem é diferente”, analisa Rui Moreira.

"Sou do tempo em que o FC Porto jogava bem e perdia"

O membro do Conselho Superior do FC Porto e autarca portuense puxa da memória para sair em defesa de Pinto da Costa, evocando a “gratidão” pela forma como o dirigente transformou o clube.

“Eu sou de um tempo em que o FC Porto jogava muito bem e no fim perdia. Era assim, o FC Porto jogava otimamente mas perdia, passava a Ponte da Arrábida e perdia. Com ele, deixou de perder”, sustenta.

“Tenho esta gratidão para com ele, faço parte de uma geração que se recorda de outras pessoas que apareciam a dizer que iam fazer do FC Porto isto e aquilo e nunca conseguiam fazer”, insiste Rui Moreira, ainda a propósito de apoiar Pinto da Costa numa eventual eleição com Villas-Boas como adversário.

Lembrando outras figuras do FC Porto que se posicionaram publicamente para ir a eleições mas nunca chegaram a enfrentar Pinto da Costa nas urnas, como Pôncio Monteiro, Rui Moreira valida a “legitimidade” de Villas-Boas se apresentar a votos em 2024 mesmo contra o histórico presidente portista.

“Acho perfeitamente legítimo que alguém como André Villas-Boas, que foi treinador, é um homem do FC Porto e que os sócios conhecem, diga que é o momento de virar de página e se queira posicionar. Compreendo, tem toda a legitimidade. Tem a legitimidade dele, tal como Vítor Baía, que também me dizem que quer. Há completa legitimidade”, destaca.

Rui Moreira candidato à presidência do FC Porto?

Já o próprio Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, pede respeito pelo “tabu” sobre o desejo de ser também candidato: “É mesmo um tabu. Neste momento, não coloco essa situação. Ando cansado de me repetir. E não é só uma questão de respeito por Pinto da Costa. Sou presidente de Câmara, tenho três anos e qualquer coisa de mandato pela frente. Não posso ser presidente da Câmara do Porto e andar a concorrer a eleições no FC Porto”.

Questionado sobre o “chamamento” dos sócios azuis e brancos para assumir a liderança do clube, Rui Moreira garante que não sente essa vaga de fundo. 

“Nunca sabemos o que os adeptos querem. Há uma mística especial no futebol. O futebol é uma religião em que os milagres ocorrem ou não ocorrem conforme a bola bate na barra ou entra na baliza, não há verdadeiramente esse chamamento”, finaliza.