Portugal
"Ainda não senti verdadeiramente que Varandas fosse o meu presidente"
2021-05-20 12:30:00
"Que não se vendam de uma vez as peças fundamentais", apela Dias Ferreira

O Sporting fechou a temporada com o título de campeão nacional e com Pedro Gonçalves como máximo artilheiro da competição. Além disso, os leões de Rúben Amorim alcançaram nesta época a Taça da Liga, depois de vencerem, na final a quatro de Leiria, o FC Porto nas meias-finais e o SC Braga na final. Os dias são, por isso, de festa e contentamento entre sportinguistas e Dias Ferreira não esconde que se tratou de um "dos melhores anos de sempre do Sporting".

Antigo chefe do departamento de futebol do Sporting e ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral verde e branca, Dias Ferreira sustenta a sua ideia não apenas nas conquistas ao nível do futebol profissional mas também em relação aos troféus europeus conquistados pelas equipas de futsal e hóquei em patins. Mas, por tradição cultural do país, embora o Sporting se considere um clube eclético, estão, não raras vezes, no futebol os grandes momentos de satisfação dos adeptos. E Dias Ferreira não nega que vencer o campeonato de futebol da forma como o Sporting o venceu lhe deixa o peito carregado de orgulho.

"Boa [época] é pouca. Foi uma época extraordinária contra tudo e contra todos, contra muitas coisas, ganhamos", referiu o antigo dirigente verde e branco, não se querendo alongar sobre a ausência de público nas bancadas, situação que, por muitos, é referida como tendo ajudado Amorim a potenciar jovens.

"É um assunto que não gosto muito de abordar por não ter uma posição fechada. Acho que não é uma situação que se possa admitir para futuro. A questão deriva de um pandemia e, portanto, nunca sabemos como as pessoas vão reagir quando voltarem aos estádios".

Além disso, Dias Ferreira referiu que, pela sua parte, os jovens do Sporting e os jogadores mais experimentados nunca sentirão a pressão do assobio. "Não tenho problemas porque eu quando assobio, só assobio o árbitro. Nunca assobiei a minha equipa. Ou puxo por ela ou fico calado a sofrer".

No balanço da época, o antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting aproveitou para elogiar Rúben Amorim pela forma como abraçou o projeto em Alvalade. "Teve a coragem de aceitar o convite que lhe foi feito", disse, acrescentando que "é um homem sério, inteligente".

Mas para o sucesso, Dias Ferreira 'convoca' outras figuras que ajudaram a esta conquista. "Houve um trabalho de conjunto entre a direção que lhe pediu um projeto e um treinador jovem que o levou ao fim. Ou melhor, ao fim não", disse, lembrando que Rúben Amorim vai continuar. Mas até agora, "teve um caminho, uma rota."

Aqui chegados, Dias Ferreira espera que a direção consiga prolongar a felicidade dos sportinguistas, esperando que a nova época já esteja a ser preparada. "O Sporting entrou num caminho desportivo que tem princípio, meio e fim. É preciso sustentar isto".

Em declarações na rádio Observador, Dias Ferreira foi ainda questionado sobre o papel de Frederico Varandas na conquista do título. O antigo dirigente não esconde que o presidente tem a sua parte dos méritos e faz questão de o reconhecer. Ainda assim, sustenta que, apesar do trabalho que este vem fazendo desde que assumiu a direção, ainda não o sente como 'seu' presidente.

"Ainda não senti verdadeiramente que Varandas fosse o meu presidente. Agora, na noite do título eu estava na SIC e a primeira pessoa a quem enderecei os parabéns foi o presidente Frederico Varandas. Por uma razão simples, sustento que o projeto tem de ter uma ligação forte entre um presidente e um treinador. Portanto, nas circunstâncias que foram, o treinador, enfim, foi protagonista com a equipa, mas achei por bem que tinha, por uma questão moral, [parabenizar] quem escolheu o comandante disto tudo que foi o Frederico Varandas."

E ao presidente dos leões deixou ainda elogios para forma como soube gerir os momentos para comunicar. "A partir de certa altura, optou pelo silêncio, falando uma ou duas vezes e curtas intervenções, e, com isso, salvaguardou a aglutinação dos adeptos, que se juntaram ao treinador e aos jogadores."

De agora em diante, Dias Ferreira espera que Varandas e a estrutura possam refletir sobre a campanha leonina em 2020/21 para procurarem manter a cadência de conquistas.

"Tem de optar por fazer um caminho semelhante ao que fez, nos mesmos termos, e pode ter de fazer uma ou outra venda. Que não se vendam de uma vez as peças fundamentais. É continuar esta política e reforçando-a".

Ao Observador, Dias Ferreira mostrou-se ainda satisfeito que este projeto montado em Alvalade tenha continuidade. "Se este é o projeto, é continuar com ele", apelou Dias Ferreira, dizendo que não é preciso "fazer desvios ou andar aos saltos". "Que pensem nas razões para termos sucesso."