Portugal
“Ainda não se fez a verdadeira homenagem ao que Conceição fez no FC Porto”
2021-08-04 15:15:00
Cândido Costa e Valdo numa luta intensa pela posse de bola, para elogiar Sérgio Conceição

“É uma característica do FC Porto: o jogador chega e, como que por passe de mágica, adapta-se logo à maneira de ser e de jogar do FC Porto. E isto não acontece nos outros clubes. Não sei qual é a água que têm lá...”. A frase é proferida por Valdo, antiga glória do Benfica, no Futebol Total, nesta terça-feira.

O mágico ex-futebolista, que passou a integrar o painel de comentadores daquele programa do Canal 11, suscita um raciocínio em Cândido Costa. O ex-médio dos dragões deixa Valdo sem bola, para enaltecer o papel de Sérgio Conceição no recuperar da mística portista, que se estava a perder, nos últimos anos.  

“Ainda mais valor temos de dar a Sérgio Conceição. Isso é verdade, esses valores sempre estiveram presentes, mas de alguns anos a esta parte, antes da chegada do Sérgio, havia-se esfumado. Não desaparecido totalmente, mas havia-se esfumado”, sustenta Cândido.

“Mais tarde iremos recordar esta era de Sérgio Conceição como o reavivar de alguns valores que estão pegados, colados, nos alicerces do FC Porto. Esse é o grande mérito que Sérgio Conceição tem”, acrescenta Cândido.  

“E se Sérgio Conceição não tivesse reativado esses valores inegociáveis, o FC Porto não teria tido este sucesso”, reforça, numa alusão aos três títulos conquistados pelos azuis e brancos sob o comando do atual técnico portista.  

O antigo futebolista lembra ainda o papel do treinador em transformar “jogadores que estavam emprestados por aí fora” em ativos que são hoje “apetecíveis” pela concorrência, no mercado de transferências, e também alvo de renovações de contrato pelos dragões. 

Cândido Costa enaltece ainda o espírito que Conceição transmitiu à equipa. “Otávio, por exemplo. Dá uma capacidade de trabalho, é competitivo, é intenso. Acabar um jogo esgotado é mais um dia no escritório para ele. E isso é muito importante para a forma de jogar do FC Porto. E por isso é que ele joga sempre”, diz.  

Valdo recupera a palavra, num ‘corte’ perfeito a Cândido Costa. E avança com mais elogios, com a magia que carateriza o seu futebol, rematando certeiro: 

“Eu estava em França, quando o Sérgio estava no Nantes. E ele mudou aquilo completamente. Quando ele chegou aquilo estava quase no fim. E ele transformou aquilo. Os gajos perdiam a bola e Sérgio ficava irritado. Até quando os gajos marcavam golo ele ficava irritado. Parecia até que era a equipa dele que tinha sofrido. A mensagem foi passando, passando... E isto é importante”, defende Valdo.  

Valdo não marca golo, porque Cândido, como bom médio que foi, faz questão de prolongar a jogada: “O que Sérgio Conceição fez na primeira época quando chegou ao FC Porto... Acho que ainda não se fez a verdadeira homenagem ao que Conceição fez no FC Porto. Essas coisas acontecem mais tarde. Mas o que ele fez...”. 

“A lutar contra o Benfica mais forte dos últimos tempos, contra o penta tão desejado pelo Benfica. Da perspetiva do FC Porto este era o cenário: a maior desigualdade em termos de força. Sem um reforço, ou com o Vaná, ele consegue o título. Tenho muita dificuldade um encontrar um título tão aparentemente impossível de ter sido ganho”, conclui Cândido. E o árbitro apitou para o fim.