Portugal
Adão Mendes confessa que usava expressão "padres" para se referir a árbitros
2020-03-12 09:30:00
Ex-árbitro e ex-observador explica recurso a linguagem em código como um hábito

Inquirido como testemunha no âmbito do processo dos emails do Benfica, Adão Mendes explicou ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que o recurso à expressão "padres" era para se referir aos árbitros e "missas" aos locais dos jogos.

Adão Mendes justificou ainda o uso deste tipo de linguagem em código com hábitos antigos do tempo em que esteve ligado ao Conselho de Arbitragem (árbitro e observador), que pedia sempre confidencialidade "aquando das nomeações".

Em declarações ao DCIAP, que o 'Expresso' teve acesso, Adão Mendes, que realizou comunicações com o comentador Pedro Guerra, admite que se sentiu "vexado" ao ver o seu nome aparecer no programa 'Universo Porto da Bancada', no 'Porto Canal', onde eram semanalmente apresentados emails por Francisco J. Marques.

Adão Mendes justifica a troca de mensagens com Pedro Guerra no sentido de dar explicações sobre a "profissionalização da arbitragem" e assegura que os telefonemas que fazia ao comentador serviam para preparar Guerra para "as suas intervenções em programas de televisão".

Ainda de acordo com o que o 'Expresso' teve acesso, Adão Mendes explicou ao DCIAP que comunicou com Paulo Gonçalves, ex-responsável pelo departamento jurídico do Benfica "por causa de um cartão que este lhe deu com contactos" e apenas quando precisou de um serviço de assessoria jurídica para o filho na área desportiva.

Adão Mendes revelou ainda que Paulo Gonçalves lhe indicou uma advogada no Porto mas confessou que o filho acabou por perder o processo.

À procuradora do processo, Vera Camacho, Adão Mendes explicou ainda que deixou de falar com estes dois elementos ligados (Pedro Guerra e Paulo Gonçalves).

O Ministério Público acusou o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, o diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães, e um comentador do canal portuense de violação de correspondência e de acesso indevido, por divulgarem conteúdos de emails do Benfica.

A justiça imputa a Francisco J. Marques seis crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, três dos quais agravados, e um crime de acesso indevido.

Júlio Magalhães está acusado de três crimes de violação de correspondência ou de telecomunicações, agravados, enquanto Diogo Faria, comentador no programa 'Universo Porto -- da Bancada', do Porto Canal, através do qual foram revelados os conteúdos dos emails do Benfica, está acusado de um crime de violação de correspondência ou de telecomunicações e outro de acesso indevido.