Futebolista de alta competição, sempre muito vigiado ao nível da 'bateria' de exames, Ricardo Nunes espera que o seu exemplo ajude não apenas desportistas mas, acima de tudo, pessoas comuns numa luta que muitas das vezes é contra um inimido poderoso, traiçoeiro, que interrompe sonhos e objetivos.

Cancro, palavra forte que no dizer de Ricardo Nunes carrega o sentimento de "medo". Mas a doença nem sempre vence. O ex-guarda-redes do FC Porto que o diga. Passados vários meses após a vitória sobre a doença, Ricardo fala da batalha, do que sentiu, do que pensou.

"Senti que o fim estava mais próximo quando me apareceu a minha doença", afirmou Ricardo Nunes, em entrevista a Cristina Ferreira.

O ex-guardião do FC Porto lembra ainda que temeu que não pudesse voltar a calçar as luvas para defender as balizas.

"Senti que poderia não voltar a jogar futebol. Tive esse medo", explica Ricardo Nunes, salientando que "a palavra cancro só por si já é aterrorizadora e intimidante".

Superado o problema oncológico, o guarda-redes Ricardo Nunes, do Desportivo de Chaves, conta agora como viveu a luta contra a doença e como sentiu na pele aquilo que julgava só acontecer aos outros.

"Pensei que só acontecia às outras pessoas. Quando nos acontece sente na pele o que as outras pessoas passam. As pessoas encaram o cancro muitas vezes como morte. Claro que ficamos com medo do que se vai passar de seguida".

Três meses depois de ter interrompido a carreira para tratar um problema oncológico, Ricardo Nunes voltou aos treinos sem limitações ao serviço do clube flaviense. Para trás, ficou o receio de perder algo que lhe é tão caro.

"Tive medo de não ver os meus filhos crescer", confessa, dizendo que, para si, a 'temporada' está mais que ganha.

"Ultrapassar a doença é um troféu pessoal", recorda, não esquecendo as mensagens que recebeu por parte do mundo da bola.

O futebolista natural da Póvoa do Varzim - que se manifestou comovido por ter recebido uma visita de Pinto da Costa - explicou que foi detetado um tumor no testículo, que obrigou à sua remoção e colocação de uma prótese e que agora tem de fazer exames de rotina de três em três meses.