Maniche afirma que debate sobre a participação de Portugal no Euro2020 não pode colocar em causa Fernando Santos
O selecionador nacional, Fernando Santos, tem sido apontado como o rosto da campanha de Portugal no Euro2020. A seleção nacional entrou na prova com o estatuto de campeã europeia e deixou a competição com o saldo de uma vitória, um empate e duas derrotas.
Várias opções do selecionador têm sido discutidas e criticadas na praça pública. Do duplo pivô formado por Danilo Pereira e William Carvalho às tarefas defensivas de Bernardo Silva e Diogo Jota, da ‘demora’ na titularidade de Renato Sanches à não utilização de Gonçalo Guedes e Pedro Gonçalves, muitas têm sido as responsabilidades imputadas a Fernando Santos.
Logo após a derrota com a Bélgica, para os oitavos de final do Euro2020, muitos adeptos portugueses que foram a Sevilha ver esse jogo pediram a demissão de Fernando Santos. Uma “ingratidão” que foi repudiada por Maniche, antigo internacional português e agora comentador do canal 11.
“Sabemos que no futebol a ingratidão e as injustiças aparecem sempre nos momentos da derrota. Podemos discutir as opções, as táticas, as dinâmicas, não podemos é ser ingratos com o selecionador que nos deu dois títulos, títulos esses conquistados com a maioria destes jogadores”, afirmou o vice-campeão no Euro2004.
Em relação às críticas visando jogadores, Maniche defendeu que não se pode colocar em causa o empenho que demonstraram. “Podemos discutir porque é que os laterais não subiram tanto, o duplo pivô para dar liberdade ao Bruno Fernandes para jogar como um 10, o porquê do Bernardo Silva e do Diogo Jota fazerem aquele trabalho defensivo que não é das suas caraterísticas, porque é que o Ronaldo saía tanto da zona de finalização… Não podemos é discutir o que os jogadores deram em campo, deram tudo o que tinham em prol da seleção”, reforçou.
Entre os pontos que podem ser discutidos, na ótica do ex-internacional, está a qualidade exibicional, mesmo tendo em atenção “que apanhámos um grupo extremamente difícil, com dois candidatos a vencer esta competição”, França e Alemanha (que acabariam por cair também nos oitavos de final). “Os resultados [na fase de grupos] são muito pouco para as expetativas que foram criadas”, apontou.
“Se queremos ser grandes temos de nos assumir como tal. É normal haver esta crítica, porque a exigência está alta, somos campeões europeus e vencemos a Taça das Nações. Só quem não anda no futebol é que não sabe que isto é normal. O futebol é muito injusto nestas situações, não há coerência, o futebol é o momento”, acrescentou Maniche.
Curiosamente, a melhor partida de Portugal, em termos exibicionais, aconteceu diante da Bélgica, resultando na derrota que afastou a seleção nacional do Euro2020.
“O problema não é termos sido afastados, é sairmos quando somos melhores. Fomos melhores em quase todos os jogos. Houve alguns momentos em que fomos inferiores, mas isso faz parte. Não é por acaso que a Bélgica é o número um do ranking, mas Portugal estava em condições de passar a eliminatória”, salientou o antigo médio.
Maniche contou ainda chegou a comentar com Luís Figo, antigo capitão da seleção, a “falta de consistência” de Portugal, que parecia só ‘acordar para o jogo’ quando estava em desvantagem no marcador.
“O que não gostei foi da forma como encarámos alguns jogos. Quando estava 0-0, dávamos o jogo ao adversário, mas quando nos víamos a perder assumíamos o jogo e começávamos a ser melhor”, finalizou.