Antigos jogadores do clube da Luz reconhecem valor do sérvio, mas não concordam em certos aspetos
Fejsa é uma pilar importante no Benfica. As ex-águias que falaram com o Bancada, neste aspeto, estão de acordo. Nesse sentido, o que os faz diferir prende-se pela postura que o Benfica deve adotar em relação a impedir ou não uma saída do internacional sérvio. José Augusto, referindo-se aos negócios milionários que aumentam de dia para dia no mundo do futebol, não tem dúvidas: os encarnados devem aproveitar para seguir a corrente. “É uma situação em que o Benfica tem de aproveitar agora, porque isto qualquer dia termina”, aconselhou.
O médio foi associado por alguns jornais à Lazio, ainda que nada seja certo ou confirmado quando a uma eventual despedida do Benfica. Os antigos jogadores do Benfica contactados pelo Bancada não têm uma opinião unânime quanto aos seus possíveis substitutos. “Caso Fejsa saia, o Benfica poderá ter que ir ao mercado”, admitiu Paulo Madeira, enquanto Petit acredita que “o Benfica arranje soluções para essa posição”.
Uma coisa é certa: Fejsa é muito importante na equipa do Benfica
Mesmo com as lesões que têm assombrado a sua estadia em Portugal – e que já o tinham assombrado antes -, Fejsa reaparece sempre como um jogador em quem os treinadores confiam. Seja Jorge Jesus, entre 2013 e 2015, ou Rui Vitória, desde então. O sérvio de 28 anos. Mesmo assim, Fejsa não é considerado imprescindível por uma das figuras mais conhecidas do universo benfiquista.
“Nenhum é imprescindível. Só são imprescindíveis aqueles que não estão lá e nós precisamos deles, como o Messi ou o Ronaldo. De resto, não há imprescindíveis. Fejsa é um bom jogador, que tem marcado a sua posição, e é por isso que os clubes mais ricos que querem ter os melhores o querem a ele. Mas eu penso que não há imprescindíveis no Benfica”, começou por dizer José Augusto, antigo jogador do Benfica na década de 60, ao Bancada. Petit, que foi campeão enquanto médio-defensivo do clube da Luz em 2004/05, concorda.
“Não há imprescindíveis no futebol, mas é um jogador importante pela posição que ocupa. Pelo que tem demonstrado nestes anos todos, é um dos jogadores mais importantes do jogo do Benfica. Perdendo o Fejsa, acredito que o Benfica tenha jogadores para aquela posição e que se possa precaver, mas é um jogador importantíssimo para o sistema tático de Rui Vitória”, frisou. O antigo treinador de Boavista, CD Tondela e Moreirense explicou ainda ao Bancada o que faz de Fejsa um jogador tão importante para o Benfica atual. A chave, para Petit, está no conhecimento que já tem dos colegas e da inteligência dentro das quatro linhas.
“Já conhece a dupla de centrais, que tem sido sempre Luisão com Lindelöf ou Jardel, tem uma boa dinâmica com Pizzi. É um jogador que lê muito bem o jogo, sabe ocupar bem os espaços nos processos ofensivos e defensivos. Já conhece o sistema tático do Benfica e claro que nunca é fácil substituí-lo”, afirmou o antigo internacional português.
Quem também falou com o Bancada foi Paulo Madeira. Jogador do Benfica durante vários anos separados por passagens pelo Belenenses e Marítimo, Paulo Madeira considera, de facto, que Fejsa é imprescindível, tendo tecido rasgados elogios ao camisola 5 dos encarnados.
“Eu acho que o Fejsa, nos últimos anos de Benfica, tem sido um jogador imprescindível. Foi um jogador que, desde que veio para o Benfica, teve uma preponderância muito grande. É aquele jogador que a maior parte dos treinadores gostaria de ter. A função que tem dentro de campo não é visível aos olhos de quem vai ver futebol, mas para um treinador é uma função fantástica. Ele faz a junção defesa/meio-campo muito bem, é muito inteligente a jogar. Tem uma forma de abordar os lances em que pensa muito à frente em comparação com os adversários. É um jogador que eu acho muito, muito importante nestes últimos títulos do Benfica e tem aquele ‘feeling’ ganhador. Parece que por onde ele passa é sempre campeão”, proferiu.
E é mesmo verdade. Desde que chegou ao Partizan, em 2008/09, Fejsa foi sempre campeão nacional. Conseguiu-o três vezes no clube sérvio, outras três no Olympiacos, e esteve em todas as edições do ‘tetra’ do Benfica. Para Petit, ter jogadores com este costume de vitória é um claro acréscimo de qualidade.
“São jogadores habituados à pressão, jogadores habituados a ganhar títulos. E quem os ganha gosta de ganhar mais e mais. Acaba uma competição e já se estão a preparar para ganhar algo mais. É a sede de ganhar títulos”, referiu.
Vender ou não vender? A resposta pode estar nos euros
“Em primeiro lugar estão os interesses do clube”, assegurou José Augusto. A glória encarnada foi mais longe: aconselhou o clube a aproveitar enquanto pode para fazer render os seus ativos, dado que é da opinião de que “esta coisa dos milhões vai ter que parar”.
“Se o Benfica entender que ele pode sair… Enfim. Esta coisa dos milhões vai ter que parar [risos]. Na próxima década, possivelmente, isto não existirá. As coisas mudam. Da mesma forma que tudo o que nasce morre, com certeza que isto terá o seu fim. (…) Haverá um dia em que as coisas hão de parar e serão mais regularizadas. É uma situação em que o Benfica tem de aproveitar agora, porque isto qualquer dia termina. Tem mesmo que terminar”, garantiu.
Paulo Madeira, por outro lado, preferiu realçar os milhões feitos pela administração do Benfica com a venda de jogadores. Para o antigo campeão nacional, o êxito coletivo influencia de grande forma o valor de mercado dos jogadores.
“O valor é aquilo que os clubes quiserem pagar. Nos últimos anos o Benfica tem conseguido vender os seus ativos por números muito altos. Não diria que são valores superiores ao valor dos jogadores, mas às vezes o êxito que as equipas onde esses jogadores estão inseridos influencia. E tem sido o Benfica [a ter êxito]. O Benfica tem vendido jogadores que, se calhar, se formos aos ditos campeonatos grandes, ninguém vende por esses números. Talvez, esporadicamente, haja uma ou outra situação”, disse.
Caso Fejsa saia do Benfica, Rui Vitória tem à sua disposição Samaris e Filipe Augusto, dois jogadores que, por si só, não dão garantias a Paulo Madeira.
“O Filipe Augusto e o Samaris são dois jogadores distintos. Vejo o Samaris com capacidades muito grandes para fazer de substituto do Fejsa. Vejo um Filipe Augusto com poucos jogos nas pernas, em fase de adaptação porque chegou a meio da época passada… Não acredito, mas se o Fejsa sair, obviamente que o Benfica poderá ter que ir ao mercado para ter, pelo menos, dois ou três jogadores para aquela posição. Não digo ao nível do Fejsa, que isso será difícil, mas a um nível alto”, exprimiu.
Petit, por outro lado, manifestou maior tranquilidade quando confrontado com esse cenário. O antigo jogador formado no Boavista lembrou que Samaris era o dono do lugar quando Fejsa estava lesionado e o Benfica continuou a conquistar títulos.
“São jogadores diferentes. O Samaris já jogou com o Pizzi e o Benfica foi campeão, não é por aí. Sabemos que o Fejsa esteve muitos jogos lesionados e o Benfica continuou a ganhar. Sem dúvida que é um jogador importante para a dinâmica do Benfica mas acredito que o clube arranje soluções para aquela posição”, concluiu Petit em declarações ao Bancada.