Portugal
"A desconfiança sobre este sistema de voto é grande, para não dizer total"
2020-10-28 20:30:00
Rui Gomes da Silva lamenta que a MAG não tenha aceite "um conjunto de regras" proposto pela sua lista

A poucas horas do fecho das urnas nas eleições encarnadas, num dia já marcado pelo registo histórico de votantes, Rui Gomes da Silva, candidato pela Lista D, lamentou que a Mesa de Assembleia-Geral do Benfica não tenha aceite "um conjunto de regras" por si proposta, mostrando "desconfiança" no sistema de voto. 

"Espero que os resultados finais estejam de acordo com o que é a expressão dos sócios, lamentando que a MAG não tenha aceitado um conjunto de regras que propusemos em vários momentos. É esperar que o computador do Benfica seja generoso com a minha pessoa. A desconfiança sobre este sistema é grande, para não dizer total", apontou, citado pelo jornal A Bola. 

De resto, Rui Gomes da Silva não foi o primeiro candidato a criticar o processo eleitoral desta quarta-feira. Noronha Lopes, candidato pela lista B, garantiu durante a tarde que os seus delegados "não sairão das urnas até que o voto físico seja contado". 

Mais tarde foi Vítor Paneira, mandatória do gestor, a afirmar haver "indícios de pessoas a entrar no sistema que nem sócios são" e pedindo a contagem dos votos em papel. 

"O que queremos é que haja transparência. Para haver verdade nestas eleições, é preciso que haja comparação entre o voto eletrónico e o voto físico. É isso que todos os benfiquistas querem e é isso que deve acontecer pela verdade", afirmou Vítor Paneira. 

Entretanto, Virgílio Duque Vieira, presidente da mesa da Assembleia-Geral do Benfica, rebateu as críticas recebidas pela lista de Noronha Lopes, defendendo o sistema de voto eletrónico.

"É um sistema perfeitamente auditável, fidedigno, sério, rigoroso e que garante a confidencialidade. (...) Essa é a segurança do sistema", afirmou, à chegada ao Estádio da Luz. 

As eleições desta quarta-feira estão já marcadas por uma afluência histórica dos sócios encarnados, algo que Rui Gomes da Silva considera como mérito do seu projeto. 

"Congratulo-me com esta afluência, é o constatar que foi fruto do meu projeto e da minha aposta e desafio à direção do Benfica. Há três anos prensavam num Benfica que não discutia ideias e agora temos esta afluência, apesar de não ter havido debates e os outros dois candidatos se terem recusado aos debates e a refugiarem-se em campanhas longe dos mesmos", afirmou.

"Esta afluência mostra que o Benfica é um clube democrático e foi esse o desafio que fiz. Tive... não diria coragem, mas os princípios fundacionais do clube para ser uma alternativa", concluiu. 

O Benfica elege hoje o novo presidente do clube, numas eleições em que Luís Filipe Vieira se candidata a um sexto mandato, frente a João Noronha Lopes e Rui Gomes da Silva.

As eleições, que decorrem no Pavilhão n.º 2 do Estádio da Luz, em Lisboa, entre as 08:00 e as 22:00, e em 24 casas do clube, vão definir os órgãos sociais para o quadriénio de 2020/2024, e estão entre as mais concorridas de sempre.

Na história do clube é apenas a sétima vez que concorrem três listas à liderança, e apenas não existe o recorde de quatro porque a candidatura da lista C, encabeçada por Luís Miguel David, e proposta por Bruno Costa Carvalho, se retirou.

Hoje, os benfiquistas vão escolher entre a lista A de Luís Filipe Vieira, de 71 anos, o presidente em exercício e a pessoa com mais tempo na liderança do Benfica, há 17 anos, desde 2003, e os antigos vice-presidentes Noronha Lopes e Rui Gomes da Silva (lista D).

O sufrágio de hoje - que manterá Luís Filipe Vieira como 33.º presidente ou elegerá um 34.º, entre Noronha Lopes e Gomes da Silva - será feito por voto eletrónico, num ato antecipado em dois dias, devido à proibição de circulação de pessoas entre concelhos, como medida de combate à pandemia de covid-19.