Portugal
“A claque esteve com o Sporting e não deu um único assobio”
2021-09-17 10:20:00
Dias Ferreira elogio compromisso de Rúben Amorim com “o projeto” após a goleada sofrida diante do Ajax

O Sporting regressou à Liga dos Campeões, após quatro anos de ausência, e foi goleado por 5-1 em Alvalade, pelo Ajax. Uma pesada derrota que mostrou as ‘dores de crescimento’ de uma equipa que se mantém firme no desenvolvimento do “único projeto coerente que existe no futebol português”, como salientou José Dias Ferreira.

O ex-dirigente e ex-candidato à liderança dos leões apelou à calma, lembrando que na época passada o Sporting foi eliminado das provas europeias pelo LASK Linz e, na partida seguinte, fez “uma das melhores exibições da época” diante de um Paços de Ferreira que terminaria como uma das sensações do campeonato.

“Se o Sporting não se desviar do projeto por causa de uma derrota por 5-1 só tem a ganhar. Eu vejo o caminho. Sei qual é o caminho e não quero um desvio para fazer má coisa. Também não quero um desvio para ir ganhar 5-1 ao Ajax. O que será pior, perder 5-1 com o Ajax ou ter 33 milhões de prejuízo? Se calhar, preocupa-me mais os 33 milhões”, comparou Dias Ferreira, referindo-se às contas da SAD do Sporting, reveladas pela mesma altura do jogo de estreia na Liga dos Campeões 2021/22.

Apelando ao “realismo”, o ex-dirigente leonino salientou que o Sporting só terminou com o período de 19 anos sem ganhar o campeonato após encontrar “um treinador” que “enveredou pelo único projeto coerente que existe no futebol português”. “O Rúben Amorim tem sido de uma coerência muito grande”, elogiou, em comentário na A Bola TV.

“Rúben Amorim é humilde, assumiu a responsabilidade. E ele podia dizer que não se fazem omoletes sem ovos, como eu tenho ouvido durante muitos anos. Ele não se queixa, fez três ou quatro contratações para o projeto, respeita aquilo que o Sporting tem para lhe dar”, insistiu Dias Ferreira, citando Otto Glória, treinador que deixaria os leões [por não ter “ovos”...] num início de campeonato que o sucessor, Juca, viria a conquistar.

Logo a seguir à derrota com o Ajax, “vi o Rúben Amorim, que nas vitórias não vai ao pé dos jogadores, a estar com eles todos a dar a volta ao campo para saudar o público”, destacou o ex-dirigente leonino: “É importantíssimo, é uma conquista inestimável. Só chamo a atenção dos sócios do Sporting para não estragarem isto”.

E houve outra “conquista” que a goleada do Ajax em Alvalade não apaga: “Uma derrota assim pesa, mas a massa associativa do Sporting, e concretamente as claques, estiveram com a equipa do princípio ao fim e não deram um único assobio. É algo que se conseguiu e que é extraordinário”.

“Várias vezes o Rúben Amorim tem chamado a atenção que há coisas que, se ele fizer, vai desviar-se do projeto. Não podemos passar do momento em que ganhámos o campeonato para, com três ou quatro contratações cirúrgicas, que são boas para trabalhar internamente, pensar que entrámos na Liga dos Campeões e vamos passar já a fase de grupos. É possível, mas não é mais expectável”, alertou.

Na ideia de Dias Ferreira, o Sporting “tem é de apontar para o campeonato”, para aproveitar esta “fase” em que o ranking da UEFA assegura a entrada direta de três equipas portuguesas na fase de grupos da Champions.

“Nesta fase em que ainda está a construir o projeto, o Sporting tem é de ir duas, três, quatro vezes seguidas à Liga dos Campeões e começar a habituar-se, para ser como os outros [Benfica e FC Porto]. Ir à Liga dos Campeões tem de ser um hábito. Não podemos ter tudo de uma vez. O projeto tem futuro, mas precisa de algumas coisas. Um projeto desportivo tem que ter um projeto financeiro que o sustente”, reforçou.

Em relação a esse projeto financeiro, Dias Ferreira lembrou os avisos de que as SAD tinham de “levar uma volta”, feitos inicialmente pelo Sporting, e apontou o exemplo do rival da segunda circular, num momento em que o investidor norte-americano John Textor prepara a compra de 25 por cento da SAD do Benfica.

“Fomos os primeiros a discutir que as SAD têm que levar uma volta. É o [John] Textor ou o Caramelo da Silva, não há volta a dar. E eu tinha dito que o primeiro clube que ia avançar para isso seria o Benfica e não me enganei. Agora vamos avaliar se o senhor Textor é isto ou aquilo, mas é um passo que todos os clubes vão dar”, finalizou Dias Ferreira.