Volto a explicar: aqui faz-se jornalismo independente e responsável e dão-se opiniões profissionais e conhecedoras
O Bancada.pt acabou o ano de 2017 em cima do milhão de utilizadores únicos e dos 30 mil seguidores na página de Facebook. Não é muito, para seis meses de atividade. Esperávamos mais – e queremos muito mais em 2018, porque vamos continuar por aí. Ainda assim podemos cantar vitória em alguns aspetos, o mais importante dos quais será a noção de que mantivemos sempre o respeito pelos princípios que enunciámos no nosso estatuto editorial, pelos princípios do jornalismo independente. Porque, tirando os tolinhos do costume, os fanáticos das certezas absolutas, que gostam de espalhar pesporrência pelas redes sociais – e para esses reservei o último parágrafo deste texto – ninguém nos acusa do contrário.
Há uns meses, um dos maiores teorizadores dos novos media, Thomas Baekdal, escreveu acerca dos posicionamentos que estes podiam adotar: hipermercados onde há de tudo, a baixo preço mas sem grande aprofundamento, que fazem do volume noticioso a maior aposta, ou lojas especializadas, com produtos mais caros mas capazes de responder a necessidades específicas, pelas quais as pessoas estariam dispostas a pagar. O Bancada.pt tenta ser um pouco das duas coisas, sim. Tenta ser um pouco de hipermercado, com grande volume de notícias, mas também quer responder a necessidades específicas. E não me convenço de que seja um erro.
Somos um projeto de iniciativa privada, sem suporte de nenhum dos grandes grupos de comunicação ou de grandes empresas com interesses na área do jornalismo ou do futebol e isso impede-nos mutas vezes de aprofundar os temas tanto como gostaríamos – é preciso manter a linha de montagem em funcionamento. Mas esse é o preço da independência, que foi a necessidade específica que identificámos no mercado e, boa notícia, pela qual nem sequer cobramos. No Bancada.pt não há agendas ocultas – e disso demos conta, desde o primeiro momento, aos clubes, à Liga, à Federação Portuguesa de Futebol. Não estamos empenhados em nada a não ser na verdade e no serviço aos leitores e isso deve-se apenas ao facto de termos a noção de que estes precisavam de um espaço assim, onde o rumor surge separado do facto, onde não há fontes anónimas e onde a opinião é profissional, sempre independente e não influenciável.
Trabalhei no Expresso no tempo do slogan “Acredite se ler no Expresso”. Acusavam-nos de ter adotado um mote arrogante, mas sempre preferi olhar para a frase como um objetivo de carreira. Ando no futebol há anos suficientes para saber o que vale uma notícia acerca de uma transferência ou do interesse de um clube num jogador. Sei o que vale em vendas imediatas ou em cliques, como sei o que vale para quem planta ou sugere essas notícias ao abrigo do anonimato e sei o que vale em perda de credibilidade futura para quem as propaga, se elas não se concretizarem. E sei também que, ao contrário das vendas ou dos cliques, que beneficiam apenas um, a perda de credibilidade é geral – são “os jornalistas”. Pois bem, no Bancada.pt só damos como facto o que podemos comprovar, não publicamos notícias com fontes que não possamos nomear. O que esperamos é ver essa diferença reconhecida por vós, os leitores, por mais tempo que isso demore.
Outra questão tem a ver com a opinião. Queremos saber a opinião dos treinadores, dos jogadores, dos presidentes, mas não nos interessa a dos diretores de comunicação – esses são funcionários pagos para dar informações, para fazer a ligação entre os clubes e os meios de comunicação, pelo que só terão espaço no Bancada.pt se reportarem factos concretos e objetivos e sendo citados, nunca sob anonimato. Porque além dos agentes diretos do futebol, somos nós quem escolhe quem faz opinião no nosso espaço. E, no lote de colunistas externos que escolhemos – Carlos Daniel, Manuel Fernandes Silva, Luís Catarino, Santiago Segurola, João Almeida Moreira, Régis Dupont e Pippo Russo – é impossível não reconhecer conhecimento do futebol e do jornalismo, qualidade na exposição de pontos de vista e multiplicidade de opiniões capaz de satisfazer todas as sensibilidades.
Porque, sejamos francos, se um dos nossos colunistas convidados escrever que uma determinada equipa é a que melhor joga em Portugal – ou pior, o que para o caso é indiferente – isso não tem de ser necessariamente verdade. É a opinião dele. A mim, os princípios do jornalismo honesto e independente levam-me à conclusão de que não tenho de estar de acordo com todas as opiniões aqui publicadas, mas que tenho de defender sempre o direito à sua publicação. Especialmente daquelas com as quais não concordo. A vós, leitores, restará a necessidade de compreenderem que também não têm de concordar com todas as opiniões aqui publicadas, mas que terão de as respeitar. Porque se não ler aquilo com que não se concorda é apenas sinal de intolerância e de resistência à aprendizagem, deixar de ler aquilo de que se gosta só porque no mesmo espaço escreve alguém de quem não gostamos é tão idiota como deixar de comer o melhor cozido à portuguesa da cidade só porque o mesmo restaurante tem agora também uma ementa para vegetarianos.
Serve isto para vos dizer uma coisa. Estamos a entrar no segundo semestre de atividade, já temos uma comunidade de leitores fieis que queremos alargar e recebemos mensagens de muitos que se sentem incomodados com o nível dos insultos ou das insinuações gratuitas que por vezes nos enchem a caixa de comentários. Temos e continuaremos a ter o nosso espaço aberto a comentários discordantes, desde que, lá está, eles sejam substantivos. A partir de hoje deixaremos de tolerar insultos. Quem quiser seguir essa via será avisado. Se persistir será banido. Porque este quer ser um espaço diferente na construção mas também na forma como é seguido: nem todo o engagement é bom.
Bom ano de 2018 a todos!