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"Nunca fomos amigos. Não sei porque Nelson Évora confunde as coisas"
2021-08-05 12:20:00
Pichardo após receber a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos

O português Pedro Pichardo, consagrado campeão olímpico do triplo salto em Tóquio2020, admitiu sentir-se “muito feliz” com a subida ao lugar mais alto do pódio, onde recebeu a medalha de ouro, no Estádio Nacional de Tóquio.

“Foi um momento muito bom, muito feliz”, resumiu o atleta aos jornalistas presentes, após a cerimónia em que o hino nacional se fez ouvir pela quinta vez em Jogos.

O luso recebeu a medalha, que exibiu perante um estádio quase vazio, apenas com jornalistas e oficiais acreditados, antes de cantar o hino enquanto a bandeira de Portugal era erguida no Estádio Nacional de Tóquio.

À RTP, Pichardo falou ainda sobre a relação com Nelson Évora, outro especialista português do triplo salto, campeão olímpico em 2008 nos Jogos de Pequim.

"Nós nunca fomos amigos. Não sei porque ele confunde as coisas. Há alguma rivalidade desportiva. Para mim se ele fala comigo ou não, não faz diferença alguma. Ele está sempre a dizer que ganhou tudo, mas nem a Liga Diamante ganhou. Ele já acabou a sua carreira, eu ainda não. Eu acredito que ele não lidou muito bem com a minha mudança de nacionalidade."

Pichardo tornou-se o quinto campeão olímpico português, sucedendo a Carlos Lopes (maratona de Los Angeles1984), Rosa Mota (maratona de Seul1988), Fernanda Ribeiro (10.000 metros de Atlanta1996) e Nélson Évora (triplo salto de Pequim2008).

Venceu o concurso com um salto de 17,98 metros, conquistando a primeira medalha de ouro para Portugal em Tóquio2020, depois da prata de Patrícia Mamona, na prova feminina do triplo salto, e do bronze do judoca Jorge Fonseca (-100 kg) e do canoísta Fernando Pimenta (K1 1.000).

O atleta de 28 anos efetuou o seu melhor salto, de 17,98 metros, à terceira tentativa, e bateu o seu recorde nacional por três centímetros, impondo-se ao chinês Yaming Zhu, com 17,57, e ao burquinense Fabrice Zango, com 17,47, que conquistaram as medalhas de prata e de bronze, respetivamente.

Os restantes dois saltos válidos do benfiquista na final, ambos de 17,61 metros, também teriam valido o título.

Para o agora campeão olímpico, “quando se ouve o hino é porque se ganha”, razão pela qual, embora tivesse dito antes que não era “muito emotivo”, tenha vivido o momento com “um bocado mais de emoção”.

O ouro, disse ainda, “é a única maneira de agradecer a Portugal”, país pelo qual se naturalizou após a saída de Cuba.

O pai e treinador, Jorge Pichardo, é também ele um homem “pouco emotivo”, e admitiu que a dupla tem trabalhado “desde 2019 para quebrar o recorde do mundo”, do britânico Jonathan Edwards, cifrado em 18,29 metros.

“A estratégia que traçámos era a de quebrar [pelo menos] o recorde olímpico. Hoje, tinha dores na perna direita e não conseguiu. Mas, esperamos recuperar no regresso a Portugal. [Está a saltar] 18,40 e até mais. Os 18,60 eram o plano para hoje”, declarou.

De resto, esse quebrar dos recordes deve acontecer “quanto mais rápido melhor”, e espera que possa acontecer ainda esta temporada, com a final da Liga Diamante, em setembro, como próximo objetivo.

O segredo, esse, é “de família”. “Depois de se retirar, revelo tudo. Mas vou guardar para mim algum detalhe ou outro”, brincou.

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