A suspensão de Raúl Alarcón (W52-FC Porto), que assim perde as duas vitórias na geral individual da Volta a Portugal (em 2017 em 2018), causou um sentimento de ambiguidade a Vidal Fitas, à data o responsável pelo ciclismo do Sporting.
Com o castigo a Alarcón, o FC Porto deverá perder o título coletivo de 2018 para os leões, assim como a vitória na geral individual para Joni Brandão, segundo classificado na Volta a Portugal desse ano com a camisola do Sporting e que agora equipa... de azul e branco.
Vidal Fitas, que era então o diretor desportivo do ciclismo do Sporting, ficou dividido entre a alegria pelos títulos nas gerais coletiva e individual da Volta a Portugal de 2018 e a tristeza de não os poder festejar “na estrada”.
“Sinceramente, ainda não sei dizer que sabor é que tem esta conquista. Acima de tudo, é um dia triste para o ciclismo. Gostava de ter ganhado esta Volta a Portugal na estrada e de a ter festejado com os sportinguistas em Alvalade. Não sei se algum dia terei essa oportunidade”, comentou o antigo responsável pelo ciclismo leonino, atualmente ao comando da equipa Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel.
Títulos que o Sporting alcançou devido ao castigo ao espanhol Raúl Alarcón, apanhado nas malhas do doping. O ciclista da W52-FC Porto foi suspenso por quatro anos por “uso de métodos e/ou substâncias proibidas”, segundo a lista atualizada de suspensões da União Ciclista Internacional.
“A única coisa positiva que se pode retirar disto é que o sistema antidopagem funciona. Infelizmente, ainda existem pessoas que pensam que estão à margem dos regulamentos e que podem passar impunes”, afirmou Vidal Fitas.
Num comentário ao caso, para o jornal Leonino, o ex-ciclista realçou que o passaporte biológico “veio trazer uma grande verdade” à modalidade, muitas vezes associada aos escândalos do doping.
“Sabemos que o sistema funciona e nunca pomos em causa a veracidade dos resultados porque, teoricamente, as coisas estarão devidamente certificadas. Esta é a parte boa desta notícia”, frisou.
Os factos remontam a 2017 e 2018. Em 2019, o Sporting acabou com a equipa profissional de ciclismo. No ano passado, foi anunciada uma competição em homenagem a Joaquim Agostinho e a criação de uma academia destinada às camadas jovens. Sem comentar o fim da modalidade em Alvalade (“Essa pergunta tem de ser feita às pessoas responsáveis”, explicou-se), Vidal Fitas defendeu que o clube faz falta ao ciclismo português, embora alertando que, “nos grandes, a maneira como se vê o ciclismo tem de ser diferente”.
“Os clubes devem olhar para o ciclismo da mesma forma que fazem as empresas, ou seja, pela visibilidade. O ciclismo tem algo que outras modalidades não têm. Muito facilmente se pode fazer um calendário europeu. Naquela altura, era muito fácil um sportinguista estar à conversa com o Joni (Brandão), Rinaldo Nocentini ou com o Frederico Figueiredo”, finalizou o ex-dirigente leonino.