O Benfica conquistou pela 37.ª vez a I Liga, depois de uma segunda volta praticamente perfeita, sob o comando do ‘desconhecido’ Bruno Lage, deixando para trás o FC Porto, que teve o bicampeonato praticamente no ‘bolso’.
Os ‘dragões’ desperdiçaram uma vantagem de sete pontos na liderança e permitiram a recuperação dos ‘encarnados’, que em janeiro estavam praticamente arredados do título e em plena ‘crise’ desportiva.
O Sporting, que iniciou a temporada ainda marcado pelos incidentes na Academia, em Alcochete, ficou pelo terceiro posto, ganhando a batalha ao Sporting de Braga, que não foi além do quarto lugar, apesar de ter andado grande parte da época a ‘meter-se’ no topo entre Benfica e FC Porto.
O Moreirense ‘ganhou’ o título de equipa surpresa desta edição da I Liga, apesar de ter caído para o sexto lugar na última jornada, por troca com o Vitória de Guimarães, que vai regressar à Europa. Mesmo assim, foi a melhor classificação de sempre do emblema de Moreira de Cónegos.
Rio Ave, Belenenses, Santa Clara acabaram todos por fazer um campeonato tranquilo, tendo a certa altura entrado na luta pelas provas europeias.
No fim da tabela, Feirense, Nacional e Desportivo de Chaves disseram ‘até já’ ao principal escalão do futebol português, com os flavienses a caírem apenas na última jornada, enquanto Tondela, Vitória de Setúbal e Desportivo Aves continuaram no ‘comboio’ da I Liga. Marítimo, Boavista e Portimonense também apanharam um valente susto.
Foi uma época ‘bipolar’ do Benfica, que chegou a janeiro a sete pontos do líder FC Porto, situação que levou à queda de Rui Vitória e ao aparecimento de Bruno Lage, um treinador de 43 anos que fez grande parte da sua carreira no futebol de formação, primeiro, e como adjunto, depois, e que estava a viver a sua primeira experiência como treinador principal no Benfica B, na II Liga.
Depois de 18 vitórias e um empate, o Benfica assegurou o título, que sobretudo começou a ganhar forma em 02 de março, quando os ‘encarnados’ foram ao Dragão bater o FC Porto, por 2-1.
Entrou em cena João Félix, um ‘miúdo’ da formação que tinha sido pouco utilizado por Rui Vitória e que encantou o universo benfiquista, e também Seferovic, que iniciou a temporada na lista de dispensas. O suíço acabou por ser o melhor marcador da prova, com 23 golos.
O Benfica sagrou-se campeão com 87 pontos, mais dois do que o FC Porto, e com o melhor ataque da prova, tendo chegado aos 103 golos, ultrapassando pela quarta vez o registo da centena, a primeira desde 1972/73.
A conquista do Benfica foi sobretudo difícil de ‘digerir’ para o lado do FC Porto, que teve tudo para chegar ao bicampeonato, acabando por deitar tudo a perder já perto do fim.
Além da tal derrota em casa com os ‘encarnados’, antes, em fevereiro, a formação de Sérgio Conceição somou dois empates seguidos, com Moreirense (1-1) e Vitória de Guimarães (0-0), resultados que relançaram o Benfica na corrida.
A quatro rondas do fim, o FC Porto tropeçou em Vila do Conde com o Rio Ave (2-2), num encontro em que esteve a vencer por 2-0, e estendeu a ‘passadeira’ ao rival de Lisboa, num final de época de má memória, ainda após o problema de saúde do guarda-redes espanhol Iker Casillas, que sofreu um ataque cardíaco e deverá terminar a carreira.
A melhor defesa do campeonato acabou por ser a portista, com apenas 20 golos sofridos.
A 13 pontos do Benfica ficou o Sporting, que iniciou o campeonato com José Peseiro, que acabaria por ser substituído pelo holandês Marcel Keizer em dezembro, com Tiago Fernandes a servir de interino em duas jornadas.
Um nulo com o FC Porto, em Alvalade, em janeiro, praticamente deixou os ‘leões’ fora da corrida pelo título, mas mesmo assim o clube de Alvalade conseguiu o terceiro posto, sobretudo após registar nove vitórias seguidas, já na fase terminal da I Liga.
O médio Bruno Fernandes voltou a ser a grande figura do Sporting, tendo desta vez marcado 20 golos, que o deixou no segundo lugar da lista dos melhores marcadores, e volta a ser candidato a vencer o prémio de melhor jogador da I Liga, galardão que conquistou em 2017/18.
Apesar do quarto lugar, o Sporting de Braga também termina a época com um sabor amargo, já que andou grande parte do campeonato na perseguição ao primeiro lugar, o que mesmo o técnico Abel Ferreira assumir que o título não seria uma miragem para o lado dos minhotos. Os bracarenses sofreram sete derrotas na segunda volta e ficaram impossibilitados de outros voos.
A nível de treinadores, nove equipas optaram pela ‘chicotada psicológica’ durante o decorrer da I Liga, com Sérgio Conceição (FC Porto), Abel Ferreira (Sporting Braga), Ivo Vieira (Moreirense), Luís Castro (Vitória de Guimarães), Silas (Belenenses), João Henriques (Santa Clara), António Folha (Portimonense), Pepa (Tondela) e Costinha (Nacional) foram os sobreviventes.
O Feirense, com 27 golos, foi o pior ataque, enquanto a pior defesa coube ao Nacional, com 73 sofridos.