Entre castigos, desculpas e até alguns ralhos, o sonho do futebol é sempre uma (boa) desculpa que se tem para dar quando a bola, fiel companheira, é o centro de tudo, para todos.
Desde aqueles tempos em que a rua servia perfeitamente de campo, sem VAR, balizas ou linhas traçadas ao rigor, onde da ‘bancada’ vinha tantas vezes um ‘anda que já chega’ e os craques da bola pediam só mais uns minutinhos de desconto com a eterna desculpa ‘já vou’.
E naquele ‘já vou’ cabem todas e todos que olham para o futebol como um ‘mar’ de rosas mas também de espinhos. Porque nem tudo são facilidades.
A literatura há muito que se ocupa de falar da bola. Há muitos escritos, do passado ao presente, mas a bola, o centro das atenções, nunca será nada sem o jogador. É ele que escreve as páginas de glória ou de desaire.
'Mãe, mãe, quando for grande quero ser jogador da bola'
Não faltam pontos de interrogação no futebol, ao mesmo tempo que as reticências se apresentam, não raras vezes, no percurso. Em busca de um sonho, as vírgulas aparecem, algumas exclamações também, mas nunca um jogador em menino quer saber do ponto final. Porque o futebol é início, meio e o fim fica para depois.
Com André Lacximicant o ‘texto’ começou a ser ‘escrito’ em Lisboa entre amigos com futeboladas intermináveis e a paixão da bola apareceu “de forma muito natural”.
“As minhas primeiras memórias a jogar são na rua em Lisboa com os meus amigos. A minha paixão pelo futebol surgiu de forma muito natural porque praticamente todos os meus amigos jogavam na zona onde morava”, recordou André Lacximicant, em entrevista ao Jogo do Povo.
Foi sempre o futebol, a bola, continua a ser ela, o centro dos sonhos de André Lacximicant como nos tempos em que ficava colado à televisão a assistir aos jogos.
“Como adepto, enquanto era miúdo, via mais os jogos dos ‘grandes’ em Portugal, mas gostava mais de desfrutar sempre que jogava. Por volta dos meus 13 anos comecei a ver os jogos das principais ligas europeias”, lembrou o jogador que tem sido um dos destaques na formação do SC Braga na Liga 3.
“Os sacrifícios foram todos feitos pela minha mãe e hoje em dia estou onde estou muito graças a ela, pois mesmo com as dificuldades e situações menos boas do passado, nunca faltou nada tanto a mim como ao meu irmão”
Aos 22 anos, o avançado que começou no Ponte Frielas, vai ‘escrevendo’ a sua história na certeza de que em cada ‘texto’ que ‘escreve’ nos relvados nunca o faz sozinho. Com ele vai a sua maior fã e que esteve lá sempre, muitas vezes com sacrifícios. Porque quem quer finais felizes nos livros, sabe que nem tudo é conquistado de forma simples.
“Os sacrifícios foram todos feitos pela minha mãe e hoje em dia estou onde estou muito graças a ela, pois mesmo com as dificuldades e situações menos boas do passado, nunca faltou nada tanto a mim como ao meu irmão”, reconhece o jogador do emblema bracarense.
André Lacximicant tem noção de onde veio, onde está e para onde quer ir e chegar. E com ele vão sempre os de sempre. No coração e no pensamento.
“Desde cedo a família sempre foi a minha mãe, o meu irmão e a minha avó. No meu caso, já fiz alguns sacrifícios que não encaro dessa forma, porque fui eu que quis sempre muito e me coloquei nesta posição”, observa o jogador do SC Braga, certo de que o futebol é hoje algo muito apreciado pelos geométricos ou lógicos, mas será sempre dos ‘artistas de rua’, que fazem de uma jogada um texto inacabado, sempre prontos a dar uma ‘letra’ para a perfeição.
Em terra dos Arcebispos André Lacximicant prossegue o ‘texto’ da sua vida
O futebol é dos que vão diretos à baliza, mas também para os que gostam de ir em ésses, não tendo ‘misericórdia’ dos adversários porque isto da bola não é a ‘santa casa’.
Mas é em terra dos Arcebispos que André Lacximicant prossegue o ‘texto’ da sua vida, nas ‘linhas’ do sonho, tentando, quem sabe, fazer como o “maior ídolo” e “inspiração” que também se fez à vida, como André se faz, para triunfar.
“O Cristiano Ronaldo por tudo aquilo que ele teve de lutar para ser quem é, e para ter o impacto que tem”, admitiu o atleta do SC Braga, nestas declarações ao Jogo do Povo, desejando que no futuro existam ‘páginas’ onde possa estar com “os melhores nas melhores ligas”.
“O SC Braga é um grande clube que está cada vez mais em ascensão”
Para já, é no SC Braga que André Lacximicant continua a sonhar com o futebol, como quem pega na bola e vai, campo fora, até à baliza para o golo.
Para já, é na Liga 3 que vai ‘escrevendo’ a sua história, numa “liga muito difícil com jogos sempre bem disputados, jogadores com qualidade e que tem uma boa visibilidade”.
Deste modo, o balanço só poderia ser um: “é positivo”. E nesta positividade mora também o clube que o acolheu há alguns anos atrás.
“O SC Braga é um grande clube que está cada vez mais em ascensão e que tem excelentes condições para o nosso desenvolvimento”, contou ao Bancada o camisola 85 dos ‘guerreiros do Minho’.
Entre remates, jogadas e fintas curtas, André Lacximicant sabe que o tempo continua à sua frente com muitas páginas em branco, prontas a serem escritas com letras de sucesso, sempre “comprometido”, como a mãe lhe ensinou.
“Desde que aqui cheguei tive sempre comprometido em dar o máximo em cada treino e jogo pelo clube, tendo sempre presente o sonho de me poder estrear na equipa principal”, admitiu o jogador que antes de qualquer jogo nada tem de ritual específico, apenas “o foco e concentração no máximo no sentido de ajudar a equipa”. Isso para que no fim o ‘livro’ da sua vida do futebol seja um bestseller que cita a frase mítica de todos: 'Mãe, mãe, quando for grande quero ser jogador da bola'. E André Lacximicant é. Bom de bola, de resto.