“O futebol é bem complicado e exige muito foco e muita dedicação”, avisa Luiz Gustavo, lateral do Gondomar
‘Mãe, mãe, quando for grande quero ser jogador de futebol’ é uma das frases mais icónicas de sempre. Porque sempre que uma criança vê e se apaixona por uma bola, o desejo é o de correr atrás dos sonhos redondos, com golos magistrais a levantar uma arquibancada. E ainda que grande seja o mundo e a vontade de o conquistar nos pensamentos na tenra idade, o sonho acompanha essa ambição. Sempre.
No tempo da escola, das contas de somar e dividir onde se multiplicam objetivos, decoram ditados e poemas, há sempre mães e pais com apontamentos sobre a vida na ciência do explicar para quem ainda quase não consegue entender. Mas Luiz Gustavo, jogador do Gondomar, ficou para sempre com um ensinamento de quem o trouxe ao mundo. É um ensinamento que leva da vida e para a vida.
É certo que todas as crianças têm sonhos e vontades diferentes de dia para dia, como se a cabeça fosse uma empresa de demolições e reconstruções quotidiana. Mas dificilmente se perde o amor ao futebol quando se fica capturado de paixão pelo desporto mais amado.
Com Luiz Gustavo não foi diferente. O Bancada conversou com o brasileiro de Belém do Pará que foi uma das estrelas do Campeonato de Portugal ao serviço do Gondomar e ficaram duas certezas: o futebol é amor e não há nada como os conselhos de uma mãe.
No futebol nem tudo que reluz é ouro
Gondomar ficar bem longe de Belém do Pará mas através do écranzinho do ‘celular’, a distância fica reduzida e tudo se aproxima. Aos 23 anos, Luiz Gustavo galga terrenos no futebol português e mostrou-se em grande nível no Campeonato de Portugal, registando 24 jogos ao serviço da equipa da capital da ourivesaria.
Emprestado pelo Arouca, Luiz Gustavo procura a afirmação no futebol português e sabe que no ‘gramado’ a exigência é grande e o trabalho é minucioso, como se estivesse numa oficina de ouro.
“O Campeonato de Portugal é muito bom, é um campeonato muito competitivo, com grandes equipas. Acho um campeonato que dá muito valor e visibilidade aos jogadores”, afirmou Luiz Gustavo, que sabe que no futebol ‘nem tudo que reluz é ouro’. Por isso, é preciso trabalhar muito para ser alguém no mundo da bola.
Na conversa com o Bancada, Luiz Gustavo mostrou ser um jogador focado e ciente daquilo que quer para a carreira, mas também não escondeu que alinha sempre em uma ou outra brincadeira no ‘vestiário’.
“Sou bastante brincalhão com as pessoas que estão mais próximas de mim. Tirando isso, gosto de ficar no meu canto”, reconheceu o camisola 29 do Gondomar, que desfez-nos a dúvida sobre qual foi o adversário que mais trabalho lhe deu ao longo da temporada.
“O jogador que mais trabalho me deu foi o extremo do Resende, o Paulinho [Paulo Jorge]”, explicou Luiz Gustavo que, em Belém do Pará, é mais conhecido por Gugatwo. E a razão é fácil de explicar. “Eu gosto de jogar com o número 2 quando é possível”.
“Quando tive uma conversa com a minha mãe”
Em Gondomar, coube-lhe a camisola 29 e foi essa que fez questão de “honrar” a cada instante que foi chamado a representar o emblema gondomarense, sempre pautando cada jogo com a mesma filosofia de vida, sendo um ‘Guga’ “tranquilo, humilde e companheiro”, como a mãe, uma das suas grandes inspirações lhe ensinou, como naquele dia em que, com 17 anos, percebeu que o futuro não estava no futsal mas, sim, no futebol.
“Quando tive uma conversa com a minha mãe, ela perguntou-me o que eu queria para a minha vida. Aí percebi que queria ser jogador de futebol”, explicou Luiz Gustavo, que antes era uma ‘joia’ no futsal da região de Belém do Pará.
“Antes de jogar em clubes eu jogava futsal no meu bairro. Jogava com os meus amigos e alguns clubes pequenos de Belém. Só a partir dos meus 17 anos é que eu tive contacto verdadeiramente com o futebol de campo”, revelou Luiz Gustavo nesta entrevista ao Bancada, não escondendo que, afinal, ser jogador da bola foi sempre o sonho de uma vida.
“Eu sempre quis ser jogador de futebol”, justificou Luiz Gustavo, confessando que sabe hoje coisas sobre o mundo e sobre a bola que antes não imaginava.
“O futebol é bem complicado e exige muito foco e muita dedicação”. Palavra do jogador que tem no pai um “ídolo” desde que era criança até aos dias de hoje.
É, de resto, o laço familiar que Luiz Gustavo nunca perde, esteja ele a que distância estiver. Até porque, os golos mais bonitos não acontecem dentro de campo, mas sim nas palavras da família.
“Gosto de ouvir dizer que sou um bom filho e um bom irmão. Deixa-me muito feliz ouvir que sou uma boa pessoa”, admitiu o jogador que sente falta de um prato bem típico paraense na mesa enquanto decorrem as épocas de futebol na Europa. “O açaí paraense”, conta Luiz Gustavo, que nunca recusa o paladar do prato sensação de Belém do Pará.
Fora dos relvados, Luiz Gustavo, adepto incondicional do Clube do Remo, da sua cidade, contou que gosta de jogar PlayStation e Dani Carvajal que tome cuidado. Afinal, na consola, Gugatwo é sempre “titular no Real Madrid” na orquestra de Carlo Ancelotti com Vini Jr e Rodrygo.
O futuro está aí e, como em criança quando ia de de mochila presa às costas para a escola, agora é com a bola presa aos pés que Luiz Gustavo, uma joia do corredor direito do Gondomar, promete continuar a viajar pelos caminhos do sonho do futebol.