Grande Futebol
Uma geração de Ouro a aguardar oportunidades depois de dois Europeus vencidos
2018-07-29 21:10:00
Geração de 1999 conquistou o segundo título europeu, mas só três jogadores têm experiência ao mais alto nível.

Acontecesse o que acontecesse, hoje, na Finlândia, na final do Europeu Sub-19 que opôs Portugal à Itália, nada apagava o que a geração portuguesa nascida em 1999 tem conseguido ao longo dos últimos meses. Se, em 2018, Portugal voltou a alcançar uma final de uma competição de seleções jovens organizada pela UEFA, o feito ganha outra dimensão por ser a segunda consecutiva para a geração de 1999 depois do Europeu Sub-17 conquistado em 2016, no Azerbaijão, perante a Espanha. Mais, um feito que ganha dimensão especial pelo facto de, na Finlândia, por imposição de vários clubes, alguns dos maiores talentos portugueses nem sequer ter estado presente na competição. E, mesmo assim, mais uma vez a geração de 1999 conquistou um título Europeu.

Dos vinte jogadores convocados por Hélio Sousa para o Europeu 2018 no escalão Sub-19, mais de metade (onze) estiveram com o mesmo técnico no Europeu Sub-17 conquistado por Portugal em 2017. Em dois anos, a geração de jogadores nascidos em 1999 alcançou duas finais europeias e venceu dois Europeus, com a final alcançada na Finlândia a ganhar outra dimensão pelo facto de nomes como Diogo Dalot, Diogo Leite, Gédson Fernandes, Luís Maximiano, Luís Silva ou Rafael Leão, presentes no Azerbaijão em 2016, não terem estado presentes na Finlândia por imposição dos clubes que representam ou, no caso de Rafael Leão, de forma a definir o futuro depois da rescisão com o Sporting.

A estes nomes acresce ainda João Félix que apesar de também não ter estado presente no Europeu de 2016 alcançado por Portugal no Azerbaijão é hoje considerado uma das maiores promessas do futebol português e ficou em Portugal de forma a integrar os trabalhos de pré temporada do Benfica. Portugal tem, por isso, nesta geração de 1999, um grupo de jogadores de talento especial e que terá de ser gerido por pinças para bem do futuro do futebol português. Tanto, que grande parte dos jogadores que em 2016 alcançaram o triunfo no Azerbaijão estão já hoje a trabalhar com as equipas principais dos clubes que representam e, por isso, não estão presentes na Finlândia como são os casos de João Félix e Gedson Fernandes no Benfica, de Diogo Dalot no Manchester United, de Diogo Leite no FC Porto, de Luís Silva no Belenenses, de Luís Maximiano no Sporting e até de Rafael Leão, neste momento, ainda sem o futuro definido.

Portugal chegou, por isso, a nova final europeia com um elenco desfalcado, algo que reforça o título de “geração de ouro” dos jovens portugueses nascidos em 1999, com jogadores como Diogo Costa, Diogo Queirós, Domingos Quina, Florentino Luís, João Filipe, João Virgínia, José Gomes, Mésaque Dju, Miguém Luís, Rúben Vinagre e Thierry Correia a repetirem em 2018 nova final europeia, feito conseguido também por David Carmo, Diogo Teixeira, Elves Baldé, Francisco Moura, Francisco Trincão, Nuno Henrique, Nuno Santos, Pedro Correia e Romain Correia que não estiveram presentes no Azerbaijão mas alcançaram a final do Europeu Sub-19 disputado na Finlândia em 2018.

Na Finlândia, a geração de 1999 conquistou o segundo título europeu consecutivo após o triunfo no Europeu Sub-17 de 2016. Uma equipa inexperiente ao nível do futebol sénior, mas amenizada com o surgimento das equipas B. O triunfo consecutivo em torneios europeus de seleções poderá agora servir de pressão junto dos clubes para a sensibilização na utilização destes mesmos jogadores. De todos os nomes presentes na Finlândia, apenas Rúben Vinagre, Domingos Quina e José Gomes, este, já há duas temporadas, contam presenças por equipas principais. Um sinal preocupante, ainda para mais, quando Vinagre e Quina o conseguiram por equipas que nem sequer são portuguesas como são os casos de Wolverhampton Wanderers e West Ham.

Os destaques portugueses na Finlândia:

João Filipe

Com cinco golos em cinco jogos e ainda três assistências, João Filipe foi provavelmente a grande figura de Portugal durante o Europeu Sub-19 disputado na Finlândia. João Filipe esteve em especial evidência na fase a eliminar da prova com dois golos na meia final frente à Ucrânia, bem como com dois golos e uma assistência na final perante a Finlândia. Aos 19 anos, o extremo do Benfica mostra-se assim a Rui Vitória depois de duas temporadas em que alternou entre a equipa jovem do Benfica e a equipa B do clube da Luz.

Francisco Trincão

Se João Filipe esteve em especial evidência na fase a eliminar do Europeu, Francisco Trincão foi uma das figuras de Portugal o longo de toda a competição. Trincão abriu a participação no torneio com dois golos perante a Noruega, tendo marcado mais dois golos na meia final perante a Ucrânia e ainda um dos golos de Portugal na final perante a Itália. Registos aos quais se juntam três assistências ao longo da competição.

Domingos Quina

Tal qual o número que envergou durante o Campeonato da Europa, Domingos Quina foi o maestro do futebol português na Finlândia tendo estado na origem da criação de praticamente todo o futebol ofensivo português. Quina abrilhantou ainda a sua participação com um dos golos do torneio ainda na fase de grupos frente à Itália, ele que chegou ao Europeu como um dos nomes mais experientes do elenco português apesar de até ser um dos mais jovens - só Francisco Trincão nasceu mais tarde do que Quina - com as suas seis participações na equipa principal do West Ham ao longo das duas últimas temporadas, bem como mais de 30 jogos pela equipa Sub-23 do clube inglês.

Rúben Vinagre

Rúben Vinagre mostrou na Finlândia os seus principais atributos sendo um dos principais desequilibradores da equipa portuguesa oferecendo grande profundidade ao seu flanco, mesmo tendo terminado a competição sem qualquer golo ou assistência na mesma. Vinagre que chegou ao Europeu Sub-19 como um dos elementos mais experientes da equipa portuguesa depois de 13 jogos e um golo pela equipa principal do Wolverhampton Wanderers na temporada passada no super competitivo Championship.

Miguel Luís

Com dois golos e uma assistência em quatro jogos, o médio de 19 anos do Sporting foi também um dos grandes destaques da equipa portuguesa na Finlândia. Um habitué dos escalões jovens portugueses, Miguel Luís esteve presente recentemente no Europeu Sub-17 conquistado por Portugal em 2016, mas também no Europeu Sub-19 da temporada passada, bem como no Mundial Sub-20 de 2017. Ainda a aguardar a estreia pela equipa principal do Sporting, Miguel Luís pode aproveitar agora a vaga deixada em aberto pelo empréstimo de Francisco Geraldes ao Eintracht depois de uma temporada que dividiu entre os juniores do Sporting e a equipa B de Alvalade.

Os campeões Europeus Sub-19:

Guarda Redes: Diogo Costa (FC Porto), João Virgínia (Arsenal), Ricardo Benjamim (Depor);
Defesas: David Carmo (SC Braga), Diogo Queirós (FC Porto), Nuno Henrique (Sion), Romain Correia (Vitória SC), Rúben Vinagre (Wolves), Thierry Correia (Sporting);
Médios: Florentino Luís (Benfica), Diogo Teixeira (Rio Ave), Domingos Quina (West Ham), Elves Baldé (Sporting), Francisco Moura (SC Braga), Miguel Luís (Sporting), Nuno Santos (Benfica), Francisco Trincão (SC Braga);
Avançados: José Gomes (Benfica), João Filipe (Benfica), Mésaque Dju (Benfica) e Pedro Correia (Deportivo)