Grande Futebol
Tunísia: um país onde o povo já não sonha, muito menos com o futebol
2018-06-16 11:00:00
Num país abafado pelos conflitos sociais, o futebol serve de 'fuga' para alguns, mas a violência no desporto rei perdura

Oito das 14 equipas que militam no principal escalão da Tunísia foram forçadas a jogar à porta fechada na época passada, na sequência de conflitos. É necessário um adepto passar por sete etapas de fiscalização de segurança para conseguir entrar num estádio. Em abril, um aficionado do Club Africain, um clube do campeonato tunisino, faleceu afogado num rio após um confronto com a polícia. É este o estado atual do futebol num país que este ano marca presença na principal competição de seleções, ou seja, o Mundial disputado na Rússia.

A Tunísia encontra-se em pleno ambiente conflituoso, fulminada por problemas de origem regional e ética. Com muita da jovem população a ter dificuldade em vislumbrar um futuro que motive esperança, são muitos os que se refugiam no desporto rei para fazer ouvir a sua voz. Porém, muitas vezes essas situações acabam simplesmente em violência, que tem atingido um novo pico de limite a cada dia que passa no país. A liberdade de expressão é aquilo que mais pretendem, mas os métodos pecam por não serem os melhores possíveis.

Se o futebol de clubes na Tunísia é o espaço onde os conflitos sociais se manifestam, a seleção funciona como compensador… mas, apenas até certo ponto. “Na verdade, a seleção apenas representa a secção do Norte do país”, apontou o jornalista Souhail Khmair. “Há adeptos enormes de futebol no Sul que nunca tiveram a oportunidade de ver a seleção jogar em primeira pessoa”. A verdade é que a Tunísia, tal como muitos outros países que ficam no Norte de África, tem o monopólio cultural nas cidades costeiras. Assim sendo, os quatro principais clubes (Club Africain, Esperánce Tunis, Etoile Sportive du Sahel e Club Sportif Sfaxien) são todos do nordeste do país e, por consequência, as principais fontes de jogadores para a seleção. A euforia que o futebol proporciona está longe de estar presente na Tunísia.

PERCURSO RUMO AO RÚSSIA 2018

A Tunísia chegou ao Campeonato do Mundo deste ano depois de se conseguir qualificar no primeiro posto do grupo A da zona africana de apuramento para a competição. A República Democrática do Congo ofereceu muita luta e a verdade é que os tunisinos ficaram apenas com um ponto de avanço sobre o segundo classificado. Num agrupamento que contava ainda com a Líbia e a Guiné Conacri,  a Tunísia terminou sem qualquer desaire e com 14 pontos, fruto de quatro triunfos e dois empates em seis jornadas.

JOGADOR A SEGUIR: Ellyes Skhiri

Com quatro internacionalizações aos 23 anos, o médio pode vir a ser uma das principais surpresas da Tunísia neste Mundial e é certamente um dos jogadores a seguir. Skhiri fez uma época de elevado nível ao serviço do Montpellier HSC, equipa na qual é capitão. É apontado a um futuro risonho, que deverá passar pelo atual clube por pouco tempo e uma das principais armas da estratégia tunisina frente aos ataques de Inglaterra e Bélgica.

CONVOCADOS

Guarda-redes: Aymen Mathlouthi, Farouk Ben Mustapha e Moez Hassan;

Defesas: Hamdi Nagguez , Dylan Bronn, Rami Bedoui, Yohan Ben Alouane, Syam Ben Youssef, Yassine Meriah, Oussama Haddadi e Ali Maaloul;

Médios: Elyes Skhiri, Mohamed Amine Ben Amor, Ghaylene Chaalali, Ahmed Khalil, Seifeddine Khaoui  e Ferjani Sassi:

Avançados: Fakhreddine Ben Youssef, Anice Badri, Bassem Srarfi, Wahbi Khazri, Naim Sliti e Sabeur Khelifa.

ONZE PROVÁVEL

Treinador: Nabil Maâloul 

GUIA BANCADA: O MUNDIAL EM HISTÓRIAS

Grupo A

Rússia: O dia em que Rússia boicotou e "roubou" a Ucrânia para jogar o Mundial
Arábia Saudita: A lenda do "Pelé do Deserto", o terror de Setúbal
Egito: O futebol nascido de uma tragédia
Uruguai: Uruguai quer fazer um Maracanazo. Ou um Maracanazov

Grupo B

Portugal: Portugal, toca a jogar pelo chão que, de “Saltillos”, já foi suficiente
Espanha: O dia em que o General Franco teve medo dos russos e tirou um título à Espanha
Marrocos: "África minha" de Hervé Renard tem novo capítulo em Marrocos
Irão: Carlos Queiroz e o Irão: uma relação de amor e ódio

Grupo C

França: Didier Deschamps, o capitão da saga de 1998 em busca da redenção como treinador
Austrália: Um continente pequeno demais para uma seleção
Perú: O amor que os brasileiros ganharam ao Peru e a Cubillas, com a Argentina no meio
Dinamarca: Elkjaer fumava e bebia, mas corria que se fartava

Grupo D

Argentina: O dia em que Deus deu a mão para Maradona ficar na história do futebol
Islândia: Islândia e a aritmética que permite escolher os 23 convocados
Croácia: Quando Boban e Suker viraram heróis de uma nação
Nigéria: Yekini, um lugar na história da Nigéria e no coração dos portugueses

Grupo E

Brasil: Marinho Peres: capitão, desertor e um sonho que virou pesadelo em Barcelona
Suíça: Uma reunião de lendas, duas batalhas épicas e um capitão a jogar com um tumor
Costa Rica: No país mais feliz do Mundo, há um Oásis onde só entram grandes guarda redes
Sérvia: Um goleador esquecido pelo tempo, ídolo de Puskas e um jogo que tudo mudou

Grupo F

Alemanha: O jogo mais tenso de sempre. O jogo de dois vencedores. O jogo do futebol
México: Negrete marcou o melhor golo do Mundo e veio para o Sporting, pena os relvados
Suécia: Brolin, o sueco da pirueta que fez birra na Premier League porque lhe mentiram
Coreia do Sul: O conto de fadas mais contestado da história dos Mundiais

Grupo G

Bélgica: A melhor Bélgica de sempre não chegou para um Deus
Panamá: O golo que não foi e que colocou Panamá no primeiro Mundial 
Inglaterra: Inglaterra e o fracasso nos penáltis: uma sina sem fim à vista
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