Grande Futebol
"Só se aguentarão as equipas que são de um multimilionário", avisa Pérez
2021-04-24 15:15:00
Presidente do Real Madrid não desiste da Superliga e insiste que "algo muito parecido" terá de "ir em frente"

Florentino Pérez, o presidente do Real Madrid e o grande impulsionador do projeto da Superliga europeia, insiste que o novo formato da Liga dos Campeões, apresentado pela UEFA a 19 de abril e que entra em vigor a partir de 2024, não vai responder às necessidades dos clubes.

Em entrevista ao jornal As, o dirigente espanhol reforçou que é preciso uma Superliga “ou outro projeto muito parecido” para garantir a sobrevivência económica dos clubes, tanto mais que “ninguém entende” o novo formato da Liga dos Campeões. “Sinceramente, não entendo. Não entendo o formato, aliás, ninguém o entende, nem o prazo, o porquê de ser em 2024...”, afirmou.

Com a Superliga a colapsar nos dias seguintes a ser lançada, o presidente do Real Madrid deixou o aviso: é preciso fazer algo e com urgência, sendo certo que a Liga dos Campeões não serve como resposta. “Se isto não se resolver, os clubes são todos arruinados”, alertou Florentino Pérez.

“Haverá [com o novo formato da Liga dos Campeões] uma subvalorização das equipas, que vão começar a quebrar, porque só aguentarão as que são de um Estado ou de um dono multimilionário, que, para se entreter, está disposto a perder centenas de milhões a cada época”, acrescentou.

E apresentou contas: “Segundo a consultadoria KPMG, apenas em três meses de pandemia que afetou a temporada passada ditou prejuízos aos 12 clubes da Superliga de 650 milhões de euros. Este ano, com a temporada completa em pandemia, os prejuízos vão andar entre os 2000 e os 2500 milhões de euros. O Bordéus acaba de decretar falência. Ou fazemos algo já ou vai acontecer o mesmo a muitos outros clubes”.

Apontado como o grande ideológo da Superliga europeia, o dirigente espanhol deixou críticas aos emblemas que abandonaram o projeto, mesmo reconhecendo que em alguns casos foi “por pressão” externa. “Os clubes não podem sair assim”, disse: “Alguns, por pressão, tiveram de dizer que saíram. Mas este projeto ou outro muito parecido terá de ir em frente e espero que muito rapidamente”.

A contestação à Superliga foi liderada pela UEFA, que Florentino Pérez acusou de montar “uma operação orquestrada como nunca tinha visto”, movida pela “virulência com que algumas pessoas que não querem perder os seus privilégios manipularam o projeto”.

“Mesmo que tivéssemos lançado a Superliga de outra forma, a reação desses pouco privilegiados teria sido a mesma. Já em janeiro o presidente da UEFA tinha feito duras advertências contra a Superliga. Quisemos discutir detalhes com a UEFA, mas nem nos deram tempo”, sustentou.

O dirigente espanhol frisou ainda que, ao contrário do que é dito, “não é verdade” que a Superliga seja um projeto fechado. “Manipularam tudo. Nem é um plano que exclui, nem vai contra as ligas. O projeto da Superliga é o melhor que já se fez para ajudar o futebol a sair da crise. O futebol está gravemente ferido porque a sua economia está comprometida e temos de nos adaptar à época em que vivemos. A Superliga não vai contra os campeonatos domésticos e tem como objetivo que circule mais dinheiro no futebol”, concluiu.