Grande Futebol
Rui Almeida quer continuar em França após saída do SC Bastia
2017-07-02 11:00:00
Rui Almeida saiu do comando técnico do SC Bastia, após o clube descer à terceira divisão, devido a problemas financeiros

Sem acordo acertado com qualquer clube de momento, mas com a determinação em continuar o trajeto no futebol francês. Foi com esta meta que Rui Almeida, ex-treinador do SC Bastia, revelou ao Bancada o caminho que pretende seguir no futuro da carreira no futebol. O timoneiro português, de 47 anos, saiu recentemente do comando técnico da equipa da Córsega, após não conseguir evitar a descida da Liga Francesa e a consequente queda à terceira divisão, fruto de problemas monetários do clube.

“Se possível, pretendo continuar na Europa central e treinar em França agradou-me bastante. Estou há dois anos no país, fui bem-recebido e bem acolhido”, salientou Rui Almeida em declarações ao Bancada, sem descartar um eventual regresso ao futebol português.

Desde 2015/16 a treinar em solo gaulês, primeiramente no Red Star e posteriormente no SC Bastia, o facto de não ter conseguido evitar a descida de divisão do conjunto da Córsega e a posterior falha da equipa em conseguir arranjar as garantias financeiras necessárias para se manter na segunda divisão foram fundamentais para a saída, divulgada no final de junho. Um acordo que, nas palavras de Rui Almeida, decorreu de forma pacífica, não obstante o facto de o vínculo contratual ter sido assinado até 2019.

“Foi um acordo mútuo. A saída foi tranquila, o clube encontra-se num enquadramento difícil neste momento e já tinha ficado definido que no final da época, caso se constatasse a descida, iria rever a situação”, referiu. Rui Almeida encontra-se então a aguardar possibilidades para abraçar projetos, depois da última experiência não ter tido o desfecho pretendido, não obstante o facto do próprio treinador considerar ter realizado um trabalho positivo ao leme do SC Bastia, clube pelo qual havia assinado em finais de fevereiro.

“Se cruzarmos a média de pontos que fiz com o número total de jornadas, teríamos ficado na primeira divisão. É sempre um pouco difícil de dizer, mas se tivesse chegado um pouco antes, poderia ter sido possível a permanência. E também o jogo que nos foi retirado com o Olympique Lyon [agressões dos adeptos a jogadores do adversário levaram ao cancelamento do jogo e atribuição dos três pontos ao Olympique Lyon] teria tornado possível evitar a descida de divisão”, atestou ainda Rui Almeida ao Bancada.

Da aprendizagem com o “mestre” Jesualdo até ao futebol francês

Rui Almeida já teve um vasto percurso pelo futebol português, embora não seja um rosto conhecido dos adeptos do desporto rei luso. Treinador nas camadas jovens do Benfica, entre 1997 e 2000, coordenador técnico da Associação de Futebol de Lisboa até 2002, adjunto no Estoril-Praia e no Trofense, foi aquando da presença na seleção da Síria que Rui Almeida recebeu um convite que revelou ter sido irrecusável.

Em 2012, o treinador de 47 anos recebeu um convite para integrar a equipa técnica de Jesualdo Ferreira, denominado de “mestre” e “professor” por Rui Almeida. “O surgimento do professor Jesualdo foi, sinceramente, um convite inesperado. Na altura estava na Síria e surgiu essa possibilidade de trabalhar com ele, o que para mim foi irrecusável, dada a pessoa que é”, contou ao Bancada o ex-timoneiro do SC Bastia relativamente à experiência de ser adjunto de Jesualdo Ferreira, que o levou a clubes como Panathinaikos, Sporting, SC Braga e Zamalek.

“Foi uma ótima experiência que tive nos quatro clubes em que estivemos. O professor Jesualdo Ferreira é autenticamente um mestre, em termos de treino e exigência do futebol”, considerou ainda Rui Almeida, que deu outro passo na carreira, em 2015, ao assumir o comando técnico do Red Star, clube que militava no segundo escalão do futebol francês.

“Sabia que a Ligue 2 francesa é bastante competitiva. Alguns treinadores de renome, como o Ranieri no AS Mónaco, tinham por lá passado recentemente. E surgiu o Red Star, que não tinha um grande historial nos últimos cinco a dez anos, mas é um clube com mais de 100 anos, com muita história”. Chegou a Saint-Ouen com o objetivo de estabilizar o clube no segundo escalão, mas terminou o campeonato apenas a um ponto da subida à Liga Francesa. Na temporada seguinte, precisamente 2016/17, Rui Almeida atingiu mesmo a primeira divisão, depois de ter saído do Red Star devido à reestruturação do clube, e em fevereiro ‘aterrou’ na Córsega.

De fevereiro até ao final de junho deu-se a já referida estadia no SC Bastia, cujo desfecho culminou com a saída de Rui Almeida. O futuro? De acordo com as pretensões do treinador, será continuar em solo gaulês. Até porque, de acordo com o próprio, as dúvidas e criticismo inicial em torno de treinadores estrangeiros, seja em França ou noutra liga de topo europeu, desvanecem com a demonstração de trabalho e competência.