No Sporting não fez qualquer golo. Passou por 15 equipas e aos 29 anos é o principal artilheiro da Liga Argentina.
Sebastián Ribas. Recorda-se? O avançado uruguaio passou pelo Sporting na segunda metade da época 2011/12 e deixou em Portugal um registo a zeros no que diz respeito a golos marcados. Cerca de seis anos depois, é agora o principal artilheiro do campeonato argentino, com onze golos apontados com a camisola do desconhecido Patronato. Uma carreira vivida de malas às costas, com 15 equipas no currículo, nove países e um legado que não deixou saudade em Portugal. Aos 29 anos, está em plena fase de renascimento no futebol sul-americano e já é conhecido como “o tsunami do golo”.
Embora a passagem por Portugal possa ser apelidada de total fracasso, a verdade é que Ribas chegou ao Sporting com um repertório considerável no que concerne à finalização. Emprestado pelos leões ao Génova CFC, o uruguaio chegou ao clube italiano na sequência de duas temporada de alto nível pelo Dijon FC. Em 2009/10, foram 16 os golos que apontou em 37 jogos na segunda liga francesa. Na temporada seguinte, melhorou o registo para 24 tentos marcados em 39 encontros nesse mesmo escalão. A correria que tem sido a carreira de Seba Ribas começou quando rumou pela primeira vez ao futebol europeu para jogar no Inter Milão, onde começou nos juniores, vindo da segunda divisão uruguaia. Uma experiência que não recorda como positiva. “Fui muito jovem, com 17 anos. Cheguei a estrear-me pelo Inter. Tinha saído para lá como campeão da segunda divisão no Uruguai [com o Juventud de las Piedras]. A mudança foi muito grande. Foi uma escola do futebol para mim, estava rodeado de estrelas. Foram três anos e se queria jogar tinha que sair de lá”, revelou o jogador ao La Nacion.
Com o regresso a Itália deu-se o início de uma travessia a meio mundo onde o denominador mais comum foi a falta de golos. Assim aconteceu no Sporting. Em janeiro de 2012, Domingos Paciência, então treinador dos leões, viu chegar ao plantel um atacante uruguaio de 24 anos para concorrer com nomes como Ricky van Wolfswinkel, Bojinov e Diego Rubio. Porém, a emenda não foi melhor que o soneto e até ao final da temporada foram apenas sete os jogos que o uruguaio realizou com a camisola verde e branca, quatro deles com o estatuto de titular, mesmo depois da chegada de Ricardo Sá Pinto ao comando técnico do clube. Os 346 minutos que passou dentro das quatro linhas a representar o Sporting tiveram como resultado zero (sim, zero!) golos e um jogador que não deixa saudade em Alvalade devido ao goleador que nunca o chegou a ser.
Genóva CFC, Sporting, AS Mónaco, Barcelona SC (Equador), RC Estrasburgo, Cartagena, Fénix (Uruguai), River Plate (Uruguai), Venados (México), Karpaty Lviv (Ucrânia) e, por fim, o Patronato. É este o currículo de clubes de Ribas, sem esquecer o Inter Milão, o Spezia e o Juventud de las Piedras. Muitas vivências, viagens entre países e malas às costas, percurso do qual se orgulha. “Sei falar vários idiomas graças aos sítios onde joguei. Tenho facilidade, pelo que assim não tinha motivo para não aproveitar esse enriquecimento cultural. Tive a sorte de ter conhecido muitos lugares graças ao futebol. Vivo disto, pelo que é uma bênção.”
Depois do Dijon, numa época já longínqua, o melhor registo finalizador que conseguiu foi no México, pelo Venados, na temporada passada, com onze golos em 28 jogos. Essa marca já foi igualada em 2017/18, mas na hora de falar sobre os golos Ribas deu em Balotelli (recorda-se da expressão do carteiro, cujo trabalho é entregar cartas?). “Faço golos, é o meu trabalho. Para um avançado, marcar golo é o mais importante. Vivemos de isso. Mas, ainda não olho para a tabela [de principais artilheiros do campeonato argentino]; talvez mais à frente.” Ribas pode não querer olhar, mas começa a ganhar fama na Argentina e até já o chamam de Sebagol.