Quatro anos foi tudo o que precisou. Ao longo da história do futebol não faltaram jogadores disruptivos. Houve Cruyff. Houve Best. Houve Maradona. Até por cá houve Vítor Batista. Nenhum deles foi Robin Friday. Como Robin Friday não houve, nem alguma vez irá existir outro. Quatro anos foi tudo o que Robin Friday precisou para mostrar que era um futebolista genial. Que podia fazer tudo ao nível do melhores. Se lhe apetecesse, claro. O que não era o caso. Para Robin Friday o futebol era uma paixão como várias outras, mas ser futebolista não o era. Porém, ao longo daqueles quatro anos, uma coisa ficou certa: Robin Friday foi o melhor futebolista que nunca vimos jogar.
Nascido em Londres e com passagens nas camadas jovens por clubes importantes como o Crystal Palace, o Queens Park Rangers e o Chelsea, foi em Reading e Cardiff que entre 1974 e 1977 se definiu como uma das maiores lendas da história do futebol, alcançando estatuto de herói de culto em ambos os clubes. Não chegou mais longe porque não quis. Ficou para sempre conhecido como "the man who didn't give a fuck", palavras da própria família, mas mais tarde eternizado num single lançado pela banda galesa Super Furry Animals em 1996. Dentro e fora de campo, Robin Friday foi uma personagem, no mínimo, intrigante.
Dentro de campo, Robin Friday era imparável. Podia pegar numa laranja, dar toques com ela, controlá-la com as costas do pescoço, rolá-la pelo corpo e dominá-la com o pé. Jogava ténis, cricket e lutava boxe. O problema, para o avançado londrino, é que fora dele também o era. Indomável. Não importavam as qualidades futebolísticas de Friday, a técnica apurada, a inteligência que mostrava em campo, a dureza mental e física. Friday não queria saber e viveu de acordo com isso. Apesar de ao longo da carreira de formação ter passado por clubes importantes ao chamar facilmente a atenção dos olheiros desses clubes, a atitude que demonstrava na vida levavam esses mesmos clubes, invariavelmente, a desistir de Robin Friday.
Foi aos 16 anos que Robin Friday foi preso pela primeira vez. Da escola nunca quis saber, mesmo que o talento para o desenho e as capacidades atléticas lhe estivessem bem desenvolvidas. Aos 15 anos tornou-se estucador, profissão da qual desistiu pouco depois. Por esta altura a presença de Robin Friday em discotecas e concertos de música era assídua, tal qual era o consumo de drogas. Dois meses depois de se tornar estocador desistiu, passou a trabalhar numa mercearia como motorista e pouco depois como limpador de janelas. Foi por esta altura que Robin Friday desenvolveu outro dos seus vícios. Roubar. Não necessariamente porque precisava, mas porque, lá está, "didn't give a fuck". Foi preso pela primeira vez ao ser apanhado a roubar um rádio de carro, libertado pouco depois por sofrer de asma, mas a reincidência levou-o a cumprir 14 meses de prisão quase imediamente a seguir. Apenas três meses depois.
A prisão, por paradoxal que possa parecer, acabou por ser a porta de entrada para Robin Friday no Reading. Tornou-se mais forte e mais atlético, passando a treinar com a equipa jovem do clube, algo que acabou por não ter seguimento imediato, com Friday a regressar a Londres após a libertação para junto da namorada e da filha bebé. Friday tinha 17 anos quando casou, um relacionamento que também ele não foi parco em controvérsia já que a namorada de Robin Friday era mestiça, algo que levou a que os pais de ambos boicotassem o casamento e a que em aparições públicas de ambos resultassem muitas vezes altercações.
Friday passou vários anos a jogar em equipas de mínima dimensão - chamando sempre à atenção pela sua qualidade - quando chegou por fim ao Reading em 1974, já depois de ter dividido os relvados e trabalho de asfaltação de estradas, sem nunca esquecer o excessivo consumo de álcool e drogas, bem como constantes casos de infidelidade. Friday podia nunca ter chegado a ser futebolista profissional, sequer. Ainda antes de chegar ao Reading quase morreu quando trabalhava, sofrendo uma perfuração na nadega que atravessou o estômago e por pouco não perfurou um pulmão. Friday teve de ser intervencionado numa operação cirurgica delicada que durou horas. O melhor? Não só foi o próprio Friday que sozinho saiu do espeto que quase o matou, como recuperou de tudo isto em apenas três meses.
Em Hayes, clube que representou em 1973/73, temporada anterior à chegada ao futebol "a sério", Friday teve uma das suas melhores histórias. Foi já com oitenta minutos de um jogo da equipa decorridos que finalmente o avançado chegou ao campo em notório estado de embriaguez e com a equipa empatada a zero. Sem que os adversários lhe prestassem grande atenção face ao estado deplorável em que chegara ao jogo, já atrasado, Friday aproveitou e fez o golo da vitória do Hayes já ao cair do pano. Foi quando o Hayes acabou sorteado com o Reading, então clube da quarta divisão de Inglaterra, para a segunda ronda da Taça de Inglaterra que a vida de Friday quase mudou.
O Hayes surpreendeu. Arrancou um empate ao Reading e obrigou a um jogo de repetição que os Royals acabaram por vencer por 1-0 evitando o escândalo. Friday sobressaiu ao ponto do então treinador do Reading passar a viajar regularmente para Hayes para ver Friday jogar. Charlie Hurley estudou o histórico de Friday, mas as suas performances em campo acabaram por levar a melhor, com o Reading a acreditar na capacidade de Hurley em domar a fera. Em Janeiro de 1974, Friday lá assinou com o Reading. Custou 750 libras ao clube, depois de ter recusado o Watford. Deixava o Hayes depois de 46 golos em 76 jogos, e como um dos avançados mais prolíficos do futebol inglês da altura.
"Na sua primeira sessão de treino com o Reading, fizeram um jogo de seis para seis e o Robin Friday passou o jogo a tentar pontapear o máximo de jogadores consagrados do Reading que conseguisse. Deve ter deixado dois ou três fora do jogo e Charlie Hurley teve de o chamar à parte e retirá-lo do exercício", recorda David Downs historiador dos Royals. Foi com o Reading envolvido numa série negativa de duas vitórias em 14 jogos e depois de Friday se destacar em vários jogos consecutivos pela equipa de reservas do clube que foi chamado à equipa principal dos Royals. Na estreia, num empate a três golos com o Northampton Town, a imprensa local apelidou a sua exibição de fabulosa, tendo marcado o primeiro golo pelo clube pouco depois numa derrota por 2-1 em Barnsley. O Reading ofereceu-lhe então um contrato profissional, mas o salário que ia auferir era metade daquele que Friday recebera como asfaltador. Risco zero.
Dentro de campo Robin Friday encantava. Com golos de antologia. Jogadas geniais. Para muitos era melhor do que George Best e seria uma questão de tempo até estar a jogar na primeira divisão inglesa e ao serviço da seleção, se os valores morais assim o permitissem. Pelo Reading fez 121 jogos, marcou 46 golos, mas foi fora de campo que colecionou histórias como nenhum outro. Tecnicamente era inigualável e fisicamente fora do normal. Nunca usou caneleiras, mas era a sua resistência à "pancada" que levava que impressionava. Não importava o quão magoado podia sair de um lance. Robin Friday sempre se levantava e continuava a jogar. A certa altura chegou a marcar 16 golos num espaço de cinco jogos.
Tal como em campo, fora dele, Robin Friday era indomável e só as exibições extraodinárias lhe valeram crédito para que o Reading aguentasse as constantes histórias de mau comportamento do seu avançado que era constantemente banido de diversos bares de Reading pelos tumultos que criava sozinho. Certa noite, Friday surgiu mesmo vestido com um longo sobretudo e botas. Já regado. Rumou à pista de dança, atirou o sobretudo para longe e sem nada por baixo, só em botas, todo nú, dançou até lhe apatecer. Friday que tinha mesmo uma dança, inventada por si, chama "o elefante" em que colocava os bolsos das calças do avesso, abria a braguilha e, bom, vocês imaginam o resto.
A única altura em que Robin Friday mostrava algum profissionalismo era nas horas antes de um jogo. Pelo menos, até certa altura, nas 48 horas que antecediam os jogos do Reading, Friday não bebia. Vingava-se nos outros, bebendo o dia todo, mas pelo menos naquele período era profissional. Menos na altura em que tocava os seus prezados discos de heavy metal a qualquer hora do dia, em volume máximo, sempre acompanhados de um uso quase corriqueiro de LSD. Robin Friday simplesmente não queria saber. No verão de 1974 submeteu-se a uma intervenção cirurgica para remover tatuagens dos dedos e sem avisar o Reading juntou-se a uma comunidade hippie falhando a pré temporada do clube. No regresso, em dia de jogo particular frente ao Watford, jogou melhor do que qualquer outro jogador e clubes como o Sheffield United ou o Arsenal ficaram à espreita. Em setembro de 1974 era mesmo o melhor marcador das ligas profissionais inglesas, mas a falta de disciplina em campo, com vários amarelos por mau comportamento, recolhia críticas um pouco por toda a parte.
Nos jogos fora de casa, o comportamento de Robin Friday começava a tornar-se demasiado imprevisível e errático. Certa vez, numa pausa durante uma viagem da equipa, ao aperceber-se que o autocarro se encontrava junto de um cemitério saltou o muro do local e roubou figuras de anjos de uma campa para colocar junto da cadeira do presidente do clube. Noutra ocasião, arrombou a porta do quarto de hotel em que a equipa estava hospedada depois de saber que um colega de equipa tinha conseguido levar para lá uma rapariga e, ainda nessa mesma noite, apareceu no bar de hotel com um ganso ao colo que havia encontrado nos terrenos do hotel. Já num jogo, após um golo marcado, correu em direção a um polícia e beijou-o justificando-se mais tarde com o facto de ter visto o polícia com um ar miserável, cheio de frio e a precisar de mimos, arrependendo-se, porém, já que detestava polícias. Em 1974/75 quase liderou o Reading à promoção, foi o melhor marcador do clube e votado o jogador do ano dos Royals.
Na temporada seguinte, Friday continuou a fazer crescer o seu estatuto de culto. Com golos decisivos e magistrais, e acusado de fazer coisas que nem Pelé ou Cruyff conseguiam, Friday foi deixando o Reading perto da promoção e sendo sujeito a propostas de outros clubes como o Cardiff City para onde acabaria por se transferir meses mais tarde. Quando lhe diziam que nunca tinham visto alguém jogar ou marcar um golo como algum que tivesse visto Friday marcar, o avançado respondia ao seu jeito: 'A sério? Aparece por cá mais vezes, então, que eu faço isto todas as semanas'. Em 1975/76, com 22 golos marcados, Friday levou mesmo o Reading para a terceira divisão inglesa. Mais uma vez melhor marcador da equipa. Mais uma vez melhor jogador dos Royals.
A promoção à terceira divisão, porém, ficou longe de ser um momento definitivo no clube, muito por culpa da gestão do mesmo. Os baixos salários oferecidos pelo clube deitaram abaixo a moral do plantel e o próprio Friday, de tão ofendido que ficou, exigiu que o transferissem. Pela primeira vez, Robin Friday parecia preocupar-se e à imprensa justificou o pedido com o facto da direção não partilhar da mesma ambição dos jogadores e nem no dia do segundo casamento Robin Friday passou despercebido. Filmado por uma cadeia de televisão, Friday surgiu com uma camisa de padrão tigresse aberta até ao peito, fato de veludo e botas pele de cobra a enrolar uma "ganza" nos degraus da igreja. Tudo só podia piorar a partir daí e dado o excesso de álcool e drogas consumidos pelos convidados, o casamento terminou em batalha campal e com os presentes de casamento roubados pelos convidados. "A coisa mais hilariante de sempre", chamou-lhe a nova esposa de Robin Friday.
A promoção à terceira divisão inglesa marcou o início do declínio de Robin Friday. Segundo o treinador do clube, Friday perdeu o rumo nesse verão, provavelmente, por ter festejado demasiado, surgindo na pré temporada dos Royals em más condições, com dificuldade em controlar a asma fora de forma e tendo perdido grande parte da sua velocidade. Até tecnicamente Robin Friday parecia ter perdido o jeito. Friday consumia cada vez mais drogas e eram cada vez mais regulares as faltas aos treinos do Reading e apesar do interesse de clubes como o QPR ou o West Ham, o conhecido temperamento de Friday evitou que o avançado desse o salto definitivo rumo ao estrelato. Por fim, em outubro de 1976, foi colocado no mercado pelo Reading.
Apesar de um preço pedido pelo jogador na ordem das 55 mil libras, uma proposta do Cardiff City por cerca de metade acabou por ser aceite tal o desespero do Reading em livrar-se de Robin Friday naquela altura. O comportamento do jogador chegou ao ponto de, em determinado jogo, descontente com a exibição dos colegas, ter entrado no balneário adversário e defecado na banheira do Mansfield Town. Friday não ficou particularmente satisfeito de ser vendido ao Cardiff City, por ser demasiado longe de casa, pagarem pouco e não ser um clube de primeira divisão, porém, sob ameaças de acabar dispensado pelo Reading, lá acabou por rumar ao País de Gales.
Como não podia deixar de ser, nem a viagem para Gales rumo ao encontro com o novo treinador e responsáveis do emblema de Cardiff correu como planeado. Friday não se preocupou sequer em comprar um bilhete e acabou detido por viajar sem ingresso válido. Na estreia, frente ao Fulham, onde pontuava o lendário defesa inglês, campeão do Mundo, Bobby Moore, um dos melhores de sempre, Friday marcou. Dois golos. O Cardiff venceu 3-0, mas foi a atitude perante a lenda Moore que ainda hoje perdura. Ao bom estilo de Vinnie Jones, anos mais tarde, com Paul Gascoigne, Friday marcou a sua posição e mostrou ao que ia, agarrando e apertando os tomates a Bobby Moore.
A estreia pelo Cardiff não teve continuidade e à medida que a vida pessoal e particular de Friday se degradava e se tornava cada vez mais caótica, eram também cada vez mais constantes as ausências sem justificação dos treinos e jogos da equipa galesa. De Friday, que devia estar a viver em Bristol, poucos sabiam do paradeiro a maioria das vezes e segundo os colegas este nem se preocupava em tomar banho. Se em Reading o antigo treinador ainda conseguiu exercer alguma autoridade sobre Friday, em Cardiff, o avançado tornara-se simplesmente indomável. Suplicou para que o quisessem de volta em Reading, mas nada feito. Insatisfeito com a nova vida, passou a viajar regularmente entre Londres e Cardiff, nunca pagando bilhete e fingindo ser cobrador para roubar os bilhetes aos viajantes.
Até para os companheiros de equipa, Friday tornara-se um perigo. Num treino, após ser atingido com uma bola na cabeça e um colega se ter desmanchado a rir, Friday não foi de meios actos e esmurrou o colega de tal forma que o deixou duas semanas com um colar cervical depois de lhe desfazer o maxilar. Noutra ocasião, durante uma concentração da equipa, acordou a comitiva a meio da madrugada enquanto furiosamente e em cuecas lançava bolas de snooker às paredes e tecto do hotel.
Robin Friday falhou a pré temporada do Cardiff City em 1977/78 depois de ter passado várias semanas no hospital debatendo-se com um virus que o fez perder 13kg. Foi já com dois meses de temporada decorrida que Robin Friday se apresentou ao trabalho no clube, regressando à equipa para um jogo em Brighton já em outubro e com o Cardiff City enterrado em zona de despromoção. Nesse jogo Robin Friday foi marcado por Mark Lawrenson ainda antes do internacional irlandês se tornar lenda em Liverpool, e ao contrário do que conseguira fazer com Bobby Moore, a marcação impiedosa de Lawrenson frustrou de tal maneira Friday que o avançado do Cardiff City acabou mesmo a pontapear o adversário na cara. Friday foi expulso, mas não se ficou por aí. Reza a lenda que se dirigiu ao balneário do Brighton e acabou a defecar dentro da mala de viagem de Lawrenson.
Foi o ponto final. O Cardiff City colocou de imediato Friday no mercado e depois de servir uma suspensão de três jogos, Friday fez a última aparição pelo clube galês em dezembro de 1977, naquela que acabou por ser, também, a última imagem de Robin Friday como profissional de futebol. Com mais um processo de divórcio a iniciar-se, Friday afirmou ter-se cansado de ter pessoas a tentar mandar e a dizer-lhe como se devia comportar. Foi dispensado pelo Cardiff.
Após a desistência do futebol, aos 25 anos, Robin Friday regressou a Londres e voltou a trabalhar na asfaltação, mas também como decorador. O Reading ainda tentou contratá-lo de volta, mas Friday não quis. Em 1978 chegou a treinar com o Brentford, mas quando parecia estar finalmente a recuperar o seu nível, fartou-se e deixou de aparecer nos treinos. Casou uma terceira vez, divorciou-se três anos depois e voltou a ser preso nos anos 80 depois de fingir ser um polícia e confiscar droga a diversas pessoas. Foi encontrado morto, sozinho, já com o corpo em decomposição, em 1990 devido a uma paragem cardíaca sob suspeitas de ter sido provocada por uma overdose de heroína.
O legado de Robin Friday, mesmo nunca tendo jogado ao mais alto nível, é imenso. Um jogador genial, o melhor que nunca acabámos por ver jogar. Votado como herói de culto em Reading e Cardiff, foi também considerado pelos adeptos dos Royals o jogador do milénio do clube em 1999. Friday, aliás, encabeça de forma sucessiva qualquer votação de adeptos do Reading sempre que a discussão relativa ao melhor jogador da história do clube surge em determinado momento. Tudo isto, tendo jogado apenas quatro temporadas como profissional. "Dentro de campo, odeio todos os adversários. Não quero saber de ninguém. Todos acham que sou louco, um lunático. Não. Eu sou um vencedor", afirmava. Robin Friday que, apesar de tudo, recordam técnicos e ex colegas, dava tudo de si pela sua equipa e exigia o mesmo de todos os outros.
Hoje em dia, por Reading, não há um Robin Friday. Para o bem e para o mal. A viver um período complicado após o rebaixamento ao Championship em 2013, debatendo-se há vários meses com a manutenção na segunda divisão inglesa após o falhanço no playoff de promoção em 2016/17, o Reading é um clube à procura de estabilidade desportiva e diretiva. Há poucos dias, os Royals apresentaram um novo CEO e direção para o futebol, com Nigel Howe, antigo dirigente do clube, a assumir a posição que era de Ron Gourlay há pouco mais de um ano. O falhanço que foi a aposta em Paul Clement, antigo número dois de Carlo Ancelotti, e sucessivas janelas de transferência dececionantes, foram fatais para Gourlay e é agora Howe que procura dar novo rumo a um clube que ainda há pouco tempo esteve na Premier League. É neste contexto que pode chegar Luís Castro, uma aposta de muito maior risco para o português do que propriamente para o clube.
Em 2018/19, o Reading continua em crise desportiva, ocupando por esta altura o 20º lugar no Championship, posição imediatamente a seguir à zona de despromoção mas em igualdade pontual com Millwall e Bolton, equipas imediatamente atrás dos Royals. Esta temporada, só Wednesday, North End, Ipswich Town, Millwall e Aston Villa sofreram mais golos do que o Reading na competição, com os Royals a serem por esta altura somente o 11º ataque mais concretizador do Championship. Uma equipa que ao contrário do que é padrão nos conjuntos de Luís Castro não fez da circulação e do acerto no passe uma arma sob o comando técnico de Paul Clement. Uma equipa com dificuldade em criar oportunidades de golo, sendo que apenas Bolton e Ipswich, até agora, em média, registam menos tentativas de remate por jogo do que os Royals.
Ao Reading, dentro de campo, faz falta atualmente um Robin Friday. Descrito por quem o conheceu como um jogador fenomenal e um avançado completo ao bom jeito de Alan Shearer. Nenhum outro futebolista alguma vez equilibrou de tal forma o sublime com o ridículo. Um mulherengo, um boémio. O melhor jogador que nunca vimos jogar.