Grande Futebol
Rangers tenta com Gerrard o que não deu com um português: sair do inferno
2018-05-05 16:00:00
O histórico clube de Galsgow tenta recuperar o espaço que um dia foi seu: o de lutar com o Celtic por títulos

A descida do Glasgow Rangers ao fundo dos infernos não foi apenas um período negro para o clube de Glasgow, foram também tempos complicados para o futebol escocês, afinal de contas, o clube de Ibrox é uma fatia enorme da história do desporto britânico. Em 2012, o clube com 54 campeonatos escoceses ganhos, teve de fechar portas devido às imensas dívidas ao fisco, hoje, o clube luta por recuperar o lugar que um dia foi seu e conta com Steven Gerrard para fazer aquilo que um português não conseguiu.

Com uma dívida a rondar os 55 milhões de euros ao fisco britânico e mais 80 milhões a outros credores, em 2011, o Rangers entrou numa situação de insolvência que terminou em falência, em 2012. O histórico clube fechou portas e reabriu sob o nome de Rangers Football Club. O histórico rival do Celtic na luta pelos títulos do futebol escocês e um dos clubes mais titulados do Mundo viu-se a disputar a terceira divisão.

Na temporada 2012/13 a equipa conseguiu a subida, apoiada numa espinha dorsal que se manteve no clube durante toda a tempestade: Lee McCulloch, Lee Wallace e Neil Alexander foram alguns dos nomes que mostraram algum espírito de missão no sentido de transportar o Rangers de novo ao palco maior do futebol escocês. As coisas acabaram por correr bem dentro de campo - com a conquista do primeiro lugar -, mas cá fora, as notícias nem sempre eram as melhores.

Em 2013, o então dono do Rangers FC, Charles Green, foi obrigado a recuar depois de uma investigação que apurou ter ligações com Craig Whyte, o antigo dono do clube. Green foi obrigado a vender as suas ações. A saúde financeira do clube era precária e o tumulto diretivo ia piorando o estado das contas do clube que, em 2014, tinha apenas 4 milhões de euros no banco, quando, um ano antes, registava um saldo de cerca de 23 milhões de euros.

No campo, a equipa continuava a recuperar o tempo perdido. No final da temporada 2013/14, o Rangers FC conseguiu novamente ser líder, desta feita da League One, o segundo escalão do futebol da Escócia. Fora das quatro linhas as disputas continuavam enquanto os sócios desesperavam por uma solução que recolocasse o clube, fundado em 1872, em paz e com condições por reconquistar um lugar, na pirâmide do futebol escocês, condizente com a sua história e pergaminhos.

Desportivamente, a temporada 2014/15 não foi tão produtiva como as anteriores. O Rangers FC falhou a subida ao escalão principal depois de ter sido eliminado, pelo Motherwell, na final do play-off de promoção à Premier League escocesa. O pesadelo ainda não tinha terminado e, pela frente, havia mais um ano no escalão secundário. O suplício dos adeptos do Rangers ia sendo agravado pela soma de títulos que o grande rival Celtic ia aproveitado para o seu palmarés. A dor dos protestantes era incalculável.

O regresso do Rangers ao escalão principal do futebol escocês foi garantido no final da temporada 2015/16. O primeiro lugar da tabela classificativa durante a fase regular, valeu ao clube a subida automática à Premier League e o regresso ao convívio com os maiores clubes daquele país. O caminho, contudo, ainda não estava concluído. Faltava agora devolver a equipa a um estado que lhe permitisse concorrer com o Celtic pelo trono do futebol escocês.

A primeira época no topo da pirâmide não correu bem. O Rangers FC terminou a temporada 2016/17 em terceiro lugar a 33 pontos do campeão, Celtic. Durante a época a equipa conheceu três treinadores, o último foi Pedro Caixinha, o português que havia construído reputação no futebol mexicano.

Pedro Caixinha iniciou a temporada, que agora caminha para o seu término, e, ao Rangers FC, chegou uma mão cheia de pedidos expressos pelo treinador português. De Portugal foram Bruno Alves, Daniel Candeias, Dálcio Gomes e Fábio Cardoso, e do México, aterraram em Glasgow, Eduardo Herrera, Carlos Peña e Alfredo Morales (Colômbia). A aproximação ao Celtic não aconteceu. Pode dizer-se mesmo que falhou redondamente. O melhor que conseguiu, nos cinco jogos que realizou frente ao Celtic, foi um empate a zero. De resto, quatro derrotas, duas delas pesadas (5-0 e 4-0).

O clube já anunciou a contratação de Steven Gerrard para liderar os destinos da equipa para a próxima temporada. A tarefa não se adivinha nada fácil para o inglês que inicia, desta forma, a sua carreira de treinador principal, depois de um par de anos a ver Jürgen Klopp trabalhar no Liverpool FC. Resta perceber Gerrard irá ter sucesso nesta aproximação ao rival Celtic e devolver, aos adeptos do Rangers, o orgulho de outros tempos.