Grande Futebol
Quem diria? Afinal a Alemanha também perde
2018-11-17 15:20:00
A seleção alemã vai descer ao segundo escalão da Liga das Nações e as críticas multiplicam-se

Joachim Löw terá pensado que o pior tinha acabado com o fim do Mundial da Rússia. Mas a promessa de revigoração da seleção alemã não está a correr como planeado. A Mannschaft vai descer ao segundo escalão da Liga das Nações e ainda não conseguiu vencer qualquer jogo oficial após o descalabro no Campeonato do Mundo. Na Alemanha, as vozes de contestação a Löw já se fazem ouvir.

"Nova vida? A equipa de Löw continua a escrever a história que começou no Mundial da Rússia", escreveu a conceituada revista alemã "Kicker" após a derrota por 3-0 aos pés da seleção holandesa para a Liga das Nações, a nova prova para seleções da UEFA. Os problemas defensivos postos a nu durante o Campeonato do Mundo estavam longe de ser resolvidos como demonstrou o encontro com os holandeses.

A imprensa alemã vai questionando as opções de Joachim Löw acusando o selecionador de ser demasiado fiel aos jogadores que guiaram a seleção bávara à conquista do Campeonato do Mundo de 2014, disputado no Brasil. As questões levantam-se: Estão as sua táticas ultrapassadas? É este o fim da estrada para um selecionador que está no cargo há 12 anos?

A verdade é que estas questões foram mesmo colocadas a Joachim Löw, após a derrota recorde frente à congénere da Holanda, mas o técnico rejeitou responder, dizendo apenas que não é a ele que teriam de perguntar pelo futuro do selecionador alemão. Joachim Löw passava a batata quente para Reinhard Grindel, o presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB).

O dirigente, bem ao estilo alemão, respondeu de forma clara: "Era óbvio que a equipa iria ter algumas dificuldades depois do que aconteceu no Mundial da Rússia", disse. "Mas é importante que nos mantenhamos unidos, dentro e fora do campo", apelou Reinhard Grindel.

Mas, ao contrário do que talvez desejasse Reinhard Grindel, grande parte dos jogadores esquece o discurso politicamente correto. "Se perdermos sempre como nos tem acontecido deixa de ser coincidência", atirou Joshua Kimmich, após a pesada derrota da seleção alemã diante da grande rival Holanda. As críticas, vindas do coração da equipa, prosseguem: "O nosso jogo é lento e previsível", disse Julian Draxler.

Mas Joachim Löw continua a ter os seus fiéis. Mats Hummels, um dos jogadores de confiança de Joachim Löw saiu em defesa do grupo e, de certa forma, do selecionador. "Na minha opinião, não tivemos ainda um jogo mau desde o Mundial, mas os resultados não têm caído para o nosso lado", lamentou o central do Bayern, que continuou a defesa da equipa: "Não acho que possamos ser acusados de alguma coisa neste momento. Temos uma boa atitude dentro do campo, trabalhamos. Estamos apenas a falhar nos resultados", justificou Hummels.

No entanto, foi o próprio Joachim Löw a revelar que o estado de espírito da Mannschaft não é melhor atualmente: "É fácil de perceber que a confiança não é a melhor depois do que aconteceu nos últimos meses", analisou o selecionador alemão, que acrescentou: "Perdemos o norte. Nos últimos dez minutos, os jogadores têm de assumir a responsabilidade e não podem correr como galinhas sem cabeça", atirou Joachim Löw após a derrota com a Holanda (3-0).

"A Alemanha tornou-se numa seleção medíocre", escreveu o conceituado jornal germânico "Welt", prosseguindo: "Löw tem de se desprender da sua base de jogadores que venceram o Mundial em 2014. O selecionador está a ficar sem argumentos. Ele precisa reagir rápido, a equipa necessita de novos impulsos", analisou a publicação.

A Alemanha foi despromovida ao segundo escalão do futebol europeu, de acordo com o novo alinhamento da UEFA e terá de competir por um lugar no próximo Europeu. Resta saber se será com Joachim Löw ao leme.