Grande Futebol
Quando o meio-campo não tem bola a equipa é que sofre (mas valeu a pena)
2018-10-04 20:40:00
Ter a bola a meio-campo foi um problema para o Sporting que sofreu até ao fim para virar o resultado a favor

Uma reviravolta ao cair do pano deu a vitória ao Sporting diante do Vorskla Poltava, a segunda consecutiva dos leões na fase de grupos da Liga Europa. Um final de jogo eletrizante que acabou por premiar o esforço da formação leonina que tudo tentou numa fase em que a equipa ucraniana só tentava segurar a vantagem. Os leões conseguiram mesmo dar a volta ao texto com golos de Montero e Jovane Cabral, apostas ganhas por José Peseiro que os lançou durante a partida. O Sporting ganhou bem um jogo em que nem sempre se sentiu confortável, muito sobretudo pela dificuldade que sentiu em ter bola a meio-campo e pelas poucas oportunidades de perigo que conseguiu criar junto da área adversária.

José Peseiro apresentou várias alterações no onze, desde logo com as entradas de Bruno Gaspar, Carlos Mané e Diaby, este como referência atacante. Jefferson foi chamado à lateral esquerda da defesa, empurrando Acuña para a zona central do meio-campo onde Petrovic jogou a seis. Nani regressou à titularidade, jogando do lado esquerdo. O Sporting foi logo surpreendido na madrugada do jogo com o golo do Vorskla, num remate de meia distância de Kulach, após um mau alívio de André Pinto. A equipa leonina passou a ter de correr atrás do prejuízo quando parecia vir com uma estratégia de contragolpe a explorar a profundidade de Diaby e Carlos Mané. O Sporting jogou quase sempre no meio-campo adversário, mas nem sempre bem, diante um Vorskla que se limitou a defender desde que marcou o golo. A fase de construção do Sporting revelava-se pobre de conteúdos, abusando do jogo pelas faixas e pouco pelo corredor central.

Perante um adversário que cedo se viu em vantagem, o Sporting encontrou muitas dificuldades para encontrar o caminho certo para virar o resultado. Faltou mais meio-campo a este Sporting. A bola raramente descansou nos pés de Petrovic e Acunã e estranhamente em Bruno Fernandes. Os leões raramente fizeram circulação de bola para obrigar os ucranianos a correr atrás dela, pretensão que Peseiro tinha anunciado na véspera em conferência de imprensa de antevisão à partida. O circuto preferencial do jogo leonino foi sempre pelas faixas, e foi como ir atrás de uma mentira, perante uma equipa que aparentou ter na zona central as suas maiores lacunas. Mesmo asim o melhor que os leões conseguiram na primeira parte foi pela esquerda, de onde nasceu um cruzamento para Nani que desperdiçou uma boa oportunidade para empatar a partida. O Sporting na primeira parte rematou mais (6-3) e teve mais posse de bola (58%-42%), mas os erros de construção do jogo penalizavam a equipa ao intervalo, onde o golo madrugador de Kulach ia fazendo a diferença.

O Sporting surgiu mais afoito na segunda parte, a pressionar mais alto e com a entrada de Montero José Peseiro tentou que a equipa ganhasse mais presença na área, passando Diaby a jogar atrás do avançado colombiano. Bruno Fernandes começou por descaír para a esquerda, mantendo-se Acuña no meio. No segundo tempo, só deu Sporting mas as oportunidades de golo teimavam em não surgir com o meio-campo sempre a sentir muitas dificuldades na fase de construção. Aos 70 minutos, já com Bruno Fernandes a surgir mais em zonas interiores e Acuña a entrar pela esquerda, Peseiro decidiu apostar tudo. Fez entrar Raphinha e Jovane para as alas, Bruno Fernandes recuou para jogar ao lado de Acuña, que voltou ao meio, e Nani foi para uma zona mais central do terreno, atrás de Montero.

O Sporting atacou os últimos minutos com muita gente de tração à frente no onze e com a ideia de futebol direto ainda mais vincada. Uma filosofia que acabaria por dar frutos em tempo de compensação com os golos de Montero (um momento de classe do colombiano) e de Jovane Cabral, este último que continua a ser pé quente para a equipa leonina. Foi por isso um triunfo muito sofrido mas saboroso para o Sporting, num jogo em que os leões foram dominadores sobretudo na segunda parte mas nem sempre se sentiram confortáveis e voltaram a revelar lacunas na fase de construção.