Grande Futebol
Quando Boban e Suker viraram heróis de uma nação
2018-06-08 18:20:00
Croácia encantou tudo e todos quando em 1998 conquistou um lugar no pódio do Campeonato do Mundo

Faz precisamente 20 anos que a Croácia, o rosto mais visível do desmenbramento da antiga Jugoslávia, viveu a página mais nobre da sua história ao conquistar um lugar no pódio no Mundial de 1998, disputado em França, logo no ano de estreia. Os espectaculares 3-0 aplicados à Alemanha nos quartos de final da competição ficaram para sempre na memória dos adeptos croatas, que elevaram Boban, antigo jogador do Milan, e Suker, ex-jogador do Real Madrid, à condição de lendas, e viram nascer um fantasma chamado... Thuram. A histórica seleção do leste europeu acabaria por cair apenas aos pés do campeão do Mundo, a França, que venceu nas meias-finais, por 2-1, com dois golos do defesa-central, por sinal, os únicos que marcou nas... 142 internacionalizações pelos gauleses.

Thuram ficou, desta forma, ligado à história do futebol croata. Suker ainda pintou de cor de rosa o sonho ao colocar a seleção comandada por Blazevic na frente do marcador aos 46 minutos, mas o defesa francês, temido por muitas razões mas não pelos golos, igualou um minuto depois para aos 69 minutos dar o golpe final nas aspirações dos forasteiros. A Croácia venceria depois a poderosa Holanda, derrotada pelo Brasil após a marcação de grandes penalidades na outra meia final, na luta pelo terceiro lugar. Prosenicki e Suker fizeram os golos do triunfo, tendo Zenden apontado o golo do país das túlipas.

A independência conseguida em 1991 fez cair para o lado croata grandes craques como Boksic, Asanovic, Prosinecki, Jarni, Stimac e, acima de todos os outros, Boban e Suker. No meio de monstros como Zidane, Ronaldo, Bebeto, Roberto Baggio, Bergkamp, Kluivert, Rivaldo; Hagi, Matthaus, Hassler e Brian Laudrup, houve então espaço para a estrelinha da Croácia brilhar e encantar o Mundo como nunca, fruto de um futebol elegante, personalizado. Inovador, Miroslav Blazevic soube aproveitar da melhor forma a herança da Jugoslávia e formou uma equipa consistente na defesa, criativa e com laivos de exuberância no meio-campo, e letal no ataque, disposta num pouco habitual 3x5x2. Ou seja, os três centrais que agora viraram moda já na altura faziam furor na Croácia.

Colocada no grupo H, ao lado, de Argentina, Jamaica e Japão, os estreantes croatas não vacilaram frente aos concorrentes teoricamente mais fracos, arrancando a competição com dois triunfos, o primeiro, diante do conjunto do mar das Caraíbas, por 3-1 (golos de Stanic, que passou pelo Benfica, Prosinecki e Suker), e o segundo frente aos asiáticos, por 1-0. Valeu o remate certeiro de Suker, que seria o melhor marcador do Mundial com seis golos apontados e o terceiro melhor jogador, só superado por Ronaldo e Zidane. O jogo com a Argentina serviu apenas para cumprir calendário e a derrota de 1-0 (golo de Pineda aos 36 minutos) não beliscou as pretensões dos croatas, que rumaram assim aos oitavos de final onde venceriam a na altura poderosa Roménia de Hagi, Popescu e companhia, mediante um golo do inevitável Suker, de penálti, nos minutos de compensação do primeiro tempo. Seguiu-se, então, o histórico e memorável triunfo de 3-0 frente à Alemanha, de Matthaus e Hassler, entre outros, com golos de Jarni, Vlaovic e Suker, naquela que para muitos é a vitória mais emblemática do país.

Para a história ficou um resultado, um percurso e um onze inesquecível: Ladic; Simic, Stimac e Bilic; Prosinecki (Stanic), Soldo (Jurcic), Asanovic, Boban e Jarni; Vlaovic (Boksic) e Suker.

O PERCURSO RUMO AO RÚSSIA 2018

A Croácia terminou a fase de apuramento para o Mundial no segundo lugar atrás da surpreendente Islândia, que somou 22 pontos, contra 20 do conjunto liderado por Zlatko Dalic, os dois à frente de Ucrânia, Turquia, Finlândia e Kosovo. Teve, assim, de sujeitar-se a um "play-off" onde lhe coube em sorte a Grécia. Goleou na primeira mão por expressivos 4-1, empatando sem golos no segundo jogo em solo helénico. 

O JOGADOR A SEGUIR: Ivan Perisic

Adorado por José Mourinho e pela afição do Inter, o versátil croata viu aumentado o reconhecimento quando em setembro renovou contrato até 2022 depois de ter sido dado praticamente como certo no Manchester United. Fez uma temporada melhor do que a do clube milanês que começou em grande, mas acabou de forma modesta. Em 39 jogos como titular, apontou 11 golos, afirmando-se como uma das grandes referências da equipa. Aos 29 anos, tem neste Mundial uma ocasião soberana para elevar o talento à condição de estrela incontestável.

OS CONVOCADOS (lista final de 23 jogadores):

Guarda-redes: Danijel Subasic (AS Mónaco/França), Lovre Kalinic (Gent/Bélgica) e Dominik Livakovic (Dínamo Zagreb/Croácia).

Defesas: Vedran Corluka (Lokomotiv Moscovo/Rússia), Domagoj Vida (Besiktas/Turquia), Ivan Strinic (Sampdoria/Itália), Dejan Lovren (Liverpool FC/Inglaterra), Sime Vrsaljko (Atlético de Madrid/Espanha), Josip Pivaric (Dínamo Kiev/Ucrânia), Tin Jedvaj (Bayer Leverkusen/Alemanha) e Duje Caleta-Car (Salzburgo/Áustria).

Médios: Luka Modric (Real Madrid/Espannha), Mateo Kovacic (Real Madrid/Espanha), Ivan Rakitic (FC Barcelona/Espanha), Milan Badelj (Fiorentina/Itália), Marcelo Brozovic (Inter/Itália) e Filip Bradaric (Rijeka/Croácia).

Avançados: Mario Mandzukic (Juventus/Itália), Ivan Perisic (Inter/Itália), Nikola Kalinic (AC Milan/Itália), Andrej Kramaric (Hoffenheim/Alemanha), Marko Pjaca (Schalke/Alemanha) e Ante Rebic (Eintracht Frankfurt/Alemanha).

O ONZE PROVÁVEL

Treinador: Zlatko Dalic

GRUPO D

Argentina

Islândia

Croácia

Nigéria