Desde a fundação do Paris Saint-Germain, vários foram os futebolistas portugueses no clube; Pepe poderá ser o próximo
Dado como reforço do Paris Saint-Germain para a próxima época, Pepe, internacional pela seleção das quinas, pode vir a ser protagonista de mais um episódio na relação do clube parisiense com os futebolistas portugueses, uma ligação que teve início nos anos 70, pouco tempo após o nascimento do clube, com a contratação de Humberto Coelho, numa tentativa de tornar o emblema da capital francesa no clube do povo português residente no país.
Fundado em 1970, a história do Paris Saint-Germain ainda é curta, mas foi sempre pautada por uma especial ligação aos portugueses, principalmente no que diz respeito aos futebolistas. São vários os jogadores de nacionalidade lusa que se contam, quando se observa o historial dos plantéis dos parisienses. Uns foram aclamados e tornaram-se figuras do clube, outros foram considerados ‘flops’ com curtas passagens pela equipa, mas todos partilharam a experiência de vestir a camisola azul e vermelha.
Os pioneiros
Fernando Cruz, Humberto Coelho e João Alves (19 encontros realizados pelo clube em 1979/1980) foram pioneiros na relação de que aqui se fala. No plantel dos parisienses na temporada 1970/71, Fernando Cruz, antigo lateral esquerdo, então com 30 anos, fez parte da subida da equipa ao primeiro escalão do futebol francês. O clube voltou a cair a divisões inferiores, fruto da divisão que o tornou independente do Paris FC e em 1975, já novamente na elite francesa, Humberto Coelho aterrou em solo parisiense.
O antigo defesa internacional português, que ganhou notoriedade no Benfica, chegou ao Paris Saint-Germain “ainda numa fase muito embrionária” do clube, segundo o próprio referiu, em entrevista ao Record em 2013. Sendo uma das principais potências no atual futebol europeu, para Humberto Coelho os primeiros passos para o PSG que hoje conhecemos foram dados nos anos que por lá passou. Em duas temporadas no PSG, realizou 42 jogos, uma marca bem acima do que outros portugueses conseguiram na cidade das Luzes.
Os proclamados ‘flops’ por terras parisienses
Muitos foram os portugueses que representaram o Paris Saint-Germain e muitos também foram aqueles que não conseguiram encontrar o sucesso no clube, chegando até a ser considerados ‘flops’ pela imprensa francesa. O ex-Málaga Agostinho (quatro jogos e apenas 90 minutos disputados na Liga Francesa em 2001/02), Hélder Batista (seis partidas e somente seis meses no clube), Filipe Teixeira (18 encontros realizados em três temporadas, de 2002 a 2005) e Abreu (três jogos em 1983/84) tiveram passagens pautadas pela obscuridade no PSG.
Kenedy disputou 37 jogos pelos parisienses em 1996/97, mas esteve apenas essa época no clube e “os problemas de peso”, referidos pela France Football, foram fulcrais para a sua saída. Hélder Cristóvão passou pelo PSG em 2004/05, mas também teve estadia curta e chegou a ser apontado até, pela France Football, como “elemento-chave do pior onze da história do Paris Saint-Germain.
No que diz respeito a partidas disputadas, Hugo Leal não teve história tão trágica como os jogadores referidos, mas o potencial que trazia do Benfica e Atlético Madrid (custou nove milhões de euros) aquando da sua chegada a França nunca chegou a ser totalmente demonstrado e com apenas um golo apontado em três temporadas, também não tem motivos para sorrir ao recordar a passagem pela cidade das Luzes.
Período mais longo sem rostos portugueses teve ‘conquistador’ no comando técnico
A ligação entre portugueses e o PSG teve o seu maior interregno entre 1984 e 1996. A mais longa ‘seca’ no que diz respeito a futebolistas de nacionalidade lusa, atenuada com a entrada de um treinador na equação. Artur Jorge, o mítico “Rei Artur”, fez a sua presença notar-se no PSG entre 1991 e 1994, tendo conquistado uma Liga Francesa em 1994 e uma Taça de França ao serviço do conjunto parisiense em 1993. Artur Jorge voltaria a comandar o clube em 1998/99, porém sem conseguir igualar o sucesso alcançado na primeira estadia.
A era do “Ciclone dos Açores”
A relação entre Portugal e o Paris Saint-Germain teve a duração mais feliz aquando da contratação de um “ciclone” vindo dos Açores, de nome Pedro Pauleta. O segundo melhor marcador da história da seleção nacional deixou também a marca da sua veia goleadora por terras parisienses. Contratado ao Girodins Bordéus, em julho de 2003, a troco de onze milhões de euros (dados retirados do Transfermarkt), Pauleta fez 109 golos em 212 partidas ao serviço do PSG.
Nas cinco épocas que esteve com a camisola do emblema parisiense ao peito, o “Ciclone dos Açores” tornou-se numa das principais figuras da história do clube, um facto suportado pela relação que manteve junto dos adeptos. Para se ter noção da importância que o avançado português teve, a France Football levou a cabo um inquérito online a questionar os apoiantes do Paris Saint-Germain sobre quem seria o melhor avançado da história do clube. Pauleta ficou no topo da votação, com 36 por cento dos 10.771 votos, tendo superado Zlatan Ibrahimovic.
O palmarés no clube não faz jus àquilo que fez por terras parisienses. Duas Taças de França e uma Taça da Liga são o legado deixado por aquele que foi o português com maior presença no Paris Saint-Germain. Com a retirada do português dos relvados, em 2008, a ligação com os jogadores lusos voltou a conhecer uma longa paragem.
‘Seca’ de portugueses termina com chegada de Gonçalo Guedes
Após a saída de Pauleta, em 2008, não mais o PSG tornou a recorrer à história que vinha a manter com os futebolistas de nacionalidade portuguesa. Voltou a ocorrer um interregno, desta feita de nove anos, na presença portuguesa no plantel parisiense, mas tal situação veio a mudar com a contratação de um jovem emergente saído da academia do Seixal. Após uma época de total afirmação no Benfica, Gonçalo Guedes foi contratado pelo Paris Saint-Germain, em janeiro deste ano, a troco de 30 milhões de euros.
A adaptação do jovem português não está a ter o resultado esperado e os primeiros seis meses em Paris não conheceram muitos minutos dentro de campo. Um total de 285 minutos distribuídos por onze encontros disputados ao serviço do clube são os números do primeiro contacto de Guedes com o futebol francês. Gonçalo Guedes foi, assim, o último jogador com raízes portuguesas a rumar a Paris. Pepe, luso-brasileiro, internacional pela equipa das quinas, poderá vir a ser o senhor que se segue.