Shane Cuzick é, por esta altura, muito provavelmente, o adepto mais conhecido do Birmingham City. Tudo, devido a uma aposta. É que, quando publicado e assegurado perante testemunhas, não há volta a dar. Se está na Internet, tem de acontecer e a Internet não perdoa. Ora, Cuzick prometeu que caso o Birmingham City vencesse o Fulham na última jornada do Championship e, com isso, garantisse a permanência na segunda divisão do futebol inglês, iria tatuar a cara de Garry Monk, treinador do clube, numa nádega. O Birmingham City não desapontou os adeptos e cumpriu a missão. Na hora de pagar a aposta Cuzick pediu ajuda e teve uma grande surpresa.
Garry Monk, antigo histórico e treinador do Swansea, até começou a temporada ao serviço do Middlesbrough, mas foi em Birmingham que acabou por celebrar o feito mais importante esta temporada ao conseguir salvar o emblema da segunda maior cidade de Inglaterra da descida ao terceiro escalão do país. Um feito tão importante para adeptos como Shane Cuzick que na hora de celebrar nem pensaram duas vezes antes de fazer apostas no mínimo arriscadas. Mas uma aposta é uma aposta e não queremos cá medricas. O que estava prometido não podia ter volta a dar. E, a verdade, é que nem Cuzick fugiu da promessa que fez.
Assim que o Birmingham City venceu o Fulham e garantiu a permanência no Championship, Cuzick voltou ao Twitter para partilhar um link de crowdfunding, de financiamento coletivo, para que outros adeptos do Birmingham City financiassem tal loucura. Bastou, porém, que apenas uma pessoa visse o link partilhado por Shane Cuzick. Nada mais, nada menos, do que o próprio Garry Monk que não só contribuiu para a aposta, como financiou mesmo a totalidade do valor necessário (100£) para ver a sua cara tatuada no rabo de um estranho. Com uma condição: Shane Cuzick terá, mais tarde, de voltar ao Twitter para partilhar a cara do treinador do Birmingham City bem entranhada na pele de uma das nádegas.
Como seria de esperar, a atenção mediática conseguida pela participação de Garry Monk na brincadeira fez o valor coletado ultrapassar o limite necessário para a tatuagem e, aí, Cuzick já não esteve para brincadeiras e decidiu ser altruísta assegurando que qualquer valor que sobrasse da campanha (que já vai em mais de 200£) irá ser entregue à campanha “Justice for the 21” de apoio às vítimas das explosões de Birmingham ocorridas em 1984 e que vitimaram 21 pessoas. Explosões que acabaram ligadas ao IRA e feriram 182 outras pessoas. O governo inglês nunca ajudou as famílias das vítimas com questões legais e, esse, tem sido desde então o objetivo da campanha para a qual quis contribuir o louco adepto do Birmingham City.
A verdade é que o feito conseguido por Garry Monk em Birmingham é realmente caso para tatuar a cara do treinador inglês numa nádega. Depois de ter sido despedido do Middlesbrough a meio da temporada, Monk foi contratado pelo Birmingham City com o clube dentro da zona de despromoção e a três pontos da salvação. Monk até perdeu os dois primeiros jogos à frente do Birmingham City, porém, encetou depois uma série de quatro jogos consecutivos sem qualquer derrota (três vitórias e um empate) que tiraram o Birmingham City da zona de despromoção e deixaram os Blues na vigésima posição que nunca mais perderam até final. Apesar de ter entrado para a última jornada praticamente a depender de si para se salvar, o Birmingham City não foi de modas e venceu o Fulham por 3-1. Assegurou a manutenção e evitou que o Fulham fosse promovido diretamente à Premier League.
Desde que chegou a Birmingham, Garry Monk venceu cinco jogos, empatou um e perdeu outros cinco, mas, mais importante do que isso, salvou o clube da despromoção e, claro, ganhou lugar cativo na nádega de um fã acérrimo da equipa. Há coisas que não têm preço, certo, Garry?