André Moreira é um caso de estudo. Aos 23 anos, o jovem guardião português vai muito a tempo de ainda confirmar todo o potencial que lhe era antevisto quando, surgido nas escolas do Ribeirão, brilhou ao serviço da seleção Sub-19 portuguesa no Europeu da categoria em 2014 ao ponto de tal lhe valer um agenciamento com a Gestifute e consequente transferência para o Atlético Madrid. André Moreira tinha então, somente, 16 jogos como sénior e o empréstimo imediato do Atlético ao Moreirense deu início a uma roda viva de cedências que, este ano, levou André Moreira para Inglaterra. Em Birmingham, porém, ao serviço do Aston Villa, nem sinal de André Moreira.
Quatro anos depois de se ter dado a conhecer ao Mundo do futebol, André Moreira leva já seis empréstimos na carreira. Cedido imediatamente ao Moreirense após a contratação por parte de Jorge Mendes e Atlético Madrid, seguiram-se passagens por União Madeira em 2015/16, único clube onde conseguiu alguma consistência, Belenenses em 2016/17 onde não registou qualquer presença e, na temporada passada, SC Braga e novamente Belenenses já depois de um episódio caricato pela Luz onde surgiu vestido à Benfica, com praticamente tudo acertado com os encarnados, para acabar a ser apresentado como reforço do SC Braga.
Esta temporada, depois de uma passagem de algum potencial pelo Restelo, cumprindo dez jogos pelo Belenenses na segunda metade da temporada passada, André Moreira rumou a Birmingham para representar o Aston Villa depois da compra do clube por parte de um consórcio egipcio-americano com ligações a Jorge Mendes. A aproximação do clube ao empresário português permitiu a contratação de jogadores como André Moreira ou Anwar El-Ghazi mas enquanto o extremo holandês de raízes marroquinas se tem começado a impor no onze do histórico clube inglês, André Moreira, nem perto disso.
Pelo Villa, esta temporada, André Moreira conta apenas duas presenças. Ambas na Taça da Liga Inglesa, ora na primeira ronda frente ao Yeovil Town durante a qual até defendeu uma grande penalidade que ajudou à passagem do Villa (ainda que a exibição de André Moreira seja descrita pelo Birmingham Mail como errática e nervosa), e mais tarde na segunda ronda, frente ao Burton Albion, que ditou a eliminação do histórico clube inglês, jogo que remonta já a agosto. Desde então, André Moreira não mais tem sido opção para os treinadores do Aston Villa.
Ainda que se mantenha a treinar com a equipa principal do Villa, segundo a imprensa inglesa, e presença habitual nos aquecimentos dos jogos do clube de Birmingham, ao lado de Orjen Nyland e Mark Bunn, a verdade é que André Moreira não integrou ainda qualquer convocatória do clube desde que Dean Smith passou a orientar o Villa em meados de Outubro, substituindo Steve Bruce. A última convocatória integrada por André Moreira remonta à jornada 10 do Championship, tendo-se passado desde então uma dúzia de rondas na segunda divisão inglesa, competição na qual, como vimos, André Moreira ainda não jogou.
A imprensa inglesa e em especial o Birmingham Mail, principal jornal da região sede do Aston Villa e por isso de ligações estreitas com o clube, questionam mesmo a presença do jogador no clube, sob suspeitas de imposição do mesmo por parte de Jorge Mendes. Afinal, segundo o Birmingham Mail, André Moreira nunca havia estado nos planos do clube e muito menos tendo sido observado por Gary Walsh, responsável único pela observação e identificação de alvos para o reforço da baliza do Aston Villa, durante a época de Steve Bruce no clube. Segundo o jornal de Birmingham, grande parte da equipa técnica anterior ficou surpreendida com a presença de André Moreira quando este surgiu pela primeira vez no centro de treinos do clube.
Sem nunca ter sido um alvo do clube inglês, segundo o jornal, este foi imposto ao clube por parte de Jorge Mendes, situação distinta da de Anwar El-Ghazi que apesar de também ser representado por Jorge Mendes, estava há muito identificado pelo Aston Villa e era desejo de Steve Bruce para reforçar o clube inglês há vários meses, ainda que só agora com Dean Smith, El-Ghazi se comece a cimentar como figura fulcral da equipa. A verdade, é que mesmo após a chegada de André Moreira, o Villa voltou a ir ao mercado para contratar outro guarda redes, e depois de falhar as contratações de Angus Gunn e Danny Ward, fez chegar a Villa Park o atual habitual titular da equipa, o norueguês Orjen Nyland, que até nem está a ter uma temporada feliz no clube inglês, sinal de que André Moreira nunca contou realmente para o clube.
Apesar de, por duas vezes, ter ficado perto de reforçar os dois maiores clubes de Lisboa - segundo a imprensa portuguesa, André Moreira ficou perto de reforçar o Sporting durante a pré temporada para esta época - e de Norton de Matos considerar André Moreira o mais talentoso guarda redes da sua geração, a verdade, é que o guarda redes português continua sem se conseguir afirmar e a acumular empréstimos dececionantes. Aos 23 anos ainda vai muito a tempo de confirmar o seu potencial, ainda para mais numa posição cujo pico de forma é atingido mais tarde do que em qualquer outra. Isto, claro, se o conseguirem descobrir por Birmingham.