Todos nos lembramos de Roy Keane como "um maluco dos diabos". Como jogador era a agressividade em pessoa e quando tinha de dizer o que pensava não olhava a meias palavras para o fazer. Seria de pensar que com o tempo as coisas acalmassem um pouco, até porque o homem abraçou a carreira de treinador, mas as últimas notícias vindas dos seio da seleção da República da Irlanda, onde Keane é treinador adjunto, mostram que o antigo capitão do Manchester United continua com o sangue na guelra. Chamou maricas aos jogadores lesionados e perguntou se eram mesmo profissionais. O assunto está a dar que falar.
Ora, a discussão que vai ler neste artigo é contada por Stephen Ward, o internacional irlandês que atua na Premier League ao serviço do Burnley, numa mensagem áudio gravada no Whatsapp e que chegou ao domínio da comunicação social irlandesa na passada segunda-feira. Ward relata dois episódios, ocorridos em maio passado, que envolveram Roy Keane, treinador adjunto da seleção irlandesa, e os dois internacionais Harry Arter, do Cardiff City, e Jon Walters, agora ao serviço do Ipswich Town.
Tudo aconteceu no estágio da seleção da República da Irlanda em maio último. Roy Keane não gostou de ver os dois jogadores acima referidos sentados no banco durante uma sessão de treino enquanto os restantes jogadores trabalhavam às ordens do selecionador Martin O'Neill. Bem ao seu estilo, o antigo jogador do Manchester United e internacional irlandês, fez ver aos jogadores o seu desagrado e as coisas ficaram um pouco fora de controlo, como conta Stephen Ward.
“Vocês são uns grandes maricas”
"Basicamente, rapazes, o Roy estava a dar na cabeça aos rapazes por não poderem treinar três dias seguidos. O Jonny [Jon Walters] tem um joelho mau e não pode treinar sempre.
"Eles estavam no campo de treinos e ele e o Harry [Arter] estavam sentados no banco, a relaxar e a fazer gelo. O Roy foi ter com eles e disse: 'Porque não estão a treinar?', e ele sabia o porquê de eles não estarem a treinar porque o treinador principal [Martin O'Neill] disse-lhe de certeza, e eles disseram: "Nós não podemos treinar três dias seguidos'.
"'O que são vocês? Futebolistas profissionais? Isto parece a república das bananas'. Eles os dois não disseram nada e o Roy saiu dali e depois voltou atrás: 'Então quando é que vão treinar? Estou cansado de vocês sempre a arranjarem lesões, mas o que se passa de errado com vocês?', e o rapazes responderam: 'Ouve, nós temos problemas físicos, fazemo-lo nos nossos clubes, não podemos treinar.'
"O Roy disse qualquer por entre os dentes sobre o Jonny e saiu dali. O Jonny perdeu a cabeça, saltou do banco e foi atrás dele, agarrou-lhe o braço e disse: 'O que se passa, Roy? Se tens alguma coisa a dizer-me, diz-me na cara, não me vires as costas', e o Roy disse, 'Eu tenho um problema contigo, sim, não estás a treinar, estás a ficar mole, não admira que o Dyche [treinador do Burnley, então o clube onde estava Jon Walters] não te ponha a jogar, estás sempre à procura de problemas como agora', e ele respondeu, 'Não, Roy, tu é que estás a tentar arranjar confusão agora.' Depois tiveram de ser separados. A malta começou a puxar o Jonny para se afastar do Roy... o Jonny ia matá-lo
"O Roy trouxe à conversa um assunto antigo entre eles quando estavam os dois no Ipswich Town. Chatearam-se lá. 'Estás a ameaçar-me outra vez, Jon, como fizeste no Ipswich'. e o Jonny respondeu: 'Sim, vais ser um merdoso outra vez e enviar-me uma multa pelo correio em vez de me dizeres na cara?'"
Confrontado com esta situação, Martin O'Neill referiu-se ao assunto, na segunda-feira passada, dizendo, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo particular diante da Polónia, que Stephen Ward, o jogador que gravou a mensagem áudio, não estava nesse estágio e que "deve ter apanhado as coisas de outros jogadores". O selecionador confirmou, no entanto, a veracidade da mensagem e passou à defesa do seu assistente: "Escolhi dois brilhantes adjuntos, duas personalidades, dois ex-jogadores de classe mundial: John Robertson e o jovem Roy Keane", atirou.
“Não queres saber disto para nada”
A verdade é que os problemas de Roy Keane com os jogadores lesionados não se ficou pelo incidente acima explicado. Alguns dias após a discussão com Jon walters, Keane voltou à carga, desta feita com harry Arter, depois de o jogador do Cardiff City ter abandonado o treino após se ter ressentido da lesão que o ia apoquentando. O relato do novo episódio é contado por Stephen ward.
"Eles chegaram de França e o Harry ressentiu-se da lesão durante um treino. Teve de ficar sem treinar. Parece que estava a receber tratamento na enfermaria quando o Roy entrou a dizer, 'Quando é que vais treinar seu grande maricas?' e o harry respondeu, 'O quê', e o Roy repetiu: 'Vais treinar, ou não?'
"O Harry explicou a situação outra vez e o Roy continuou: ‘És um grande maricas e um aldrabão, não queres saber disto para nada e não queres treinar'. e o Harry respondeu: 'Roy, não vou falar contigo assim. Nem te vou ouvir, não és o treinador, não me podes dizer nada.'
"Parece que o Roy perdeu a cabeça e estava a ficar cada vez mais irritado e o Harry levantou-se e começou a andar para o quarto dele. E quando ele ia a andar, o Roy estava a gritar no corredor: 'ès um grande maricas, é um aldrabão, tem-lo sido toda a tua vida', e foi isto, malta."
Martin O'Neill desvalorizou a situação, durante a conferência de imprensa de segunda-feira, explicando que jogadores e elementos do staff discutem com alguma frequência e usou de um exemplo curioso para o justificar: "Vejam, ainda há dois dias discuti com o jogador que está sentado aqui ao meu lado (David Meyler)" e prosseguiu: "É normal haver discussões acaloradas", atirou.
Os debates nos programas desportivos na Irlanda debruçaram-se sobre o assunto e questionaram se os métodos de Roy Keane, muito ao estilo de Brian Clough e até de Alex Ferguson, se adequam aos dias de hoje.