Grande Futebol
Pitana: O gigante árbitro ator para quem a Final foi como saber que ia ser pai
2018-07-14 20:00:00
Néstor Pitana será o árbitro da final do Campeonato do Mundo.

Quando Néstor Pitana aterrou na Rússia, já o juiz argentino de 43 anos fazia história. Igualava-a, pelo menos. Com a nomeação para o Campeonato do Mundo que vai sendo disputado na Rússia, Néstor Pitana tornou-se somente no segundo árbitro argentino a participar em dois Mundiais depois de Ángel Coerezza. O ponto alto da carreira, porém, chegou semanas depois. Aos 43 anos, Néstor Pitana foi nomeado pela FIFA como o árbitro da final do torneio, tornando-se somente no segundo argentino a apitar uma final de um Mundial depois de Horacio Elizondo em 2006. Uma nomeação que, para o argentino, foi de uma felicidade tal que se assemelhou mesmo ao dia em que nasceu o filho.

“Muito raramente experienciei algo minimamente comparável durante a minha vida. Este sentimento, esta excitação, este entusiasmo. Talvez o possa apenas comparar ao momento em que me foi dito que ia ser pai. Pelo sacrifício que foi aqui chegar e pela responsabilidade que encerra. Para qualquer miúdo que adora o futebol, o sonho é sempre chegar a uma final de um Mundial. Esta equipa trabalhou arduamente para aqui chegar e alcançamos um dos maiores feitos possíveis na arbitragem. Agora quero apenas terminar esta missão da melhor forma que sei”, confessou ao site oficial da FIFA, há poucos dias, Néstor Pitana.

Aos 43 anos, Néstor Pitana tocará o céu da arbitragem dentro de poucas horas. Longe vão os tempos em que trabalhou como segurança de uma discoteca, como nadador salvador, como professor de educação física e, pasme-se, até como ator. Aconteceu por alguns segundos no filme argentino La Furia de 1997 durante o qual, num pequeno cameo, interpretou o papel de um guarda prisional. O mesmo Pitana que, em adolescente, devido à altura (hoje tem 192 cm) até jogava era basquetebol ao ponto de representar a seleção da sua região.

Longe vão, até, os tempos, em que Néstor Pitana era conhecido como o “Pé Grande” e à porta da discoteca que “guardava” balouçava um majestoso cabelo por baixo da cintura. Quem diria, olhando para o argentino ao dia de hoje. “Pela minha cabeça passam recordações, pessoas, momentos, a família, amigos, todos os colegas que ajudaram a que fosse possível estar aqui agora. Estar na final é muito surpreendente e muito emotivo”, confessou ainda à FIFA, Néstor Pitana.

Não foi ainda, sequer, há uma década que Pitana surgiu na elite do futebol. Em 2007 chegou à primeira divisão argentina e três anos depois deu início à carreira internacional. Dirigiu três jogos do Mundial Sub-17 em 2013 e no ano seguinte já estava a apitar jogos do Mundial sénior, entre eles, o encontro dos quartos de final entre França e Alemanha. Curiosamente, apesar de estar a participar no segundo Mundial da carreira e ter chegado à final da competição, Pitana conta apenas uma participação numa Copa América, precisamente, a edição de 2015. Já em 2016, Pitana regressou ao Brasil para os Jogos Olímpicos onde dirigiu, entre outros jogos, a meia final entre Alemanha e Nigéria, tendo estado também presente na meia final da Taça das Confederações de 2017 no jogo que opôs o México à Alemanha. Em 2018, por fim, atingiu o ponto alto da carreira.

Para a final, Néstor Pitana não promete uma preparação especial, mas teriam de inventar um estilo musical novo que expressasse tudo o que lhe vai na alma. Aos 43 anos, atinge o pico da carreira este domingo quando der início ao França-Croácia que determinará o campeão do Mundo de 2018. O Pé Grande já não tem cabelo pela cintura e filmes, aulas, missões de resgaste e noites de discoteca depois, Pitana é hoje um dos melhores árbitros do Mundo. Na Rússia fez história: No Suécia-México mostrou o amarelo mais rápido da história dos Mundiais. Isso, já ninguém lhe tira.