Jordan Pickford, guarda-redes, é o homem do momento na seleção inglesa. Foi o herói britânico que, qual Ricardo em 2004 e 2006, quebrou a maldição inglesa: venceram, pela primeira vez, um desempate por penáltis num Mundial. E Pickford fê-lo com um truque bem engraçado, anos depois de ter sido posto a jogar a médio-centro e ter desenvolvido algo que Quaresma também faz. Já lá vamos.
Na passada terça-feira, Pickford adivinhou três dos cinco penáltis batidos pelos colombianos. O último, de Bacca, com uma excelente defesa. Tudo isto porque… tinha uma cábula.
Jack Butland, guarda-redes suplente da Inglaterra, explicou a tática, citado pela Sky News. "Na noite antes do jogo, sentámo-nos todos - guarda-redes, o treinador de guarda-redes e o analista - e estudámos tudo o que poderia acontecer. Vimos uma série de penáltis e cada um chegou às suas conclusões, que coincidiam, o que nos deu confiança e a convicção no que tínhamos a fazer”.
Já no jogo, antes do início do desempate, Martyn Margetson, treinador de guarda-redes, entregou a Pickford uma garrafinha mágica: a garrafa que Pickford levou consigo para a baliza tinha uma cábula com as tendências dos colombianos nos penáltis.
Butland explicou, que aí, o truque foi impedir que David Ospina, o guarda-redes adversário, e os restantes colombianos não se apercebiam da cábula na garrafa. Garrafa que estava embrulhada e camuflada na toalha de Pickford.
Quaresma?
A carreira de Pickford, em matéria de truques, não começou apenas nos oitavos-de-final do Mundial. Há uns anos, houve um truque que ajudou Pickford a evoluir. Formado no Sunderland, este ainda jovem inglês, de 24 anos, chegou a jogar como… médio. Apesar de já ser guarda-redes, o treinador punha-o na defesa, para que Pickford aprendesse a usar os pés e melhorasse o jogo de pés.
“Ganhou uma grande variedade de recursos de passe, sobretudo na precisão do passe longo”, explica o Guardian. Aliás, Pickford já tem uma marca registada. Tal como Ronaldinho tinha a “vírgula”, Zidane tinha a “la roullete”, Cruyff tinha o “Cruyff turn” ou Quaresma tem a “trivela”, Pickford começou a fazer escola com o pontapé longo e incrivelmente preciso, feito com a parte exterior do pé. Algo como uma trivela, mas feita em vólei. Será o “vólei-trivela”? Não é algo que outros não façam, mas é algo que poucos fazem como Pickford, que formou uma grande sociedade com Jermaine Defoe, no Sunderland, servindo-o com o seu “vólei-trivela”.
“Nunca vi ninguém bater a bola como o Jordan”, chegou a dizer Chris Kirkland, ex-guarda-redes do Liverpool.
Sobre o pé esquerdo de Pickford, David Moyes, um ex-treinador do guardião, chegou a dizer que “é como ver um médio de topo a jogar. Ele tem um pontapé forte, mas tem, sobretudo uma grande precisão a longa e curta distâncias. Saber distribuir jogo é uma parte enorme do futebol atual”.
Mas não é só. Kevin Ball, ex-diretor da Academia do Sunderland, explicou o que fizeram com Pickford. “Punha-o a jogar a defesa-central, nos treinos, para que ele percebesse como era para um defesa levar com um guarda-redes em cima, nos cruzamentos. Ele adorou”.
Pickford formou-se no Sunderland e, após todos estes truques, andou em empréstimos por clubes como Darlingon, Alfreton, Burton Albion, Carlisle United, Bradford City ou Preston North End, antes de se estrear pelo seu clube de sempre, em 2016.
Bastou-lhe uma temporada para se assumir como um dos guarda-redes ingleses mais capazes, sobretudo num país ávido por encontrar, finalmente, um guardião fiável, depois de apostas falhadas em nomes como Hart, David James, Paul Robinson, Carson, Green ou Foster.
No final de 2016/17 fez jus ao estatuto de grande aposta inglesa para a baliza: custou 34 milhões de euros ao Everton, que comprou o guarda-redes inglês mais caro de sempre.