A Polónia está no primeiro pote para o sorteio do Mundial e, para tal, além da boa prestação na fase de qualificação, serviu-se também de uma decisão estratégica: não jogar qualquer encontro particular desde novembro de 2016 até à semana passada. É que esses jogos também valem pontos para o ranking. Razão tinha Bruma quando, após o empate frente aos Estados Unidos, disse que Portugal saiu com um ponto (na realidade foram 159, que seriam 477 em caso de vitória).
Naturalmente, as vitórias e empates em jogos oficiais dão mais pontos para o ranking do que as vitórias e empates nos particulares. Mas o certo é que os particulares contam e podem ser decisivos. Como o coeficiente final de cada país é dado pela média dos pontos obtidos em cada jogo, uma derrota, seja num amigável ou num jogo oficial, baixa essa média porque dá zero pontos. O que é mais absurdo é que, mesmo uma vitória numa amigável pode baixar o coeficiente, porque normalmente significa menos pontos do que a média que a Seleção conseguiu nos jogos desse ano. É que vitórias em Mundiais contam quatro vezes mais do que em encontros particulares; em fases finais de competições continentais (como o Euro) contam três vezes mais; e em jogos de qualificação contam 2,5 vezes mais.
A vitória de Portugal frente à Arábia Saudita, por exemplo, significou 378 pontos (o que resulta do facto de ter sido um encontro particular e da posição dos sauditas no ranking). No entanto, a média dos pontos de Portugal este ano era de 803,48 pontos. Ao passar a contabilizar-se este jogo, o coeficiente português vai baixar. Tal não é muito relevante, porque a maior parte das outras seleções também disputou encontros particulares nas mesmas datas. Assim, seleções como Alemanha, Brasil, Argentina, Bélgica, etc também verão o seu coeficiente (não o seu lugar no ranking) descer. O problema surge se uma equipa, como fez a Polónia, não realizar encontros particulares.
E foi isso que os polacos fizeram durante o último ano, cientes de que há muito pouco a ganhar em termos de ranking FIFA na realização desse tipode jogos. Assim que se encontrou nos lugares cimeiros do ranking, a Polónia decidiu não disputar mais nenhum particular. Só o voltou a fazer no fim de semana passado porque, como o ranking só será atualizado no próximo dia 23 de novembro, estes jogos não influenciaram a distribuição dos países pelos diferentes potes. A única condição para não se ser prejudicado no ranking é realizar cinco partidas por ano, o que a equipa polaca fez só em jogos de qualificação para o Mundial.
Claro que esta estratégia por si só não teria sido suficiente e, além de ter jogado bem com as regras, a Polónia foi também muito competente na fase de qualificação para o Mundial, onde registou oito vitórias, um empate e apenas uma derrota, num grupo com Dinamarca, Montenegro, Roménia, Arménia e Cazaquistão. Com o sucesso da Polónia, a grande prejudicada foi a Espanha, que é a seleção com coeficiente mais alto das que estão no pote 2. Não fosse a estratégia da Polónia e nuestros hermanos poderiam estar.