Grande Futebol
"O que estava em jogo não era o futuro da Champions, mas da própria UEFA"
2021-04-27 20:30:00
Emanuel de Medeiros defende que a (falhada) Superliga traz uma “oportunidade única” para redefinir futebol europeu

O fundador e antigo presidente da Associação das Ligas Europeias, Emanuel Macedo de Medeiros, considerou hoje que a UEFA tem que aproveitar as ondas de choque do fracasso do projeto da Superliga para revolucionar o futebol europeu.

"Esta é uma verdadeira revolução. Isto é fazer ou morrer, agora. Se eles [UEFA] não cortarem as suas cabeças, vão ser vítimas novamente dentro de alguns anos", lançou o português ao portal desportivo de língua inglesa Inside World Football.

Emanuel de Medeiros apontou para a "oportunidade única para redefinir o futebol europeu" no rescaldo da tempestade causada pelo anúncio da criação de uma nova competição de clubes na Europa, em 18 de abril, por alguns dos clubes mais titulados.

A competição não sobreviveu 48 horas, com várias vozes críticas, desde governos, à UEFA, FIFA, Federações e adeptos, que levaram a maioria dos clubes envolvidos a recuar.

Emanuel de Medeiros, atual diretor executivo da Sport Integrity Global Alliance (SIGA), foi o presidente da Associação das Ligas Europeias entre 01 de abril de 2014 e 20 de julho de 2018.

"O que aconteceu foi demasiado sério para ser ignorado", alertou, vincando que "têm que haver consequências", uma vez que esta é "a crise mais dramática de sempre no futebol mundial".

Segundo Emanuel de Medeiros, "a forma como a UEFA respondeu foi crucial", já que, no seu entender, "o que estava em jogo não era somente o futuro da Liga dos Campeões, mas da própria UEFA".

E rematou: "As coisas mudaram dramaticamente. O futebol europeu foi libertado de um estado de cativeiro em que permanecia desde que o G14 apareceu em cena. Durante esse período, foi feito refém pelos grandes clubes a cada quatro anos."

A Superliga europeia, projeto liderado pelo presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, juntava 12 dos principais clubes de Inglaterra, Espanha e Itália, tendo em vista a criação de uma competição anual com 20 equipas, na véspera de a UEFA revelar o formato competitivo da Liga dos Campeões, a partir de 2024/25.

Manchester City, Liverpool, Arsenal, Manchester United, Tottenham e Chelsea (Inglaterra), Real Madrid, Barcelona e Atlético Madrid (Espanha), e Juventus, AC Milan e Inter Milão eram os clubes fundadores da nova competição.