Grande Futebol
O guarda-redes feito para o maior palco do planeta
2018-07-02 21:55:00
Guillermo Ochoa, de 32 anos, tem como hábito brilhar em Mundiais

O México foi eliminado do Mundial depois da derrota por 2-0 com o Brasil, é certo, mas a culpa não foi, certamente, do guarda-redes. Guillermo Ochoa, figura bem conhecida daqueles que acompanharam o Mundial do Brasil, em 2014, voltou a brilhar na Rússia e abandona o torneio na condição de guardião com mais defesas efetuadas. Com quase 100 jogos pela seleção mexicana, tem tido uma carreira não mais que mediana no futebol europeu. É nos grandes palcos que ele brilha e gosta de brilhar, e nada melhor que o Mundial, a maior competição de futebol do planeta, que Ochoa se tornou uma figura bem conhecida no desporto rei.

E Ochoa não é só um mito. Depois do que fez no Brasil, voltou a estar em grande na Rússia e a as estatísticas provam-no. Com quatro jogos realizados, efetuou 25 defesas de acordo com os números oficiais da FIFA, mais quatro que o segundo, Kasper Schmeichel, e mais onze que o terceiro, Igor Akinfeev. Tanto do dinamarquês como o russo jogaram mais 30 minutos que Ochoa, que tem os dois jogos com mais defesas em toda a prova até agora: nove defesas contra a Alemanha, na fase de grupos, e oito contra o Brasil.

Nascido em 1985, Ochoa tornou-se dono e senhor da baliza do América ainda como adolescente. Tinha apenas 18 anos quando se estreou. Pouco depois, aos 20, defendeu as cores da seleção nacional pela primeira vez ao defrontar a Hungria num jogo de preparação. No ano seguinte foi convocado para o primeiro Mundial da carreira. Na Alemanha, era a terceira escolha para guarda-redes, ficando na sombra de Oswaldo Sánchez, o titular, e de Jesús Corona, veterano que também esteve na Rússia. Nesse torneio, chegou a defrontar Portugal, perdendo por 2-1.

Nos anos que se seguiram, Ochoa continuou a ser titular no América e foi ganhando, aos poucos, a titularidade da seleção. Jogou três vezes na Copa América de 2007 foi totalista no México que conquistou a Gold Cup, torneio que define o campeão da América Central e do Norte, em 2009. Voltou a ser chamado para um Campeonato do Mundo em 2010, na África do Sul, mas, de forma algo controversa, o selecionador Javier Aguirre preferiu dar a titularidade a Óscar Pérez. Ainda não foi em 2010 que Ochoa se estreou em Campeonatos do Mundo, apesar de já levar duas convocatórias no palmarés. Em 2011, então com 25 anos, o guarda-redes deu o 'salto' para a Europa. Foi contratado pelo AC Ajaccio e jogou na Liga Francesa e a sua titularidade nunca esteve em causa. Realizou mais de 100 jogos em três anos, mas, em 2013/14, não conseguiu evitar o último lugar no campeonato e o clube acabou por descer de divisão. Foi o fim da primeira experiência de Guillermo Ochoa na Europa, dizendo adeus ao AC Ajaccio em ano de Mundial.

Em ação no encontro entre México e Brasil no Mundial de 2014 (Chema Moya/EPA)

Mundial, precisamente. Ochoa foi convocado para o Campeonato do Mundo de 2014, que se realizou no Brasil, e, finalmente, foi titular. No primeiro jogo, o México bateu os Camarões por 1-0, mas foi na segunda jornada, contra o Brasil, que o mundo ficou a conhecer definitivamente Memo, alcunha pelo qual tamb´m é conhecido. Realizou quatro defesas de enorme nível, parou um cabeceamento poderoso de Neymar e foi o herói do México num encontro que terminou empatado a zero. Foi eleito homem do jogo e o próprio não negou que foi o melhor jogo de toda a sua vida. Depois de mais uma vitória na fase de grupos contra a Croácia, o México encontrou a Holanda nos oitavos-e-final e, apesar de perder por 2-1, Ochoa voltou a ser gigante entre os postes. Fez várias defesas espetaculares e voltou a ser eleito homem do jogo.

Depois do Mundial, Ochoa assinou pelo Málaga CF, chegando à Liga Espanhola. Contudo, perdeu o estatuto de titular que tinha no AC Ajaccio, com Kameni a ser o preferido do treinador dos andaluzes. Esteve duas temporadas como suplente e, por isso, foi emprestado ao Granada CF em 2016. Voltou a jogar com muita regularidade, mas voltou a não conseguir evitar uma despromoção. Ainda assim, foi eleito o melhor jogador da equipa em 2016/17 pelos adeptos e foi o guarda-redes das cinco melhores ligas europeias com mais defesas ao longo da época. Tudo isto numa campanha em que se tornou no guardião com mais golos sofridos na história da Liga Espanhola.

Saiu de Espanha no final da temporada e, no início de 2017/18, assinou pelo Standard Liège de Ricardo Sá Pinto. O treinador português deu-lhe a titularidade e realizou quase 40 jogos em toda a temporada, tendo conquistado a Taça da Bélgica (foi suplente na final). A carreira nos clubes não é brilhante e, provavelmente, escolheu algo mal as equipas onde jogou. Individualmente, Ochoa costuma ter prestações de sucesso e, ao contrário de muitos outros, não cede sob a alta pressão de um Mundial. Pelo contrário: supera-se.