Esta é a história do Real Santander, o clube que abandonou os adeptos e fugiu para a ilha.
Já imaginou o que seria se o clube do seu coração, aquele que sempre apoiou ao longo de anos, de repente o abandonasse e fugisse para mais de setecentos quilómetros de distância? Ignorando anos de história e todas as raízes construídas com a comunidade local, puramente por questões financeiras e, quem sabe, puramente por questões relacionadas com impostos? Pois bem, aconteceu na Colômbia. Esta é a história do Real Santander, o clube que abandonou os adeptos e fugiu para a ilha.
Hoje Real San Andrés depois da rebatização em novembro passado, o Real Santander não é um clube particularmente velho, icónico ou de raízes cimentadas na comunidade. Ainda assim, mais de uma década é tempo suficiente para que em Floridablanca o Real Santander tenha criado as suas relações e ligações com a população local. A mesma que a partir de agora se vê privada de um clube que viu nascer em 2006. A partir de agora, o Real Santander da segunda divisão colombiana é Real San Andrés e passa a ter sede no arquipélago de San Andrés, território paradisíaco caribenho pertence da Colômbia, mas contestado pela Nicarágua.
Olhando para as fotos de Santo André, Providência e Santa Catarina, região insular colombiana em pleno Mar das Caraíbas, facilmente percebemos o porquê do Real Santander e os seus responsáveis terem decidido abandonar o interior norte da Colômbia e, bom, basicamente fugir para o paraíso. Ainda para mais, atendendo ao facto do arquipélago além de paradisíaco geograficamente, ser também dotado de imunidade fiscal e ser um paraíso fiscal. Mesmo que isso implique ignorar e abandonar por completo os adeptos que acompanharam o Real Santander nos últimos 12 anos. Afinal, Santo André encontra-se a mais de 750 quilómetros de distância de Floridablanca.
Praia, brisa, mar e, agora, futebol. Assim anunciou o clube a confirmação da “transladação” do Real Santander para San Andrés e consequente rebatização como Real San Andrés, após reunião da Liga Colombiana de Futebol e sob aprovação de todos os líderes dos restantes clubes do futebol colombiano, da primeira à segunda divisão colombiana, mas também dos líderes dos clubes integrantes da liga de futebol feminino colombiana.
“Para nós é um prazer dar esta notícia: em assembleia geral da Liga, que se realizou há poucos minutos, os 36 presidentes dos clubes de futebol profissionais da Colômbia aprovaram por unanimidade a nossa transferência para a ilha paradisíaca de San Andrés, sede oficial do nosso clube a partir de 2019”, anunciou o então Real Santander nas redes sociais, que a outros meios justificou a decisão com questões financeiras, acreditando que uma transferência para San Andrés melhorará as perspetivas económicas de um clube cujo lema até era “Real Santander, onde o trabalho é uma arte”.
O Real Santander, agora Real San Andrés, defende que a falta de apoio dos responsáveis locais, públicos e privados, obrigaram o clube a procurar uma região que garantisse ao clube outro fulgor financeiro, com San Andrés a não ter sido a única região a mostrar interesse em receber o antigo Real Santander, que garantiu permanência em San Andrés para os próximos três anos. Se tudo isto não chegasse para “fazer a história”, há ainda outro pormenor importante relacionado com o jovem clube colombiano. Ao bom estilo do Athletic Bilbau ou do Chivas do México, também o Real Santander/Real San Andrés é dotado de uma filosofia muito especial.
No Real Santander e, agora, Real San Andrés, só jogam colombianos. Não por questões económicas, por questões políticas e de identidade, tal qual sucede no Athletic ou no Chivas, onde apenas jogam bascos e mexicanos, respetivamente. O Real San Andrés é o único clube colombiano com tal política nacionalista, ainda que não tenha sido o primeiro na história do futebol colombiano a fazê-lo. O Atlético Nacional, por exemplo, em dois períodos da sua história, dedicou-se a utilizar exclusivamente jogadores nascidos na Colômbia. Ora entre 1947 e 1953, como depois, mais tarde, entre 1987 e 2004.
Portanto, já sabe. Se estiver a pensar passar a seguir um clube… diferente, o Real San Andrés é a escolha certa, quem sabe, para uma carreira especial em jogos de simulação. Se for um futebolista colombiano e der com este texto, nada como tentar a sua sorte junto dos responsáveis do Real San Andrés. Pense bem nisto: Caraíbas, sol, praia e futebol. Jogar futebol num verdadeiro paraíso. Que pena não termos nascido colombianos.