Grande Futebol
O bilhete mágico que tudo mudou no país das tulipas
2018-11-20 18:05:00
A história de um recado que alterou a história de uma seleção

Um recado através de um bilhete, é verdade, um bilhete mudou a história da Holanda e ajudou a que Virgil van Dijk fizesse história e mudasse o rumo dos acontecimentos no épico jogo com a Alemanha com cinco minutos finais que ficarão gravados nos compêndios do futebol. Faltavam seis minutos para o final e o conjunto treinado por Ronald Koeman perdia por 2-0 e estava afastada da "final four" da Liga das Nações, abrindo espaço para a França. Foi quando a equipa técnica do país das túlipas se decidiu por uma mudança que personificava o verdadeiro tudo ou nada, apostando na colocação do defesa-central mais caro do Mundo e capitão, Virgil van Dijk, na posição de ponta de lança. Diz o povo que a sorte protege os audazes e a aposta de Koeman e companhia (dizemos Koeman e companhia com propriedade, já vai perceber porquê) dificilmente poderia ter melhor retorno. A Holanda conseguiu asfixiar os germânicos e já depois de Quincy Promes ter reduzido o marcador aos 85 minutos, o defesa do Liverpool FC igualou o desafio precisamente no derradeiro minuto de jogo. Num ápice, a "laranja mecânica" passava de eliminada a apurada para a fase decisiva da Liga das Nações. O "papelinho mágico", que andou de mão em mão, de jogador para jogador, ditava leis. A emoção foi tanta que no meio da festa, o bilhete acabou caído no relvado de Gelsenkirchen, como pode ver na foto de abertura.

"Recebi esta nota de Dwight Lodeweges e Kees van Wonderen. Quando estávamos a perder por 2-0, perguntaram-me se deveríamos mudar as coisas e disse que sim", contou Koeman sobre um papel que agora se torna famoso, por nele estar indicada a posição de Virgil van Dijk para os minutos finais. Modesto, sincero, o antigo treinador do Benfica atribuiu desta forma o mérito da mudança aos seus adjuntos Lodeweges e Van Wonderen. "Tinha dito que se fizéssemos o 2-1, também faríamos o 2-2. Isso aconteceu, mas também não nos podemos queixar de falta de sorte. Foi incrível que o Virgil tenha marcado o empate no fim, claro. Quantas vezes a Alemanha marcou nos minutos finais recentemente? Agora parece que a Holanda também pode...", acrescentou.

Koeman não deixou, no entanto, de enfatizar o feito desta nova geração. "Esta qualificação é um grande feito. No arranque da fase de grupos ninguém esperava que conseguíssemos, mas isto diz muito da evolução desta talentosa equipa nos últimos meses. Isto dará à federação algum dinheiro e teremos dois grandes e valiosos jogos em Portugal no próximo verão."

O momento em que De Ligt entrega o bilhete a Virgil van Dijk

Foram dois ex-jogadores da seleção holandesa que encontraram o agora famoso bilhete caído no relvado e mostraram-no para toda a gente ver. Estamos a falar de Van der Vaart, que recentemente deixou os relvados, e o ex-benfiquista Van Hooijdonk, ambos comentaristas da rede de televisão holandesa Nos.

O épico jogo de Gelsenkirchen trouxe de novo para a ribalta Virgil van Dijk, que viu colocadas algumas reticências quanto ao seu real valor ao tornar-se no defesa mais caro da história do futebol quando deixou o Southampton FC rumo a Liverpool a troco de 85 milhões de euros a 27 de dezembro último. Ao garantir o apuramento da Holanda para a "final four" frente a um rival de sempre, o defesa central virou herói no país das túlipas. Viu ainda reconhecido o seu humanismo pelo gesto que teve em relação ao árbitro do encontro, o romeno Ovídio Hategan. As câmaras captaram-no a abraçar o juiz de campo do Alemanha-Holanda, que se encontrava em lágrimas no final do jogo. Aos jornalistas, o capitão da seleção holandesa explicou que Hategan recebeu a notícia do falecimento da mãe durante o intervalo do desafio. "Ele foi-se abaixo, a mãe dele faleceu. Desejei-lhe força e disse-lhe que tinha apitado bem. É um gesto pequeno mas pode ser que o tenha ajudado", referiu.