Grande Futebol
"Nenhuma equipa joga sozinha", avisa Luís Campos em recado aos "poderosos"
2020-03-23 16:40:00
Diretor do Lille e o impacto que a Covid-19 terá na indústria da bola

Se dizem que o futebol é um espelho da sociedade, a velha máxima popular pode então aplicar-se para os dias de incerteza que se vivem no mundo e no fenómeno da bola. Como será depois de passar a pandemia? Como será quando os clubes tiverem autorização para o futebol voltar às vidas dos adeptos?

O português Luís Campos, tido por muitos como um dos mais prestigiados diretores e gestores de clubes a nível mundial, avisa desde já que "tudo dependerá da capacidade dos clubes realmente poderosos serem solidários".

O diretor do Lille diz ser necessário que os ditos 'poderosos' se unam e possam "dar as mãos com os que correm o risco de extinção".

"Nenhuma equipa joga sozinha. Nesta luta pela sobrevivência, todos vão ter que ajudar. Essa é a grande mensagem", afirma Luís Campos, diretor dos franceses do Lille, que nota que o futebol mundial irá pagar uma "fatura elevadíssima" quando a Covid-19 permitir que a bola volte a rolar.

Em entrevista ao 'Público', Campos entende mesmo que "os mais fracos dificilmente sobreviverão, enquanto os mais fortes, se quiserem manter um nível competitivo minimamente interessante, que lhes permita evoluir, terão que ser solidários e ajudar os menos bem estruturados".

Luís Campos entende neste sentido que de agora em diante seja "natural" que se "acentuem ainda mais as diferenças entre os mais poderosos e os clubes que procuram apenas manter-se à superfície".

Ainda que não tendo segurança nesta fase para dizer, por exemplo, que transferências milionárias de jogadores possam acabar, Luís Campos sustenta que "os mais fortes terão que ser solidários".

É de resto nesta 'tecla' que insiste, aconselhando os emblemas a assumirem "um papel decisivo para evitar que os mais fracos desapareçam, fragilizando as próprias competições".